Mato Grosso do Sul, 10 de maio de 2025
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Jovem que matou a mãe por herança e esteve foragido por três anos deve ir a júri popular

Bruno Eustáquio Vieira, de 27 anos, cometeu o crime na casa da família, em Guarujá (SP). Vídeo de câmera interna do imóvel mostra o suspeito em luta corporal com a mãe; imagens foram encontradas no forno.

Bruno Eustáquio Vieira, de 27 anos, acusado de matar a própria mãe, Márcia Lanzane, deve ir a júri popular, de acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). De acordo com o Ministério Público, o jovem cometeu o crime na casa em que morava com a mãe em Guarujá (SP) por interesse na herança. Ele segue preso preventivamente após passar três anos foragido.

Márcia foi morta em 21 de dezembro de 2020. Na época do homicídio, a polícia encontrou imagens de monitoramento do imóvel dentro do forno (veja acima). A gravação mostrava a mãe e o filho em uma luta corporal. Eles chegaram a cair no chão, e o jovem ficou em cima dela, apertando o pescoço e desferindo socos.

Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo, a defesa de Bruno informou que o cliente não nega os fatos, nem a briga com a mãe. Segundo o advogado Anderson Real, o jovem negou que a morte tenha ocorrido naquele instante. Ele foi preso em 8 de julho, em Belo Horizonte (BH).

“Houve agressões mútuas. Ele acabou, de uma forma ou de outra, agredindo a própria mãe, mas diz que realmente a mãe não faleceu naquele instante, que ele só veio a desvendar isso no dia seguinte, na manhã seguinte, quando ele foi acordá-la e percebeu que estava morta”, disse o advogado

De acordo com Anderson, a briga começou porque Bruno pretendia sair de casa para morar com uma namorada. “Seguir a própria vida. Tinha acabado de se formar em Direito, tinha passado em um vestibular para Medicina e pretendi ali, com 25 anos, seguir a vida”.

Anderson afirmou que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) constatou uma fratura no osso hioide que, de acordo com ele, é frágil na garganta. “Qualquer aperto, qualquer força realmente causa a sua fratura, mas isso não quer dizer que ela morreu em decorrência da esganadura”.

Anderson disse que a defesa técnica questiona e tenta comprovar a causa da morte. “Porque se ela veio a falecer por outros motivos, a responsabilidade do Bruno é diminuída em relação ao homicídio”. Ele pede que o acusado não seja julgado por feminicídio.

“Nesse caso, especificamente, a vítima não foi morta por ser mulher. Na verdade, houve ali uma discussão, houve uma briga e, por isso, no entender da defesa, o feminicídio não está caracterizado porque não foi o motivo real do falecimento da vítima”, disse.

O advogado de acusação, Caio Fernando, disse que após a morte de Márcia, as irmãs dela buscaram incessantemente por justiça.

“Mesmo sem muitos meios, sem muitos recursos, elas nunca deixaram de acompanhar o caso do jeito que puderam, ir na delegacia, de ficar em cima no Fórum para ver qualquer ato que seja”.

Tia comemorou a prisão

“O presente que você me deu no dia do meu aniversário, estou te devolvendo hoje como presente adiantado”, publicou nas redes sociais uma das irmãs de Márcia, que foi morta no dia do aniversário de Mariusa, que fez a publicação nas redes sociais.

“Sua hora chegou desgraçado. Falei que íamos te pegar. […] Pessoal, conseguimos prender o Bruno em Belo Horizonte. Valeu cada km rodado. Justiça por Márcia Lanzane”, disse Mariusa nas redes sociais.

“Ela quis dizer que agora ela conseguiu dar o troco, vindo atrás dele [para prendê-lo]. Se não fosse nós, ele ia continuar vivendo [solto]”, disse ela.

Minervina e a irmã Mariusa saíram de Guarujá, em 7 de julho, com destino a Belo Horizonte (BH) após imagens publicadas no Tik Tok da namorada dele indicarem que eles estavam na capital mineira. Elas não tiveram dúvida e fizeram a viagem ‘com a cara e coragem’.

As irmãs viram os estabelecimentos que seguiam a página da namorada no Tik Tok e foram aos comércios. Nesses locais, apresentavam a foto de Bruno e perguntavam sobre ele, que era conhecido pelas pessoas como Felipe.

Após muita pesquisa e conversa com comerciantes, descobriram o local em que o sobrinho estava morando com a namorada. Com uma cópia do mandado de prisão dele, Minervina e Mariusa acionaram a polícia para prendê-lo.

“Eles (policiais) falaram para a gente que iram ficar de campana. A gente ficou na rua debaixo e eles na de cima. A gente viu [o Bruno] e começou a buzinar para os policiais, que o abordaram”, afirmou.

De acordo com Minervina, quando Bruno viu as viu descendo do carro tentou resistir à prisão e fugir, mas foi detido pelos policiais. “Uma pessoa que estava foragida, procurada, mas ninguém estava nem aí. A gente estava cansada de procurar e não ter uma luz. Graças a Deus a gente conseguiu”.

As irmãs da vítima esperam que a Justiça seja feita e que ele tenha a pena máxima de condenação. “A gente fez o que achou que era certo. Ele tem que ficar na cadeia porque trazer ela de volta a gente não consegue, infelizmente. Valeu a pena e nós faríamos tudo de novo”.

Relembre o caso

Na manhã seguinte do crime, o jovem ainda saiu de casa e retornou (veja vídeo acima), momento em que acionou a polícia dizendo ter encontrado a mãe morta. O caso foi investigado pela Delegacia Sede de Guarujá. O inquérito policial com o indiciamento foi concluído em 31 de maio de 2021 e encaminhado à Justiça. A prisão temporária de Bruno foi determinada pouco depois.

Uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) diz que Bruno deve ser levado ao tribunal do júri e não poderá aguardar o julgamento em liberdade.

“Trata-se de crime extremamente grave e o réu não demonstra que pretende cooperar para a aplicação da lei penal. Logo, fica mantida a decisão que decretou a prisão preventiva do acusado”, afirmou a juíza Denise Gomes Bezerra Mota, da 1ª Vara Criminal de Guarujá.

À época, em documento enviado ao TJ-SP e obtido pelo g1, o advogado Anderson Real Soares, responsável pela defesa de Bruno, alegou que o laudo necroscópico apresenta contradições e informações incompletas. Ele acrescentou que não há comprovação de que a motivação seria a herança.

Para o advogado, houve cerceamento de defesa, ou seja, quando as provas constatadas no processo não são suficientes para o julgamento.

“Provas produzidas unilateralmente pelos órgãos da acusação penal não servem para o processo penal e não podem basear condenações, muito menos suposições e teorias colocadas pela acusação”, afirmou Anderson.

O TJ-SP, no entanto, discordou da alegação da defesa e manteve a decisão de primeiro grau de que Bruno deve ser levado ao júri.

A defesa ainda pediu que o acusado não seja julgado por feminicídio. De acordo com ele, não há elementos de que a motivação estava relacionada a vítima ser uma mulher ou provas de um histórico de violência doméstica.

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