Se você sentiu o peso no bolso ao fazer compras, saiba que não foi só impressão. O ano de 2024 fechou com um aumento expressivo nos preços ao produtor, registrando uma alta de 9,42%, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (4). O principal vilão? Os alimentos, com destaque para as carnes e o café, que dispararam de preço e puxaram o índice para cima.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu 1,48% em dezembro, acelerando em relação a novembro (1,25%). Para efeito de comparação, em 2023, o IPP havia acumulado uma queda de 4,99%. A principal explicação para essa reviravolta foi a valorização do dólar, que impactou diretamente vários setores da indústria, desde alimentos até metalurgia e químicos.
Dólar nas alturas, preços também
O real perdeu força frente ao dólar ao longo de 2024, e isso teve reflexo direto na indústria. A moeda norte-americana avançou 27,36% no ano, sendo o maior salto desde 2020. O impacto foi sentido principalmente no setor alimentício, que viu os preços subirem 14,08% no acumulado do ano – o maior aumento desde 2021.
“O aumento nos preços das carnes, especialmente bovinas e de aves, teve grande influência no resultado, impulsionado pela demanda aquecida, exportações em alta e a valorização do dólar”, explicou Murilo Alvim, analista do IBGE. Apenas em dezembro, os produtos de carne subiram 2,84%.
Café: o ouro negro de 2024
Outro protagonista dessa escalada inflacionária foi o café, que teve uma alta impressionante de 69,28% no ano. A redução da oferta global foi um dos principais fatores para esse aumento, tornando o cafezinho diário um luxo para muitos brasileiros.
E o consumidor?
Se o preço sobe para o produtor, naturalmente chega com mais força ao consumidor final. Prova disso é que a inflação ao consumidor já começou a sentir os efeitos, com o IPCA-15 de janeiro registrando alta de 0,11%. E a tendência, segundo especialistas, é de que o repasse continue ao longo dos próximos meses.
O que diz o ministro Haddad?
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou otimismo quanto à estabilização dos preços dos alimentos em 2025. Ele destacou que a recente queda do dólar e a expectativa de uma safra agrícola robusta contribuirão para conter a inflação nesse setor.
Haddad afirmou que a desvalorização de 6% do dólar neste ano já é um fator positivo e que uma safra forte, conforme relatos do setor agropecuário, também ajudará nesse processo. No entanto, ele ressaltou que, embora haja uma tendência de acomodação dos preços, eles ainda podem permanecer em patamares elevados até que a produção agrícola consiga corrigir as distorções atuais.
O ministro enfatizou a importância de aguardar os efeitos reais da safra antes de implementar medidas adicionais para controle de preços. Enquanto isso, consumidores devem se preparar para um início de ano ainda com custos elevados nos alimentos.
Setores mais afetados
Entre as grandes categorias econômicas, os bens de consumo tiveram a maior alta no ano, subindo 11,24%. Já os bens de capital aumentaram 7,52%, enquanto os bens intermediários avançaram 8,49%.
O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, ou seja, antes de impostos e frete, em 24 setores da indústria. Com os dados de 2024, fica claro que o impacto da alta do dólar e do mercado internacional não perdoou o bolso do brasileiro.
E agora?
Com um cenário econômico ainda instável, a expectativa é de que os preços continuem pressionados no início de 2025. A esperança dos consumidores é que haja um alívio nos custos ao longo do ano, mas, por enquanto, o conselho é pesquisar bastante antes de fazer as compras e buscar alternativas mais em conta.
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