Mato Grosso do Sul, 6 de junho de 2025
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Bolsonaro diz que repassou R$ 2 milhões a Eduardo Bolsonaro e nega ligação com Zambelli após prestar depoimento à Polícia Federal

Ex-presidente afirma que valores foram doados por apoiadores e que não teve envolvimento com a fuga de Carla Zambelli; investigação apura tentativa de obstrução à Justiça e articulações nos Estados Unidos
Imagem - Foto: Brenno Carvalho
Imagem - Foto: Brenno Carvalho

O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira, em Brasília, no âmbito do inquérito que investiga a atuação do seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em supostas articulações junto ao governo dos Estados Unidos para tentar constranger autoridades brasileiras. Na saída da audiência, Bolsonaro voltou a afirmar que é alvo de uma “perseguição” e revelou que repassou ao filho R$ 2 milhões, parte das doações que recebeu via Pix. Ele negou ainda qualquer envolvimento com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que teve prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“A perseguição continua. O trabalho que ele (Eduardo) faz lá (nos Estados Unidos) é pela democracia no Brasil. Não existe lobby para sancionar quem quer que seja no Brasil”, declarou Bolsonaro aos jornalistas ao deixar a sede da Polícia Federal. Ao comentar o repasse financeiro ao filho, o ex-presidente justificou: “Eu botei R$ 2 milhões na conta dele. Tenho dois netos de 1 e 4 anos. É bastante dinheiro.”

O ex-presidente explicou que a origem dos valores está ligada às doações espontâneas recebidas de apoiadores via Pix, em 2023, que somaram R$ 17 milhões. Os recursos foram arrecadados em uma campanha promovida por aliados, com o objetivo de custear as multas aplicadas a Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19, quando descumpriu diversas normas sanitárias. Ele não mencionou o uso de recursos provenientes das aposentadorias que recebe, uma de capitão reformado do Exército e outra de ex-deputado federal.

Atualmente, Bolsonaro acumula duas aposentadorias. A primeira, oriunda do Exército Brasileiro, por sua condição de militar da reserva, que lhe garante cerca de R$ 12 mil mensais. A segunda, concedida pela Câmara dos Deputados, pelo período em que exerceu mandato parlamentar entre 1991 e 2018, representa cerca de R$ 30 mil mensais. Assim, os dois benefícios totalizam aproximadamente R$ 42 mil brutos mensais.

Ainda durante sua fala, Bolsonaro se distanciou das ações da deputada Carla Zambelli, cuja prisão foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “Não tenho nada a ver com ela. Não fiz nenhum Pix para ela”, assegurou o ex-presidente, após ser questionado sobre a fuga da parlamentar, que deixou o Brasil e teve seu nome incluído na difusão vermelha da Interpol.

O inquérito que resultou na oitiva de Bolsonaro investiga se Eduardo Bolsonaro cometeu crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A Polícia Federal apura se o parlamentar licenciado tentou articular sanções contra autoridades brasileiras junto ao governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o intuito de enfraquecer o avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, processo no qual Jair Bolsonaro figura como réu.

A investigação é relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, que também conduz a ação penal contra Bolsonaro e seus aliados por suposto envolvimento em um plano para subverter a ordem constitucional. Moraes determinou, ainda, a oitiva de Eduardo Bolsonaro. Como o deputado está licenciado do mandato desde fevereiro deste ano e reside atualmente nos Estados Unidos, ele poderá responder aos questionamentos por escrito.

Além disso, Moraes ordenou que o Itamaraty indicasse quais autoridades diplomáticas estariam aptas a prestar depoimento sobre as articulações de Eduardo Bolsonaro em território norte-americano, ampliando o escopo das apurações.

Na última segunda-feira, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, foi o primeiro a depor no inquérito. Em sua fala, afirmou que Eduardo Bolsonaro tem atuado para “intimidar” e “depredar simbolicamente” o Supremo Tribunal Federal e outras instituições responsáveis pela investigação sobre a tentativa de golpe. Farias é o autor da representação que motivou o pedido da Procuradoria-Geral da República para a abertura do inquérito.

Em sua manifestação aos investigadores, Lindbergh Farias pediu ainda que fossem adotadas medidas para bloquear os bens e contas bancárias de Eduardo Bolsonaro, a fim de evitar a movimentação financeira que poderia dificultar o cumprimento de eventuais decisões judiciais.

O cenário político se tensiona ainda mais com o avanço das investigações e com o aprofundamento das conexões financeiras e políticas entre os investigados. A defesa de Jair Bolsonaro sustenta que ele não cometeu nenhuma irregularidade, e que os repasses financeiros ao filho foram motivados por razões familiares. Por outro lado, investigadores consideram o ex-presidente como um potencial beneficiário das ações do filho, que visariam a proteger o pai dos efeitos jurídicos e políticos do processo em curso.

Enquanto isso, a opinião pública aguarda os próximos passos do inquérito, que poderá resultar no indiciamento de novas figuras políticas e trazer à tona mais detalhes sobre a complexa trama que envolve a tentativa de golpe de Estado e suas ramificações no Brasil e no exterior.

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