Mato Grosso do Sul, 8 de julho de 2025
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Mercado reage com cautela e dólar dispara após anúncio de novas tarifas comerciais dos Estados Unidos

Declarações de Donald Trump sobre tarifas e ameaças ao Brics provocam alta na moeda norte-americana e pressionam mercados emergentes em semana marcada por incertezas globais
O dólar é considerada a moeda "mais forte" da economia mundial
- Imagem - stock.adobe.com
O dólar é considerada a moeda "mais forte" da economia mundial - Imagem - stock.adobe.com

O início da semana foi marcado por forte volatilidade nos mercados financeiros internacionais, refletida de maneira direta no comportamento do dólar no Brasil. A moeda norte-americana encerrou a segunda-feira, 7 de julho, com valorização de 1,04%, cotada a R$ 5,4809 no mercado à vista, influenciada por novas tensões comerciais deflagradas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração de que tarifas adicionais serão impostas a países que se alinhem às chamadas “políticas antiamericanas” do Brics acendeu o sinal de alerta entre investidores e provocou movimentações generalizadas de aversão ao risco.

Em uma nova escalada da estratégia protecionista de Washington, Trump anunciou que os Estados Unidos passarão a aplicar tarifas de 25% sobre produtos importados do Japão e da Coreia do Sul a partir de 1º de agosto. O anúncio ocorre em meio ao prazo-limite de 9 de julho imposto pelo governo norte-americano para que países parceiros fechem novos acordos comerciais com os EUA, evitando a entrada em vigor das sobretaxas. Paralelamente, o presidente americano intensificou o tom contra o Brics, deixando claro que qualquer país que demonstrar alinhamento com o bloco poderá ser alvo de tarifas adicionais de 10%, medida que atinge diretamente o Brasil, atual anfitrião da cúpula do grupo.

O impacto imediato das declarações foi sentido em todo o mercado cambial, com investidores adotando posturas defensivas diante da incerteza geopolítica e comercial. O dólar avançou frente a quase todas as moedas de países emergentes e exportadores de commodities, incluindo o peso mexicano e o rand sul-africano, que apresentaram perdas ainda mais intensas do que o real. No mercado futuro da B3, o dólar com vencimento em agosto operava em alta semelhante, cotado a R$ 5,5110 no fechamento das negociações.

A avaliação predominante entre analistas de mercado é de que o discurso beligerante da Casa Branca está redesenhando o mapa das relações comerciais globais. Segundo o assessor de investimentos Eurico Ribeiro, da B&T XP, o adiamento da implementação das tarifas para 1º de agosto, anteriormente previstas para o dia 9 de julho, não foi suficiente para aliviar a tensão. “Apesar do adiamento, a sinalização é clara: os Estados Unidos pretendem adotar uma política comercial cada vez mais dura e seletiva. Isso afeta diretamente o apetite por risco e a disposição dos investidores estrangeiros em manter posições em países em desenvolvimento”, afirmou.

A expectativa gira em torno da resposta dos mais de 100 países que ainda não firmaram novos pactos comerciais com os EUA, num cenário em que o protecionismo cresce e o multilateralismo perde espaço. A postura norte-americana, especialmente em relação ao Brics, pode abrir uma nova frente de conflito econômico com impacto direto sobre os fluxos de capitais globais e a estabilidade cambial das nações envolvidas.

No Brasil, o avanço do dólar ocorre em paralelo a um momento de relativa desaceleração da inflação, mas com sinais de preocupação no horizonte. A projeção do IPCA, medida oficial da inflação, foi novamente revisada para baixo na pesquisa Focus do Banco Central, com expectativa de alta de 5,18% ao final de 2025, frente aos 5,20% estimados na semana anterior. Mesmo assim, o índice segue acima do centro da meta e deve obrigar o Banco Central a enviar uma nova carta ao Ministério da Fazenda, explicando os motivos do descumprimento do intervalo de tolerância previsto pelo regime de metas contínuas, em vigor desde janeiro.

Além disso, há forte atenção sobre o debate em torno do aumento das alíquotas do IOF, cuja tramitação segue travada por disputas entre o Executivo e o Congresso Nacional. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que agora deverá arbitrar sobre a legalidade e os limites de atuação do governo na tentativa de elevar a arrecadação por meio de alterações no imposto que incide sobre operações financeiras. A indefinição contribui para o ambiente de incerteza, afetando as decisões de investimento e pressionando ainda mais o mercado cambial.

Com poucos indicadores econômicos relevantes previstos para os próximos dias, os desdobramentos do impasse comercial entre os Estados Unidos e seus parceiros devem continuar dominando a atenção dos mercados. O comportamento do dólar, nesse contexto, torna-se um termômetro direto da confiança dos investidores e da percepção de risco em relação ao Brasil e ao cenário internacional como um todo.

A alta da moeda americana evidencia como os movimentos geopolíticos continuam exercendo influência determinante sobre os mercados, especialmente em tempos de fragilidade econômica e incerteza institucional. Com a aproximação das eleições norte-americanas e a intensificação das tensões diplomáticas, o dólar tende a manter seu papel de ativo de proteção, com reflexos diretos sobre o câmbio e a inflação nos países em desenvolvimento.

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