Mato Grosso do Sul, 30 de junho de 2025
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Ato bolsonarista na Avenida Paulista reúne público reduzido e reflete desgaste político diante de cenário jurídico adverso

Manifestação liderada por Jair Bolsonaro atrai cerca de 12 mil pessoas em São Paulo, número inferior ao de atos anteriores; aliados atribuem queda a fatores logísticos, enquanto críticas crescem diante de sua inelegibilidade, investigações no STF e risco crescente de prisão

Na tarde do domingo, 29 de junho, a Avenida Paulista foi mais uma vez palco de um ato político convocado em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Desta vez, no entanto, o evento apresentou uma adesão visivelmente inferior à de manifestações anteriores. Segundo levantamento realizado por meio de drones e inteligência artificial pelo Monitor do Debate Político da USP e pela ONG More in Common, aproximadamente 12,4 mil pessoas estiveram presentes no auge do evento, às 15h40. A manifestação foi encerrada logo após o discurso de Bolsonaro, por volta das 16h.

O número representa uma queda expressiva em comparação aos atos promovidos pela mesma base política em meses anteriores. Em 6 de abril, a Avenida Paulista havia reunido cerca de 44,9 mil manifestantes, e, em 16 de março, o protesto em Copacabana, no Rio de Janeiro, atraiu 18,3 mil pessoas. Diante da diminuição, lideranças do Partido Liberal e aliados do ex-presidente foram rápidos em apresentar justificativas.

O deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara e um dos organizadores do evento, apontou quatro fatores principais para explicar a adesão inferior: a realização simultânea de jogos da Copa do Mundo de Clubes da FIFA, o início das férias escolares, o fim do mês que impacta financeiramente parte do público e o curto espaço de tempo entre a convocação, feita em 14 de junho, e a data do evento.

Apesar das explicações, analistas e observadores da cena política interpretam o esvaziamento da manifestação como um sinal do desgaste político de Bolsonaro e da fadiga progressiva de seu grupo de apoio, especialmente diante do agravamento de sua situação jurídica e da inelegibilidade já confirmada pela Justiça Eleitoral.

Inelegível até 2030: os efeitos da condenação no TSE

Em junho de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral condenou Jair Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante o processo eleitoral de 2022. A decisão — que o tornou inelegível até 2030 — se baseou em uma reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, onde o então presidente atacou o sistema eleitoral brasileiro e disseminou dúvidas infundadas sobre a segurança das urnas eletrônicas.

A maioria dos ministros do TSE entendeu que Bolsonaro utilizou a estrutura do Estado de forma indevida, com objetivos eleitorais e sem fundamento técnico, violando o equilíbrio do pleito. Com isso, ele está legalmente impedido de disputar qualquer cargo eletivo pelos próximos anos, o que o afasta da corrida presidencial de 2026.

A decisão também abriu caminho para a apresentação de outras ações semelhantes, envolvendo, por exemplo, o uso político das celebrações de 7 de Setembro de 2022 e a promoção irregular de sua campanha por meio de veículos oficiais. Embora seus aliados tentem manter seu nome vivo entre os eleitores conservadores, a inelegibilidade representa um obstáculo institucional difícil de ser revertido no curto prazo.

Investigações em série: os inquéritos que ameaçam o futuro de Bolsonaro

Além da inelegibilidade, Jair Bolsonaro responde a múltiplos inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. As investigações envolvem temas de alta gravidade e podem, a depender de seu desfecho, levar a processos criminais com risco real de prisão.

Entre os principais inquéritos estão:

  • A apuração sobre a tentativa de golpe de Estado e incitação à desobediência institucional, que investiga supostos planos para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.
  • A investigação sobre a apropriação e venda irregular de joias recebidas por Bolsonaro em viagens internacionais, o que pode configurar peculato.
  • A suspeita de fraude em cartões de vacinação durante a pandemia, com uso de documentos falsos para escapar de regras sanitárias nacionais e internacionais.
  • A participação em uma suposta organização criminosa voltada à disseminação de desinformação, ataques ao Judiciário e enfraquecimento da democracia.

Diversos aliados e ex-assessores do ex-presidente já foram presos ou prestaram depoimentos, e o avanço das investigações amplia a pressão sobre Bolsonaro. Embora ele negue as acusações e se apresente como vítima de perseguição política, os indícios reunidos pela Polícia Federal reforçam o cenário de fragilidade jurídica do ex-presidente.

Retórica desgastada e enfraquecimento nas ruas

Durante o ato na Paulista, Jair Bolsonaro voltou a desafiar a esquerda e acusar o Judiciário de agir com parcialidade. Disse que, mesmo diante das dificuldades, sua base ainda é capaz de mobilizar milhares de pessoas, e provocou: “Quero ver a esquerda colocar 1/3 do nosso público nas ruas.” No entanto, a queda de adesão já é notável e preocupa lideranças conservadoras, que buscam estratégias para manter viva a força eleitoral do grupo sem o nome de seu maior líder nas urnas.

A retórica de confronto, antes eficaz para unir a base, agora já não provoca o mesmo impacto. A realidade institucional, os limites legais e o desgaste natural de uma figura envolvida em tantos escândalos reduzem o alcance dos discursos inflamados.

Com sua inelegibilidade confirmada, cercado por investigações e com a mobilização popular em declínio, Jair Bolsonaro enfrenta um novo momento em sua trajetória política. A Avenida Paulista, palco histórico de grandes mobilizações, agora reflete um cenário menos estrondoso e mais incerto.

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