Mato Grosso do Sul, 13 de junho de 2025
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Bolsonaro adota tom moderado e arrependido em depoimento ao STF sobre tentativa de golpe

Ex-presidente presta esclarecimentos em tom contido, nega envolvimento com minuta golpista e pede desculpas por ataques a ministros da Corte

Em um raro momento de autocrítica e moderação, o ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu nesta terça-feira, 10 de junho, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prestar depoimento no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no Brasil. O tom adotado pelo ex-mandatário surpreendeu. Longe da retórica inflamada que marcou seus anos à frente do Palácio do Planalto, Bolsonaro apresentou-se contido, evitou confrontos diretos e chegou a pedir desculpas por declarações anteriores, admitindo erros e lamentando críticas feitas a integrantes da Corte.

Durante cerca de três horas, Bolsonaro respondeu aos questionamentos do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e do procurador-geral da República, Paulo Gonet. O depoimento faz parte da etapa final da coleta de provas sobre os atos golpistas planejados e executados por aliados do ex-presidente no fim de 2022 e início de 2023. Bolsonaro é um dos oito réus que serão ouvidos até a próxima sexta-feira e, segundo a Procuradoria-Geral da República, integra o “núcleo crucial” da trama que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Em um dos trechos mais marcantes do depoimento, Bolsonaro se dirigiu diretamente ao ministro Alexandre de Moraes e aos ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, pedindo desculpas por críticas feitas a eles durante uma reunião ministerial ocorrida em julho de 2022.

“Não tenho indício nenhum. Era uma reunião para não ser gravada. Então, me desculpe, não tive intenção de acusar de desvio de conduta contra os três”, afirmou Bolsonaro, em um tom visivelmente mais brando do que o habitual.

Ao longo do depoimento, Bolsonaro também reconheceu seu temperamento explosivo e afirmou estar em processo de mudança. “Eu sempre carreguei no linguajar. Tento me controlar, tenho melhorado bastante meu vocabulário. Acho que com 70 anos é difícil mudar muita coisa… e peço desculpas se ofendi alguém”, declarou.

Sobre a suposta minuta de decreto golpista encontrada em posse de um ex-ministro, Bolsonaro negou ter conhecimento direto do documento e afirmou que não endossou qualquer plano para subverter a ordem constitucional. “As ilações sobre o que estava sendo tratado lá dentro corriam soltas. A gente lamenta as ilações. Mas, em nenhum momento, eu, o ministro da Defesa e os comandantes das Forças sequer pensamos em fazer algo ao arrepio da lei e da Constituição”, disse.

Questionado sobre ataques anteriores feitos ao Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro afirmou que suas declarações eram reflexo de seu estilo combativo, moldado ao longo de quase três décadas como deputado federal. “Respondi a uns 20 processos de cassação lá dentro. Sou um pouco explosivo. Muitas vezes errei”, admitiu.

Outro ponto sensível abordado durante o depoimento foi a ausência de Bolsonaro na cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 1º de janeiro de 2023. O ex-presidente justificou a ausência dizendo que pretendia evitar constrangimentos. “Evitei a maior vaia da história do Brasil”, disse, em tom resignado.

Embora tenha negado participação em qualquer plano para prender autoridades ou dar um golpe de Estado, Bolsonaro voltou a repetir críticas ao sistema eleitoral brasileiro, declarando ainda ter “dúvidas” sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. O ministro Alexandre de Moraes, ao ouvir a declaração, rebateu de forma imediata e enfática: “Não há nenhuma dúvida quanto à confiabilidade das urnas”.

O depoimento de Bolsonaro marca uma inflexão na estratégia do ex-presidente diante do Supremo. Até então, ele havia adotado um comportamento de enfrentamento, com constantes ataques públicos à Justiça Eleitoral e a ministros da Corte. Nesta nova fase, cercado por investigações e diante do risco de condenação criminal, o ex-presidente parece estar buscando uma abordagem mais conciliadora, ao menos no campo jurídico.

O impacto desse depoimento sobre o andamento das investigações ainda é incerto. No entanto, o gesto de moderação pode ser interpretado como tentativa de reduzir o desgaste institucional e atenuar sua responsabilidade no contexto da trama golpista, especialmente num momento em que o cerco judicial se estreita.

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