O cenário das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos voltou a ganhar contornos delicados nesta quarta-feira, 9 de julho, quando o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), manifestou-se com veemência sobre a imposição, por parte do governo americano, de tarifas de 50% às exportações brasileiras. Em entrevista concedida durante agenda na indústria automotiva, minutos antes do anúncio oficial, Alckmin classificou a medida como infundada e prejudicial tanto ao Brasil quanto aos Estados Unidos, ressaltando a necessidade de uma resposta articulada do Palácio do Planalto.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços afirmou que a decisão norte-americana carece de fundamentos econômicos sólidos e representa uma barreira injusta às trocas comerciais que fortalecem ambas as nações. “Eu não vejo nenhuma razão para aumento de tarifa em relação ao Brasil. O Brasil não é problema para os Estados Unidos, é importante sempre reiterar isso. Os EUA têm realmente um déficit de balança comercial, mas com o Brasil têm um superávit, então o Brasil não é problema”, destacou Alckmin.
Ao detalhar o contexto, o vice-presidente ressaltou que, entre os dez principais produtos que os Estados Unidos exportam para o Brasil, oito são isentos de tarifas, enquanto a nova medida impõe obstáculos às exportações brasileiras, prejudicando a dinâmica comercial bilateral. Ele ainda explicou como a política tarifária pode afetar diretamente a indústria norte-americana, especialmente em setores que dependem da matéria-prima brasileira.
“Vamos pegar o caso do aço. Nós somos o terceiro comprador do carvão siderúrgico americano. Fazemos aqui o semi elaborado e vendemos para os EUA que fazem o elaborado, o carro, a máquina, o equipamento. Então, com isso vai acabar encarecendo a própria economia americana”, exemplificou, enfatizando o impacto que a decisão pode causar sobre a cadeia produtiva americana.
O vice-presidente aproveitou para lembrar os 200 anos de relações diplomáticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos, destacando o vasto campo de cooperação e as oportunidades de benefícios mútuos que têm sido cultivados ao longo dos séculos. “Há um universo de possibilidades de ganha-ganha”, afirmou, defendendo o diálogo e o entendimento como caminhos para superar as divergências.
Além dos aspectos econômicos, Alckmin fez críticas diretas ao ex-presidente americano Donald Trump, apontando sua postura recente como “mal informada”, especialmente no que tange às declarações envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Isso é uma coisa totalmente equivocada, acho que ele está ‘mal informado’. É um assunto interno do poder judiciário, não tem sentido uma interferência dessa, não é adequada… Talvez, até por desconhecimento”, declarou, reforçando a soberania brasileira e a importância do respeito às instituições nacionais.
Em meio à crise, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços anunciou que o Palácio do Planalto realizará uma reunião para analisar as consequências da decisão americana e traçar estratégias para mitigar os impactos e defender os interesses do país. A expectativa é que o encontro reúna autoridades governamentais e representantes do setor produtivo para a construção de uma resposta articulada e efetiva.
A imposição das tarifas acontece em um momento delicado do comércio internacional, com tensões crescentes entre as principais economias mundiais. O episódio reaviva debates sobre protecionismo, equilíbrio comercial e o papel do Brasil como parceiro estratégico em cadeias globais de valor.
O governo brasileiro, por meio de suas lideranças, mantém a disposição para o diálogo construtivo, buscando preservar a estabilidade e o crescimento das relações bilaterais. A posição clara de Alckmin é indicativa de um esforço coordenado para defender a inserção do Brasil no mercado internacional, a competitividade da indústria nacional e a geração de empregos.
Neste contexto, o acompanhamento das próximas decisões do governo dos Estados Unidos e as respostas do Brasil serão determinantes para o futuro das trocas comerciais entre as duas maiores economias do continente americano.
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