O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ser protagonista de uma polêmica ao criticar duramente o filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e com Fernanda Torres no papel principal. Durante uma entrevista ao Portal Léo Dias, Bolsonaro ironizou a produção e atacou a atriz, especialmente após suas declarações sobre a gestão dele.
Ao ser questionado sobre a produção que está chamando a atenção no cenário internacional, com uma indicação ao Oscar, Bolsonaro não poupou palavras. “O filme tinha que começar comigo”, disse, sem explicar exatamente o que quis dizer com a frase. Em seguida, o ex-presidente desviou a conversa para assuntos relacionados à ditadura militar, mencionando o desaparecimento de Rubens Paiva, político cassado durante aquele período. “Família Paiva, você tem que falar em Eldorado Paulista, a minha cidade. Você tem que falar em maio de 70, quando passou o Lamarca na cidade. Por que o Lamarca achou aquele lugar de guerrilha? Pode ser que não tenha nada a ver com o Rubens Paiva”, afirmou Bolsonaro, sem fazer qualquer referência direta ao filme ou ao seu conteúdo.
Quando questionado sobre se assistiu ou se acompanha a disputa pelo Oscar, Bolsonaro minimizou o assunto e foi claro em sua resposta: “Eu não tenho tempo de ver filme, até ler livro é quase impossível pra mim”. Mesmo sem expressar opinião sobre o filme brasileiro, ele fez questão de ressaltar que o Brasil sempre vence em qualquer competição internacional. “O brasileiro ganha em qualquer lugar”, disse, ao ser perguntado sobre sua torcida para a premiação.
No entanto, o ponto de maior tensão da entrevista aconteceu quando o ex-presidente foi confrontado com as declarações de Fernanda Torres. A atriz, que é uma das principais protagonistas do filme, teria afirmado que não seria possível realizar a produção durante o governo Bolsonaro. A fala de Torres gerou uma resposta ríspida de Bolsonaro, que se irritou com a acusação. “A mensagem ali é política. Ela falou que no meu governo não seria possível fazer aquele filme. Não seria por quê? Eu proibi algum filme no meu governo? Eu arrumei a Lei Rouanet, se bem que não tem Lei Rouanet nesse filme. Eu não persegui ninguém. Meu governo não perseguiu ninguém”, afirmou.
O jornalista Léo Dias, durante a entrevista, tentou aprofundar a questão ao mencionar uma possível perseguição a artistas críticos ao governo Bolsonaro. “Nem aquele pessoal do movimento Ele Não? Porque eu conheço artistas ali e logo depois a Receita Federal foi para cima deles, foi isso que haviam me dito”, questionou. Bolsonaro negou qualquer envolvimento e defendeu sua postura de não interferir na liberdade dos artistas. “Eu não determinei nada disso”, garantiu o ex-presidente.
Essa troca de farpas entre Bolsonaro e Fernanda Torres reflete a tensão entre o mundo artístico e a política nos últimos anos. A crítica à gestão do ex-presidente, feita por artistas, continua a ser um tema recorrente de debate, enquanto figuras públicas como Bolsonaro reagem à visibilidade de produções culturais que abordam temas sensíveis ao regime militar e à sua administração.
As declarações do ex-presidente, embora ironicas, trazem à tona questões que envolvem a liberdade de expressão e o tratamento dado às manifestações artísticas durante seu governo. Enquanto isso, “Ainda Estou Aqui” segue sua trajetória na corrida pelo Oscar, com o Brasil acompanhando de perto as discussões que envolvem cultura, política e poder.
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