O silêncio do Pantanal foi rompido por um episódio triste e chocante que deixou toda a região em alerta. Após o ataque fatal de uma onça-pintada ao caseiro Jorge Ávalo, conhecido como Jorginho, de 60 anos, o Governo de Mato Grosso do Sul decidiu agir. Começou nesta segunda-feira, 28, a instalação de câmeras trap para monitorar a presença de animais silvestres, principalmente nas áreas mais próximas de moradias e pontos turísticos da região.
A medida está sendo colocada em prática pela Polícia Militar Ambiental em parceria com o Instituto Homem Pantaneiro (IHP). O foco principal é a região de Touro Morto, local onde Jorginho trabalhava havia cerca de 20 anos em um pesqueiro e onde foi atacado. As câmeras irão registrar imagens 24 horas por dia, que serão usadas para monitorar o comportamento dos animais, estudar o ambiente e evitar novos acidentes como esse.
Além disso, as imagens servirão como ferramenta de pesquisa científica e de combate a crimes ambientais. A ideia é entender melhor como os bichos se movimentam, o que anda mudando no habitat deles e também fortalecer a fiscalização contra práticas ilegais como a caça e a ceva, que são proibidas por lei.
As armadilhas fotográficas já começaram a ser espalhadas em pontos estratégicos do Pantanal e vão permitir que pesquisadores acompanhem de perto a movimentação das espécies, principalmente das grandes como a onça-pintada. O equipamento não representa risco para os animais e funciona com sensores de movimento, disparando automaticamente quando algo passa na frente da lente.
A PMA reforça que a população deve sempre manter distância dos animais silvestres e, principalmente, não alimentá-los. “Isso muda o comportamento natural deles, pode deixá-los dependentes e até agressivos, além de ser crime ambiental”, alerta o comunicado oficial.
O caso que causou comoção – Jorge Ávalo, o Jorginho, era uma figura conhecida na região de Touro Morto, em Aquidauana. Trabalhava no mesmo pesqueiro há décadas, sempre em contato com turistas e pescadores. Ele costumava tirar fotos das onças que rondavam a propriedade e compartilhava com os amigos e visitantes.
Na manhã de segunda-feira, dia 21, ele desapareceu. Um pescador que passava pelo local percebeu sua ausência e acionou as autoridades. Os restos mortais foram encontrados no dia seguinte, a cerca de 300 metros do ponto onde ele havia sido visto pela última vez. A Polícia Civil de Aquidauana investigou o caso e confirmou: não há dúvidas de que se tratou de um ataque de um animal de grande porte, e não houve crime cometido por humanos.
Dias depois, por volta das 3h da manhã de quinta-feira, uma onça-pintada foi capturada pela PMA nas proximidades. O animal foi encaminhado imediatamente ao CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), onde recebeu cuidados veterinários. Os exames apontaram que se tratava de um macho adulto, com 94 kg, magro e debilitado. O peso ideal seria de cerca de 120 kg. O laudo indicou desidratação e problemas nos rins, fígado e sistema digestivo. Segundo os especialistas, a fragilidade pode ter levado o felino a se aproximar de áreas com presença humana em busca de alimento.
A instalação das câmeras é apenas uma das ações que estão sendo planejadas para reforçar a convivência segura entre homem e natureza no Pantanal. O governo estuda novas formas de educação ambiental, reforço na fiscalização e parcerias com fazendas, pousadas e comunidades para evitar riscos tanto para os animais quanto para as pessoas.
O Pantanal é uma das maiores e mais ricas áreas úmidas do planeta, lar de uma biodiversidade imensa e única. Mas mudanças no clima, queimadas, desmatamento e a presença cada vez maior de humanos têm pressionado o equilíbrio do bioma. O caso do Jorginho, embora trágico, reacende o debate sobre como é urgente proteger a vida, em todas as suas formas, e fazer isso com conhecimento, respeito e tecnologia.
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