Mato Grosso do Sul, 4 de junho de 2025
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Bicheiro Rogério Andrade será transferido para o presídio federal de Campo Grande em MS

Bicheiro foi preso no final do mês passado na Operação Último Ato. O contraventor é acusado de ser o mandante da morte do rival Fernando Iggnácio.
O contraventor Rogério Andrade durante o carnaval  — Foto: Agência O Globo
O contraventor Rogério Andrade durante o carnaval — Foto: Agência O Globo

A Justiça Federal e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) decidiram que o bicheiro Rogério Andrade será transferido para o Presídio Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. O pedido foi feito pelo juízo da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. A viagem, no entanto, ainda não tem data.

A defesa do bicheiro informou que não recebeu nenhuma informação oficial sobre a transferência.

Rogério foi preso no final do mês passado na Operação Último Ato, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ). O contraventor é acusado de ser o mandante da morte do rival Fernando Ignácio.

Desde a prisão, Rogério está no presídio de segurança máxima de Bangu 1, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.

Iggnácio, genro e herdeiro do contraventor Castor de Andrade, foi executado em 10 de novembro de 2020 em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes. Ele tinha acabado de desembarcar de um helicóptero, vindo de Angra dos Reis, na Costa Verde, e foi alvejado ao caminhar até o carro. Os tiros foram de fuzil 556.

A recente transferência de Rogério de Andrade, um dos bicheiros mais conhecidos do Rio de Janeiro, para o presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, representa um marco no enfrentamento ao crime organizado no Brasil. A medida tomada pelas autoridades judiciais visa isolar Andrade de possíveis influências externas e minimizar seu poder de articulação dentro da organização criminosa. Esse episódio marca mais uma fase na vida de Andrade, cujas atividades ilegais já renderam prisões, conflitos internos e uma longa lista de crimes associados à sua figura.

Histórico e ascensão de Rogério de Andrade

Rogério de Andrade, sobrinho do notório contraventor Castor de Andrade, construiu seu próprio império no mundo do crime. Suas atividades no jogo do bicho, uma prática ilegal no Brasil, e no ramo dos caça-níqueis tornaram-no figura central no submundo carioca. Ao longo dos anos, Andrade consolidou sua posição por meio de uma rede de influência e pela disputa de territórios lucrativos no estado do Rio de Janeiro. A relação com seu tio, Castor, foi um dos elementos que impulsionou sua ascensão. Castor foi um dos maiores nomes do jogo do bicho, conhecido por ter estabelecido um esquema poderoso de corrupção e influência que chegou a afetar o cenário político.

A rivalidade com Fernando Iggnácio

Após a morte de Castor de Andrade, a disputa pelo controle do império da contravenção iniciou uma série de conflitos violentos entre Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, genro de Castor. Essa rivalidade transformou-se em uma disputa amarga e mortal, que teve episódios de emboscadas e confrontos armados. Em 2020, Fernando Iggnácio foi assassinado em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes, em circunstâncias que aumentaram as suspeitas sobre o envolvimento de Andrade no crime. Esse assassinato marcou um dos momentos mais impactantes na história recente da criminalidade no Rio de Janeiro e reforçou a necessidade das autoridades em manter Andrade em custódia sob um regime de isolamento.

As acusações que pesam sobre Andrade

Diversas acusações recaem sobre Rogério de Andrade, incluindo seu envolvimento direto na morte de Fernando Iggnácio. Além dessa suspeita, Andrade foi investigado em outros casos de assassinato, corrupção e lavagem de dinheiro. Suas operações ilegais vão além do jogo do bicho e envolvem também um complexo esquema de caça-níqueis e outras atividades ilícitas na Zona Oeste do Rio de Janeiro, uma área historicamente dominada por facções criminosas. As investigações apontam que Andrade teria exercido grande influência sobre o tráfico de drogas local, sendo um dos nomes mais influentes do submundo do crime carioca.

Por que a transferência para um presídio federal?

A decisão de transferir Rogério de Andrade para o Presídio Federal de Campo Grande se baseia em diversos fatores:

  • Periculosidade e influência: Andrade é considerado um criminoso de alta periculosidade, com vasta influência sobre o crime organizado.
  • Possível continuidade de atividades criminosas: Mesmo preso, ele poderia continuar comandando ações criminosas, o que justificou a necessidade de um isolamento mais severo.
  • Histórico de disputas violentas: A rivalidade com Fernando Iggnácio e outros conflitos exigem medidas rigorosas para evitar a violência e o risco de tentativas de fuga ou resgates.
  • Regime Disciplinar Diferenciado (RDD): O presídio federal impõe um regime disciplinar diferenciado, com condições de isolamento extremo, limitando o contato dos detentos com o mundo exterior.

Condições rigorosas do presídio federal

O Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, é conhecido por sua infraestrutura destinada a isolar líderes do crime organizado. Andrade passará a viver sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), o que implica uma série de restrições severas. As principais características do RDD incluem:

  • Isolamento total: Detentos ficam isolados em celas individuais por até 22 horas diárias.
  • Visitas restritas: As visitas são monitoradas e limitadas a uma pessoa por vez, além de serem previamente autorizadas pelas autoridades.
  • Comunicação limitada: Contatos externos são restritos, e toda comunicação é monitorada para impedir a articulação de atividades criminosas.
  • Limitação de direitos: O regime disciplinar limita os direitos de convivência, lazer e até mesmo de leitura e escrita.

Essa estrutura foi desenvolvida para evitar que líderes de organizações criminosas continuem a coordenar suas operações enquanto presos, oferecendo um ambiente onde a influência desses indivíduos é reduzida ao máximo.

Impacto no combate ao crime organizado

A transferência de Andrade para um presídio federal representa um avanço significativo no combate ao crime organizado, especialmente no contexto do Rio de Janeiro. Nos últimos anos, a influência de líderes do crime dentro dos presídios estaduais tornou-se um desafio complexo para as autoridades. As facções criminosas, mesmo com seus líderes presos, mantinham operações que impactavam a segurança pública e fortaleciam o poder dessas organizações. A prática de transferir detentos de alta periculosidade para unidades federais, com regimes disciplinares mais rigorosos, busca minimizar essa influência e desarticular redes de comando do crime.

Impacto na Mocidade Independente de Padre Miguel

Além de sua atuação no mundo do crime, Rogério de Andrade é uma figura conhecida na cena cultural do Rio de Janeiro, sendo patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. A prisão e transferência para um presídio federal podem gerar impactos financeiros e administrativos para a escola. Sendo um dos principais financiadores da Mocidade, a ausência de Andrade pode significar desafios para o planejamento do carnaval e para a captação de recursos. Integrantes da comunidade da escola de samba estão atentos a essas mudanças, e o futuro da escola de samba em termos de patrocínio e gestão pode enfrentar ajustes significativos.

Cronologia dos fatos recentes

Para facilitar o entendimento dos eventos que culminaram na transferência de Andrade, segue uma cronologia dos fatos mais importantes:

  • Novembro de 2020: Fernando Iggnácio é assassinado em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes.
  • 2023-2024: Investigações apontam Andrade como possível mandante do assassinato.
  • Outubro de 2024: Operação Último Ato é deflagrada, e Andrade é preso em sua residência na Barra da Tijuca.
  • Outubro de 2024: Autoridades determinam a transferência de Andrade para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
  • Novembro de 2024: Rogério de Andrade é transferido para a unidade federal, onde passará a cumprir seu período de prisão sob regime de isolamento.

O papel da Operação Último Ato

A prisão de Rogério de Andrade fez parte da Operação Último Ato, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ). Essa operação foi deflagrada com o objetivo de capturar e isolar figuras chave no esquema de contravenção que opera no estado. Andrade foi um dos principais alvos dessa ação, que teve como objetivo desmantelar redes de influência que permeiam o crime organizado no Rio de Janeiro. Além de Andrade, outros envolvidos na organização criminosa foram identificados, e a operação visa coibir a continuidade dos crimes.

Repercussão no cenário jurídico

A defesa de Rogério de Andrade contesta a transferência, alegando que a medida foi tomada sem que a defesa fosse devidamente informada, o que fere o direito ao contraditório. Os advogados de Andrade consideram a decisão um abuso de poder e prometem recorrer judicialmente. No entanto, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) confirmou a transferência, com base nas acusações graves que Andrade enfrenta e na necessidade de prevenir a continuidade de atividades criminosas. O embate entre defesa e acusação promete novos desdobramentos, e a situação jurídica de Andrade continua a ser alvo de disputas.

Consequências para o Rio de Janeiro

Com a transferência de Andrade para um presídio federal, as facções criminosas no Rio de Janeiro passam por uma mudança estrutural. A ausência de um líder do porte de Andrade impacta diretamente as operações de contravenção e reduz a influência de sua organização. Alguns dos possíveis impactos incluem:

  • Redução na organização de crimes de grande escala: Com a ausência de Andrade, espera-se que sua organização perca parte da capacidade de coordenar operações maiores.
  • Fragmentação das facções locais: A transferência pode gerar disputas internas e reorganizações, já que diferentes grupos disputam o controle das atividades antes sob o comando de Andrade.
  • Mudança no cenário de contravenção: O isolamento de Andrade abre espaço para uma possível redistribuição do controle do jogo do bicho e de outras práticas ilegais no Rio de Janeiro.

Desafios para as autoridades

A transferência de Rogério de Andrade para o Presídio Federal de Campo Grande envolve uma logística complexa e desafios de segurança. Entre os principais pontos, destacam-se:

  • Escolta de alto risco: A escolta do detento requer um contingente especializado de policiais penais e federais para garantir a segurança.
  • Prevenção de fugas: Todo o trajeto e o procedimento são pensados para evitar tentativas de resgate ou fugas.
  • Uso de aeronave policial: A operação inclui o uso de uma aeronave da Polícia Federal para o transporte seguro de Andrade ao Mato Grosso do Sul.
  • A transferência de Andrade para uma unidade de segurança máxima é parte de um esforço mais amplo para controlar o crime organizado e evitar que figuras influentes continuem a exercer poder de dentro dos presídios estaduais.

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