Mato Grosso do Sul, 1 de julho de 2025
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Boi Garantido vence o Festival de Parintins 2025 e quebra hegemonia do rival Caprichoso

Com o tema “Boi do povo, boi do povão”, o bumbá vermelho e branco conquista o 33º título no maior espetáculo folclórico da Amazônia, movimenta a economia da cidade e enche de orgulho os torcedores que lotaram o Bumbódromo
Imagens - Jordy Neves
Imagens - Jordy Neves

O Boi Garantido voltou a reinar na arena do Bumbódromo ao se consagrar campeão do 58º Festival Folclórico de Parintins, realizado na cidade amazonense de mesmo nome. Após três anos consecutivos de domínio do rival azul Caprichoso, o bumbá encarnado encerrou o jejum de títulos e ergueu pela 33ª vez o troféu mais cobiçado da cultura popular amazônica, num espetáculo que misturou tradição, emoção e pertencimento popular.

A consagração veio na apuração desta segunda-feira, coroando uma apresentação marcada pelo enredo “Boi do povo, boi do povão”, que encantou jurados e plateia ao exaltar os saberes da floresta, os rituais dos povos originários e a diversidade cultural do Brasil profundo. O Garantido saiu na frente desde a primeira noite, abrindo vantagem ao apresentar “O ecoar das vozes da floresta”, um mergulho nos sons e saberes amazônicos. No segundo dia, levou à arena “Garantido, patrimônio do povão”, reafirmando sua identidade com o povo simples, as raízes indígenas e afro-brasileiras. Já no encerramento, desfilou com “Garantido, boi do Brasil”, uma ode à pluralidade cultural brasileira.

Foram analisados 21 quesitos, que envolveram desde o desempenho da Marujada de Guerra (bateria do Garantido) até os itens oficiais como porta-estandarte, sinhazinha da fazenda, cunhã-poranga, pajé e levantador de toadas. Cada detalhe, cada coreografia, cada alegoria e cada canção foi avaliado minuciosamente por uma comissão de jurados vindos de fora do estado, garantindo a imparcialidade do resultado. Ao final, o Garantido obteve pontuação superior com dois décimos de vantagem sobre o Caprichoso, resultado suficiente para pôr fim ao jejum iniciado em 2019.

Tradição que move uma cidade inteira

O Festival Folclórico de Parintins não é apenas uma competição entre dois bois. É a celebração da alma do povo amazônico, uma manifestação artística que combina teatro, música, dança, religiosidade, folclore e identidade. Inspirado na lenda do boi-bumbá, que fala sobre a morte e ressurreição do animal, o festival se desdobrou ao longo dos anos até se tornar um dos maiores eventos culturais do país. Reconhecido como patrimônio cultural brasileiro pelo Iphan, é símbolo de resistência e criatividade popular.

Durante os dias de festival, Parintins, que tem cerca de 115 mil habitantes, transforma-se completamente. A ilha Tupinambarana, onde está localizada, fica repleta de visitantes, jornalistas, estudiosos e torcedores apaixonados. Barcos vindos de Manaus e de outras localidades chegam abarrotados, enquanto voos extras são incluídos para atender à demanda. Os hotéis e pousadas ficam lotados com meses de antecedência e casas de moradores locais são alugadas por valores que chegam a triplicar nesta época.

A economia local se aquece de forma significativa. Restaurantes, mercados, vendedores ambulantes, artesãos, costureiras e profissionais da construção de alegorias sentem o impacto positivo da movimentação intensa. Estima-se que mais de R$ 100 milhões sejam injetados diretamente na economia da cidade em função do festival. Além disso, são gerados cerca de 10 mil empregos temporários, envolvendo toda a cadeia produtiva do evento, desde cenógrafos até catraieiros que fazem o transporte fluvial entre bairros e o Bumbódromo.

Um espetáculo de cores, som e paixão

O Bumbódromo de Parintins, com capacidade para cerca de 35 mil espectadores, é dividido ao meio para receber as torcidas dos bois. De um lado o vermelho e branco do Garantido; do outro, o azul do Caprichoso. A rivalidade é intensa, mas respeitosa. Durante os três dias de apresentações, cada bumbá entra na arena por duas horas e meia, transformando a arena em um verdadeiro teatro a céu aberto.

Neste ano, os espetáculos contaram com recursos cênicos modernos, com o uso de tecnologia de ponta em iluminação, drones e projeções visuais, sem perder a essência das raízes indígenas e caboclas. O cantor Sebastião Júnior, levantador oficial do Garantido, emocionou ao entoar as toadas que guiaram a apresentação do boi vermelho. A cunhã-poranga Isabelle Nogueira, já consagrada no papel, foi outro destaque elogiado pela crítica e público.

Premiação simbólica, glória imensurável

Diferentemente de outros festivais, o prêmio do Festival de Parintins não se resume a cifras vultuosas. A premiação simbólica se expressa na glória, no reconhecimento e na visibilidade. Ainda assim, os bois recebem apoio financeiro via convênios com o governo estadual e patrocinadores privados para viabilizar suas produções. A prefeitura de Parintins e o Governo do Amazonas investem diretamente na estrutura do evento, enquanto patrocinadores ajudam na construção das alegorias e no custeio dos itens oficiais.

A conquista do título de 2025 devolveu ao Garantido não apenas o troféu, mas também o sentimento de pertencimento de sua comunidade. O grito de vitória ecoou nas ruas da cidade, nos rios, nas casas e nos corações de milhares de torcedores que veem no boi não apenas um espetáculo, mas um modo de vida.

Em Parintins, não se torce por um time, torce-se por uma alma cultural. E nesta edição, a alma do povo celebrou o retorno triunfante do seu boi do coração: o Garantido.

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