Mato Grosso do Sul, 7 de julho de 2025
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Tragédia no verão texano: enchente arrasta acampamento e mata 27 meninas e monitoras no Camp Mystic

Chuvas intensas transformam o feriado de independência dos EUA em luto nacional; buscas seguem por desaparecidos em meio ao rastro de destruição deixado pelo transbordamento do Rio Guadalupe
Imagens - Reuters/Reprodução
Imagens - Reuters/Reprodução

O que era para ser mais uma temporada de férias marcada por brincadeiras, cantos ao redor da fogueira e amizades eternas, transformou-se em um dos episódios mais trágicos da história recente do Texas. Em meio às celebrações do feriado de 4 de julho, a força incontrolável das águas devastou a paz e a rotina do tradicional acampamento de verão Camp Mystic, às margens do Rio Guadalupe, ceifando vidas, destruindo memórias e mergulhando famílias em um luto profundo.

Fundado em 1926, o Camp Mystic era conhecido por ser um dos mais respeitados acampamentos cristãos femininos dos Estados Unidos. Localizado na pitoresca região do Texas Hill Country, no condado de Kerr, o acampamento recebia, nesta temporada, aproximadamente 750 crianças e adolescentes de todo o país, além de dezenas de monitoras. Era uma tradição familiar para muitos, passada de geração em geração.

Na madrugada de sexta-feira, 4 de julho, porém, tudo mudou em questão de horas. Uma série de tempestades intensas, acima do volume previsto, atingiu a região central do Texas, provocando o transbordamento do Rio Guadalupe. Em apenas duas horas, o nível das águas subiu mais de nove metros, surpreendendo moradores, turistas e, sobretudo, as crianças adormecidas nas cabanas do acampamento.

O colapso em Hunt e a devastação do acampamento

As primeiras estruturas a serem atingidas pelas águas foram justamente as mais próximas à margem do rio, onde dormiam as crianças mais novas. Em meio à escuridão, ao barulho ensurdecedor da correnteza e à ausência de instruções, parte das meninas conseguiu fugir para terrenos mais altos, muitas descalças e em estado de pânico. Outras, contudo, não tiveram a mesma sorte.

Segundo relatos de sobreviventes, a água invadiu as cabanas como um “tsunami silencioso”, arrastando tudo em seu caminho. A adolescente Elinor Lester, de 13 anos, contou que acordou com a sensação de estar sendo empurrada pela cama contra a parede e escapou pela janela, subindo um morro próximo onde se refugiou com outras companheiras.

O socorro demorou a chegar devido à magnitude do desastre. As equipes de resgate só conseguiram alcançar o local com helicópteros, utilizando cordas para resgatar meninas ilhadas no topo de árvores ou agarradas a destroços. Até agora, foram confirmadas 27 mortes entre meninas e monitoras, sendo que 11 pessoas, entre elas 10 crianças e uma monitora, permanecem desaparecidas.

Desastre sem precedentes no Texas Hill Country

A tragédia do Camp Mystic insere-se num quadro ainda mais grave que atinge todo o estado. Até a noite desta segunda-feira, 82 mortes foram registradas no Texas em decorrência das enchentes, incluindo 28 crianças. O condado de Kerr, onde está localizado o acampamento, concentra a maior parte das vítimas, com 68 mortes confirmadas.

As autoridades classificaram o evento como uma das piores enchentes da história moderna do estado. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decretou estado de desastre e autorizou o envio imediato de recursos e apoio logístico federal às áreas atingidas.

Mais de 1.700 profissionais estão mobilizados nas operações de busca e resgate, que seguem ininterruptamente há quatro dias. Helicópteros da Guarda Costeira, botes infláveis e drones são empregados para localizar vítimas em áreas de difícil acesso. Até agora, 850 pessoas foram resgatadas com vida.

A geografia da tragédia e a natureza implacável

A região do Texas Hill Country, apesar de sua beleza natural e importância turística, é também conhecida por sua vulnerabilidade a inundações repentinas. O solo rochoso e impermeável impede que grandes volumes de água penetrem, fazendo com que as chuvas escorram violentamente para os rios e córregos.

O Rio Guadalupe, protagonista da tragédia, é um dos principais cursos d’água do estado. Seu transbordamento destruiu pontes, arrastou veículos e varreu bairros inteiros. Cidades como Hunt, Ingram e Kerrville foram severamente impactadas.

O diretor da fundação comunitária local, Austin Dickson, explicou que o padrão climático e geológico da região favorece enchentes súbitas. “É um corredor de enchentes. Quando chove, os rios reagem rápido, e com essa intensidade, tudo se transforma em minutos”, afirmou.

Lembrança amarga e ferida reaberta

A tragédia atual revive a dor de um episódio igualmente chocante ocorrido em 1987, quando dez meninas morreram após o ônibus que as transportava de um acampamento ser arrastado pelas águas do mesmo Rio Guadalupe.

O destino repetiu sua crueldade com outra geração. Pais e mães que deixaram suas filhas no Camp Mystic com a certeza de que estariam seguras enfrentam agora uma busca angustiante por notícias, esperanças e respostas. Voluntários, vizinhos e parentes acompanham as buscas, oferecem abrigo e apoio psicológico às famílias atingidas.

O futuro do acampamento é incerto. As estruturas físicas foram totalmente destruídas, e o impacto emocional da tragédia pode marcar uma mudança definitiva na forma como esses espaços são pensados em regiões de risco. As autoridades locais já discutem medidas para rever protocolos de segurança, monitoramento climático e planos de evacuação para instituições similares.

Enquanto as águas do Rio Guadalupe lentamente retornam ao seu leito, as cicatrizes deixadas no coração do Texas permanecerão abertas por muito tempo.

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