A cena política brasileira ganhou novos contornos com a divulgação de uma pesquisa que revela um cenário de enfraquecimento para o ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo entre parlamentares que já estiveram ao seu lado em outras batalhas eleitorais. Segundo levantamento Genial/Quaest, publicado nesta quarta-feira, 2 de julho, 51% dos deputados federais entrevistados consideram que Bolsonaro deve desistir de sua intenção de disputar a Presidência da República em 2026.
O ex-presidente, embora inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segue se apresentando como pré-candidato, em um gesto que para muitos representa mais uma bandeira simbólica do que uma perspectiva viável de retorno ao cargo. Ainda assim, a pesquisa demonstra que sua postura já enfrenta resistência até mesmo dentro do espectro conservador e entre antigos aliados de sua base de sustentação.
A pesquisa ouviu 203 deputados aproximadamente 40% da Câmara dos Deputados entre os dias 7 de maio e 30 de junho, com margem de erro de 4,5 pontos percentuais. Além dos 51% que defendem o abandono do projeto presidencial por parte de Bolsonaro, outros 23% consideram que ele deve manter sua candidatura. Os 26% restantes preferiram não emitir opinião.
Um dos dados mais significativos da sondagem diz respeito ao chamado Centrão, grupo de partidos que historicamente atua de forma pragmática e estratégica na formação de maiorias no Congresso. Dentro desse grupo, nada menos que 78% dos parlamentares afirmaram que o ex-presidente deveria desistir de sua intenção de retornar ao Palácio do Planalto. O número surpreende pela contundência e pela origem, já que o Centrão foi peça fundamental no funcionamento político do governo Bolsonaro entre 2019 e 2022.
Mesmo entre os deputados que se autodeclaram de direita, a divisão é evidente. Metade desses parlamentares também se posicionou contra a continuidade da candidatura de Bolsonaro. O resultado expõe uma fadiga interna em torno do nome do ex-presidente, agravada pelas implicações judiciais que pesam sobre ele.
Bolsonaro encontra-se inelegível desde 2023, após julgamento do TSE que o condenou por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, especialmente por ter convocado embaixadores estrangeiros para contestar, sem provas, a integridade do sistema eleitoral brasileiro. Além disso, ele responde no Supremo Tribunal Federal (STF) a um processo criminal por tentativa de golpe de Estado. Caso venha a ser condenado em todas as instâncias, as penas somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão, configurando um dos episódios mais graves da história republicana recente.
Enquanto Bolsonaro insiste em manter a narrativa de sua elegibilidade futura e participa de eventos públicos com forte viés eleitoral, parte expressiva do campo conservador já discute abertamente um “plano B” para 2026. Nesse cenário, o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, tem emergido com força.
Tarcísio, ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, construiu uma imagem de gestor técnico e equilibrado, capaz de dialogar com diferentes segmentos do eleitorado, o que tem agradado tanto aos setores empresariais quanto à classe política mais moderada. Parlamentares ligados ao centro e à direita veem nele uma figura capaz de manter vivo o projeto liberal-conservador com menos desgastes e mais viabilidade eleitoral.
O crescimento de Tarcísio como alternativa já é notado dentro do próprio Palácio do Planalto. A equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva observa atentamente os movimentos do governador paulista e o trata como um adversário potencial. Prova disso é a mudança na postura da base governista, que passou a incluir o nome de Tarcísio em análises e projeções de enfrentamento político no pleito de 2026, caso Bolsonaro permaneça impedido legalmente de disputar.
O quadro revela um novo momento na política nacional: o bolsonarismo, embora ainda presente como força ideológica e social, pode sofrer um redirecionamento institucional nos próximos anos. O apoio político mais pragmático, tradicionalmente preocupado com a viabilidade e a estabilidade, parece cada vez menos disposto a apostar em uma candidatura judicialmente inviável e politicamente desgastada.
Em paralelo, o país assiste à construção de novas lideranças e ao reposicionamento de forças no tabuleiro político, num movimento que deve se intensificar à medida que se aproxima o novo ciclo eleitoral. A pergunta que se impõe, agora, é se o bolsonarismo sobreviverá ao seu criador ou se será absorvido por outras lideranças capazes de encarnar seu discurso com roupagens mais moderadas.
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