Mato Grosso do Sul, 28 de abril de 2025
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Agrishow 2025 mistura política e agro em clima de disputa por espaço e atenção

Caiado, Zema e Alckmin dividem palanque em evento marcado por críticas ao governo e defesa do setor agropecuário
Abertura da Agrishow teve a presença de políticos e lideranças do agro — Foto: Divulgação
Abertura da Agrishow teve a presença de políticos e lideranças do agro — Foto: Divulgação

A cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, virou neste domingo o centro das atenções do agronegócio brasileiro com a abertura da 30ª edição da Agrishow. Só que o que era para ser uma celebração da tecnologia e da inovação no campo acabou virando também um grande palanque político. De um lado, governadores como Ronaldo Caiado, de Goiás, e Romeu Zema, de Minas Gerais, aproveitaram o espaço para criticar o governo federal e reforçar bandeiras da direita. Do outro, o vice-presidente Geraldo Alckmin, representando Brasília, buscou defender a atuação do Palácio do Planalto e pedir diálogo em tempos de tensão.

Ronaldo Caiado, já conhecido por seu jeito direto, não economizou palavras. Disse que em Goiás “bandido não se cria” e que “não tem abril vermelho, é verde e amarelo o ano todo”, numa referência clara às ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Caiado defendeu mais apoio à pesquisa, inovação e formação de talentos para o agro, mas também mandou um recado firme para quem defende programas sociais que, segundo ele, “tutelam a juventude”. Para o governador goiano, o futuro do Brasil está no agronegócio e não em políticas populistas.

Romeu Zema, por sua vez, puxou o lado mineiro da conversa. Disse que suas raízes são de Ribeirão Preto, mas que é um “mineiro bem adaptado em solo paulista”. Reforçou que o agronegócio ultrapassou a mineração em exportações em Minas Gerais e exaltou o trabalho feito para garantir segurança no campo e valorizar os produtos mineiros. Zema também criticou movimentos de invasão de terras, afirmando que seu governo apoia “quem trabalha, e não quem invade”.

Os dois governadores fizeram questão de se posicionar como nomes fortes para 2026 e defenderam a união da direita em torno de um projeto político para as próximas eleições. Segundo Caiado, além dele e de Zema, outros nomes como Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ratinho Junior, do Paraná, fazem parte dessa articulação que já começou nos bastidores.

Enquanto isso, no mesmo palco, o vice-presidente Geraldo Alckmin manteve um tom mais moderado. Defendeu que o crescimento do agro é fundamental para o crescimento da indústria e vice-versa. Disse que o novo programa Nova Indústria Brasil tem o agro como um dos focos principais e prometeu que o governo federal está atento à necessidade de um Plano Safra robusto para o ciclo 2025/26.

Alckmin preferiu evitar polêmicas diretas com Caiado e Zema, mas não deixou de mandar seu recado. Falou sobre a importância do Brasil manter diálogo aberto com os Estados Unidos e buscar novos mercados internacionais. Citou a guerra comercial global e disse que o país pode se beneficiar com acordos como o Mercosul-União Europeia, desde que haja bom senso e olho no olho.

Um momento curioso foi quando o áudio falhou durante o discurso de Alckmin. De improviso, ele soltou: “Aparelho de som é igual gerente de banco. Quando a gente mais precisa, ele falha.” E logo emendou que o Banco do Brasil e o BNDES eram exceções, arrancando risadas do público.

A Agrishow 2025 também marca os 30 anos da feira. Para celebrar a trajetória, João Carlos Marchesan, presidente do evento, fez questão de lembrar como o caminho até aqui foi cheio de desafios. Contou que na segunda edição, por pouco a feira não acabou, mas que a persistência de empresas como Jacto, Marchesan, Baldan e Jumil manteve o sonho vivo.

Neste ano, a expectativa é movimentar mais de R$ 13,2 bilhões em negócios e receber cerca de 195 mil visitantes durante os cinco dias de evento. Além do impacto direto para o agro, a Agrishow deve injetar R$ 500 milhões na economia da região, fortalecendo o turismo e o comércio local.

Entre as principais demandas do setor apresentadas na abertura estão mais crédito rural, incentivos para irrigação, melhorias na armazenagem e reforço de linhas importantes como o Moderfrota, o Pronaf e o Pronamp. O setor sabe que, sem investimento, fica difícil manter a posição de liderança mundial que o Brasil conquistou na produção de alimentos.

Com discursos inflamados, recados políticos e demandas claras, a abertura da Agrishow 2025 deixou claro que o agro continua sendo muito mais que um setor da economia: é também terreno fértil para disputas eleitorais que já começaram a se desenhar para 2026.

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