Campo Grande amanheceu estarrecida no final de maio com a notícia de um crime que desafiou os limites da crueldade. João Augusto Borges, de 22 anos, foi denunciado e agora responde como réu perante a Justiça sul-mato-grossense, acusado de assassinar e carbonizar sua companheira, Vanessa Eugênio de Madeiros, de 24 anos, e a filha do casal, a pequena Sophie Eugênio Borges, com apenas 10 meses de vida. O duplo homicídio, ocorrido na noite de 25 de maio, abalou a sociedade local e reacendeu debates sobre violência doméstica, feminicídio e a escalada do desamparo familiar.
A denúncia apresentada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul foi aceita pela 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. O juiz Aluízio Pereira dos Santos marcou para o dia 12 de agosto a audiência de instrução e julgamento, quando serão ouvidas testemunhas de acusação e defesa, além do próprio réu. A brutalidade do crime e o contexto em que foi cometido têm gerado grande comoção social e atenção por parte das instituições.
João Augusto, em seu primeiro depoimento à polícia, confessou o assassinato e alegou que o motivo para o crime foi a iminente separação do casal. Segundo ele, Vanessa desejava terminar o relacionamento, o que o levaria, em tese, ao pagamento de pensão alimentícia. Essa obrigação, somada à insatisfação com a vida familiar e o cuidado diário com a criança, teria servido como motivação para os assassinatos. Segundo o próprio autor, ele já planejava o ato há dias e chegou a comentar sua intenção com um conhecido antes de executá-la.
Na noite do crime, mãe e filha estavam em casa, no bairro Tijuca, quando foram atacadas. De acordo com a investigação, ambas foram mortas por meio de estrangulamento, na chamada técnica do “mata-leão”. Depois de consumado o duplo homicídio, João enrolou os corpos em um cobertor e os levou até uma área isolada na região do Indubrasil. Lá, ateou fogo nas vítimas numa tentativa de ocultar provas e dificultar a identificação.
O plano continuou no dia seguinte. João se dirigiu a uma delegacia e registrou o desaparecimento de Vanessa e Sophie, tentando criar um álibi e ludibriar os investigadores. No entanto, a versão do suposto desaparecimento foi rapidamente desmentida. A polícia notou contradições no depoimento e, com a ajuda de testemunhas e câmeras de segurança, conseguiu reconstituir os passos do acusado. João acabou preso em flagrante e confessou os assassinatos em seguida.
O caso gerou comoção pública não apenas pela violência em si, mas também pelo cenário de negligência emocional e ausência de empatia demonstrado por João Augusto. Amigos próximos e familiares de Vanessa relatam que o relacionamento já mostrava sinais de desgaste, mas ninguém imaginava que pudesse terminar de forma tão trágica. A jovem, descrita como dedicada e amorosa com a filha, teria manifestado o desejo de se afastar do companheiro por não se sentir segura.
O Ministério Público sustenta que João praticou os crimes com premeditação e motivo torpe, além de ter utilizado meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas. Tais qualificadoras agravam a pena e reforçam o entendimento de que se trata de feminicídio e infanticídio, crimes que, somados, podem levar o réu a cumprir pena superior a 50 anos de reclusão.
O julgamento marcado para agosto será decisivo. A expectativa é que a audiência traga novos elementos à investigação e permita à Justiça formar um juízo completo sobre os fatos. A sociedade, por sua vez, segue acompanhando o caso com indignação e clama por justiça.
Enquanto familiares de Vanessa e da pequena Sophie tentam recomeçar em meio à dor e à ausência irreparável, o episódio ecoa como um alerta sobre os riscos da banalização da violência doméstica e da negligência institucional com sinais de abuso. É mais um triste capítulo de um problema estrutural que ceifa vidas e destrói futuros.
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