Mato Grosso do Sul, 9 de maio de 2025
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Advogado é preso por desacato durante julgamento no STF sobre denúncia contra Bolsonaro

Sebastião Coelho, advogado de Filipe Martins, é preso após tumulto e agressões verbais no tribunal
Sebastião Coelho, advogado de Felipe Martins, foi detido por "flagrante delito por desacato e ofensas ao tribunal" -Imagem - Wilton Junior
Sebastião Coelho, advogado de Felipe Martins, foi detido por "flagrante delito por desacato e ofensas ao tribunal" -Imagem - Wilton Junior

Nesta terça-feira (25), um tumulto inesperado tomou conta da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento que investiga Jair Bolsonaro e outros sete suspeitos de tentativa de golpe de Estado. O responsável pela confusão foi Sebastião Coelho, advogado de Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente, que acabou sendo detido por desacato.

O desembargador aposentado, conhecido pela postura combativa, causou um princípio de tumulto ao interromper a leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes. Durante a leitura, quando Moraes começava a listar os denunciados e a mencionar o agendamento das próximas sessões de julgamento, gritos vindos de fora do plenário começaram a ser ouvidos, interrompendo o andamento da sessão. Sebastião Coelho foi identificado como o responsável pelos gritos, que continham palavras de ordem como “arbitrário” e “isso é um absurdo!”.

A situação se intensificou quando Coelho, visivelmente alterado, tentou continuar seu protesto verbalmente, desafiando a autoridade do tribunal. Antes de ser retirado do local, ele gritou que o processo era “uma farsa” e afirmou, em alto e bom som, que o julgamento estava sendo conduzido de forma “totalmente injusta” contra os acusados. Durante sua detenção, o advogado não se acalmou, continuando a disparar ofensas contra o tribunal e os ministros presentes, dizendo em tom de desafio: “Vocês não vão calar a minha voz! Isto é um processo politicamente motivado!”

A situação gerou um grande alvoroço no plenário. Policiais judiciais rapidamente intervieram, retirando Coelho do local e conduzindo-o para a detenção dentro do próprio Supremo, onde foi registrado o boletim de ocorrência por desacato e ofensas ao tribunal. O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, que não participou diretamente do julgamento, determinou que o advogado fosse processado e que o incidente fosse formalmente documentado.

A prisão de Coelho, entretanto, não foi sem resistência. Ao ser conduzido para fora do plenário, ele continuou a reclamar de maneira exaltada, afirmando que o STF estava sendo usado como um “instrumento de repressão política”. Segundo testemunhas, ele repetiu várias vezes que estava sendo “vítima de um cerceamento da liberdade de expressão”. “A democracia está sendo rasgada! Isso é um abuso de autoridade!”, exclamou o advogado, enquanto era retirado pelos policiais.

Após o incidente, o julgamento continuou, mas o clima no STF ficou tenso. O ministro Alexandre de Moraes, relator das denúncias, não se deixou abalar pela interrupção e concluiu a leitura do relatório, seguindo com a pauta prevista para a sessão. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, seguiu com suas alegações, e a sessão foi retomada sem mais contratempos.

Sebastião Coelho, que em outros momentos já havia protagonizado polêmicas no STF, agora é lembrado pela atitude desafiadora e pela postura de confronto, especialmente em julgamentos tão delicados. A detenção dele acrescenta mais um capítulo à história de tensão entre as figuras jurídicas que acompanham os desdobramentos dos atos golpistas de 8 de janeiro, assim como as figuras políticas que, como Coelho, se opõem ao processo judicial em andamento.

Natural de Santana de Ipanema (AL), Sebastião Coelho tem 69 anos e é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Ele deixou de exercer a magistratura em 2022, mas continua atuando como advogado. Recentemente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu uma apuração sobre ele, suspeitando de sua participação em incitações aos atos golpistas enquanto ainda era desembargador. A confusão desta terça-feira é apenas mais um episódio da sua trajetória controversa.

O julgamento, que trata de um dos maiores momentos de crise política no Brasil, seguiu sem mais incidentes após a remoção de Coelho. Contudo, o episódio levanta questionamentos sobre o ambiente de confronto que tem caracterizado os processos envolvendo figuras do governo Bolsonaro. A situação também evidenciou a polarização que atinge as esferas jurídicas do país, enquanto o STF segue com sua missão de decidir sobre um dos maiores casos de instabilidade política recente.

O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, ordenou o registro da ocorrência, mas afirmou que a detenção de Coelho não interferiria no andamento do julgamento. O advogado será liberado após o processo formal do boletim de ocorrência ser concluído.

Com o nome de Sebastião Coelho associado a esse novo episódio de tumulto, o país segue observando as movimentações jurídicas que envolvem a tentativa de golpe em 8 de janeiro e os processos envolvendo antigos aliados de Bolsonaro. O caso traz à tona não só a relação entre figuras políticas e o Judiciário, mas também os desafios de conduzir investigações em tempos de grande divisão social e política.

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