Na noite desta segunda-feira, 7 de julho, a cidade de Nova Andradina, no interior de Mato Grosso do Sul, foi tomada por um clima de dor, consternação e silêncio perplexo após o encontro do corpo de uma criança em uma valeta, localizada nas proximidades do Frigorífico Naturafrig, na Rua André Loyer. O cenário sombrio marcou o desfecho trágico de uma busca angustiada que mobilizou familiares, vizinhos, voluntários e autoridades ao longo de todo o dia.
A identidade da vítima ainda não havia sido oficialmente confirmada pelas autoridades até o fechamento desta reportagem. No entanto, os indícios encontrados no local, incluindo peças de roupas compatíveis com as descritas pela família, apontam para a possibilidade de ser o menino Hélio Fuliotto Neto, de 11 anos, que estava desaparecido desde as primeiras horas da manhã desta segunda-feira.
Hélio, que residia com a família na Rua Elzio Gonçalves Dias, no Bairro São Vicente, foi visto pela última vez pouco depois das 6h. A ausência do garoto foi percebida pela família ao acordar, momento em que começaram uma procura desesperada. Imagens captadas por câmeras de segurança da vizinhança mostraram que a criança havia saído de casa sozinha, descalça, vestindo uma blusa vermelha e um short xadrez. O menino era diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e apresentava dificuldades severas na fala, condição que aumenta a vulnerabilidade em situações de desorientação ou isolamento.
Com a notícia do desaparecimento se espalhando pelas redes sociais e aplicativos de mensagem, a comunidade de Nova Andradina rapidamente se mobilizou. Voluntários saíram às ruas, formaram grupos de busca e vasculharam a cidade em busca de qualquer pista que levasse ao paradeiro do garoto. Durante a tarde, surgiram os primeiros sinais preocupantes: roupas infantis foram encontradas nas imediações da valeta que margeia uma área de vegetação próxima ao frigorífico. Pouco tempo depois, o corpo de uma criança foi localizado no interior da vala.
Equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Científica foram acionadas para isolar a área e iniciar os trabalhos de perícia. Técnicos passaram a coletar evidências no local, enquanto a Polícia Civil abriu inquérito para investigar as circunstâncias da morte. A confirmação oficial da identidade da vítima, bem como a causa do óbito, depende agora dos exames realizados pela perícia técnica.
A notícia abalou profundamente a cidade de Nova Andradina. A comoção tomou conta dos moradores que, durante todo o dia, acompanharam as buscas na esperança de um desfecho diferente. Amigos da família, colegas de escola e vizinhos lamentaram publicamente a tragédia, oferecendo apoio e solidariedade aos pais e familiares de Hélio, que vivenciam uma dor impossível de dimensionar.
Autoridades locais, por meio da Secretaria de Assistência Social, anunciaram que prestarão apoio psicológico à família e reforçaram a importância da empatia e do cuidado com crianças em situação de vulnerabilidade. A Delegacia Regional da Polícia Civil informou que todas as possibilidades serão analisadas, e que nenhuma hipótese está descartada neste momento da investigação.
O caso também acende um alerta sobre a urgência de políticas públicas voltadas à proteção de crianças neuroatípicas. Especialistas ouvidos pela reportagem apontam a necessidade de maior integração entre instituições escolares, serviços de saúde, segurança pública e a comunidade em geral, para garantir a proteção e a resposta adequada a casos de desaparecimento, sobretudo em situações que envolvam pessoas com deficiência.
Enquanto os peritos trabalham na identificação formal e nas causas da morte, a cidade de Nova Andradina silencia diante da brutalidade da perda de uma criança. A imagem de Hélio, tímido, com dificuldades de fala, mas com brilho nos olhos, ficará marcada na memória de todos que participaram das buscas e que hoje lamentam a despedida precoce de uma vida que, tragicamente, se apagou.
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