Mato Grosso do Sul, 8 de julho de 2025
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Conflito entre médico e vereadora acirra crise política em Dourados e culmina em pedido de cassação na Câmara

Fiscalização de Isa Marcondes em unidade de saúde gera denúncia por abuso de autoridade, exposição indevida e quebra de decoro parlamentar, segundo médico envolvido
Isa Jane Marcondes, vereadora de Dourados conhecida como "Cavala"
Isa Jane Marcondes, vereadora de Dourados conhecida como "Cavala"

O cenário político da cidade de Dourados, em Mato Grosso do Sul, voltou a ser sacudido por mais um episódio polêmico envolvendo a vereadora Isa Jane Marcondes, do partido Republicanos. Desta vez, a crise teve como palco a Unidade Básica de Saúde do distrito de Indápolis, onde uma fiscalização realizada pela parlamentar culminou em confronto direto com o médico da unidade, Luis Ricardo de Melo Rodrigues Borges, que, sentindo-se ofendido e exposto, resolveu acionar a Justiça e a Câmara Municipal.

Na manhã desta segunda-feira, 7 de julho, o médico protocolou formalmente um pedido de investigação no Legislativo municipal, solicitando a abertura de um processo que pode resultar na cassação do mandato de Isa Marcondes. O documento, composto por diversas páginas, aponta a conduta da vereadora como abusiva, desrespeitosa e motivada por interesses eleitorais. A representação deve ser lida ainda na sessão plenária da noite e poderá seguir para a formação de uma comissão processante, a depender da deliberação dos vereadores.

Segundo consta na denúncia, o estopim do conflito ocorreu durante uma fiscalização surpresa feita pela vereadora na unidade de saúde de Indápolis. Em sua terceira visita ao local, Isa Marcondes registrou e divulgou imagens nas redes sociais afirmando não ter encontrado o médico presente na unidade, insinuando descaso no atendimento à população. A publicação provocou repercussão imediata, mas, para o médico, as imagens foram utilizadas com viés político e não refletiam a realidade dos fatos.

A defesa do profissional de saúde afirma que, no dia da visita gravada por Isa Marcondes, ele se encontrava em visita domiciliar a pacientes acamados, o que faz parte de suas obrigações dentro da Estratégia Saúde da Família. Em outras duas ocasiões em que a parlamentar foi até a unidade e não o encontrou, ele estaria ausente por motivos plenamente justificados, incluindo participação em curso de capacitação previamente autorizado pela gestão da Secretaria Municipal de Saúde.

O pedido de investigação protocolado por Luis Ricardo sustenta que a vereadora incorreu em abuso de autoridade ao invadir áreas restritas da unidade de saúde sem qualquer autorização formal. Além disso, ele a acusa de ter criado uma situação de constrangimento público, ao expor sua imagem indevidamente e lançar acusações sem qualquer embasamento técnico ou legal. A peça jurídica ainda menciona possível quebra de decoro parlamentar e violência simbólica contra servidor público no exercício de suas funções.

O embate entre os dois também foi parar na delegacia. Ambos registraram boletins de ocorrência, dando versões distintas sobre o episódio. Enquanto o médico se queixa de humilhação e assédio institucional, a vereadora argumenta que apenas exerceu sua função legítima de fiscal do povo e que suas ações visam garantir a boa aplicação dos recursos públicos e a eficiência no serviço prestado à população.

O caso, no entanto, ganhou novos contornos quando o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul decidiu entrar judicialmente contra Isa Marcondes. A ação, que tramita na 6ª Vara Cível de Dourados, sustenta que as atitudes da parlamentar têm colocado em risco a imagem e a integridade dos profissionais da saúde no município. O sindicato critica a prática recorrente de filmagens e exposições públicas, afirmando que tais medidas colocam os trabalhadores sob constante ameaça e desrespeito, promovendo instabilidade e medo nas equipes.

A assessoria da vereadora Isa Marcondes se manifestou por meio de nota oficial. No documento, a equipe afirma que o pedido de cassação apresentado pelo médico é uma clara tentativa de intimidação e retaliação. “Estamos confiantes que os vereadores colocarão na balança o contexto dos fatos e o histórico do autor do pedido, para recusar mais essa tentativa de barrar as prerrogativas do Poder Legislativo”, declara o texto, que também sugere haver motivações pessoais por trás da representação.

O Regimento Interno da Câmara Municipal determina que, após a leitura da denúncia em plenário, os parlamentares deverão deliberar sobre o encaminhamento do pedido. Caso haja maioria simples a favor da admissibilidade, será criada uma comissão processante com prazo determinado para conduzir a investigação e ouvir os envolvidos. Ao fim do processo, o relatório da comissão poderá recomendar a absolvição ou a cassação da vereadora. Se o pedido não obtiver votos suficientes para seguir adiante, será arquivado imediatamente.

Enquanto o caso aguarda desdobramentos na esfera política e judicial, a tensão entre os poderes Legislativo e as categorias da saúde em Dourados se intensifica. O episódio reacende o debate sobre os limites da atuação parlamentar em ambientes técnicos e os efeitos colaterais do uso das redes sociais na fiscalização pública. O que começou como uma aparente diligência rotineira evoluiu para uma das mais ruidosas batalhas políticas recentes no município, com potencial de desdobramentos significativos nas eleições que se aproximam.

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