Em meio a um cenário global marcado por rápidas transformações tecnológicas, tensões geopolíticas e desafios ambientais, Mato Grosso do Sul recebeu, nesta quarta-feira, 18 de junho, o fórum “Diálogos para a Construção da Estratégia Brasil 2050”. Realizado na Câmara Municipal de Campo Grande, o encontro marcou mais uma etapa da jornada participativa do Governo Federal na elaboração de um plano estratégico de longo prazo para o país. A proposta é simples na forma, mas complexa em sua essência: o que o Brasil deseja ser nos próximos 25 anos?
Comandado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, por meio da Secretaria Nacional de Planejamento, o evento reuniu autoridades estaduais, municipais, representantes do setor privado, universidades, sociedade civil organizada e técnicos do governo federal. A meta do programa é construir, de forma colaborativa e suprapartidária, um plano de Estado que aponte caminhos sustentáveis e realistas para a prosperidade nacional até o ano de 2050.
Na abertura do fórum, o governador Eduardo Riedel destacou a importância de um planejamento estruturado e transversal que não apenas enfrente os problemas atuais, mas também antecipe os desafios futuros. Segundo ele, o mundo exige velocidade de adaptação e clareza de metas, e é nesse espírito que o Estado tem conduzido suas próprias transformações.
“O mundo passa por mudanças em ritmo acelerado. A administração pública não pode ficar à margem disso. É preciso ter planejamento, metas claras e políticas públicas consistentes. Em Mato Grosso do Sul, estamos reduzindo a pobreza extrema, investindo em educação em tempo integral com qualificação profissional, ampliando a inclusão indígena e a competitividade com infraestrutura. Tudo isso foi possível porque houve um plano traçado e seguido com disciplina”, afirmou Riedel.
De fato, os dados apresentados pelo governador evidenciam o impacto positivo da gestão por estratégias: o índice de pobreza extrema caiu de 2,7% para 1,9% entre 2023 e 2024. Mais de 60% das escolas estaduais já operam em tempo integral, e o Estado conta com mais de R$ 25,7 bilhões em investimentos alocados via concessões e privatizações.
Presente à cerimônia, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, ressaltou que o Brasil enfrenta hoje desafios inéditos. “Precisamos nos preparar para um país que, em 2050, será majoritariamente idoso, mais urbano, mais exigente e mais interdependente do ponto de vista econômico e tecnológico. A Estratégia Brasil 2050 é um projeto de país. Ele propõe um futuro desejado com metas, indicadores e parcerias entre Estado, mercado e sociedade”, declarou.
A ministra pontuou ainda que o Brasil tem um papel singular no cenário internacional, especialmente em tempos de crise climática e escassez de recursos naturais. Nesse contexto, o planejamento de longo prazo deve assegurar não só o crescimento econômico, mas também a proteção ambiental, a coesão social e o fortalecimento institucional.
A Estratégia Brasil 2050 percorreu diversos estados nas últimas semanas, reunindo sugestões e perspectivas sobre temas como inovação tecnológica, transição energética, justiça social, saúde, educação, defesa, agricultura sustentável e políticas públicas urbanas. O fórum de Campo Grande encerra a etapa presencial de apresentações. A consulta pública segue aberta até o próximo dia 22 de junho, permitindo que qualquer cidadão brasileiro contribua diretamente com suas ideias para o futuro do país.
A construção do documento final levará em conta todas as contribuições recebidas e será submetido à revisão técnica antes de sua publicação oficial, prevista para o segundo semestre de 2025. O texto será referência para o planejamento de políticas públicas em todos os níveis de governo, independentemente de gestões partidárias, com foco na criação de um Brasil mais justo, resiliente e moderno até o meio do século.
Durante o evento, também estiveram presentes vereadores da capital, prefeitos do interior, representantes de federações industriais, movimentos sociais, estudantes, pesquisadores e membros de organizações não governamentais. A pluralidade dos participantes foi celebrada como sinal de maturidade democrática e compromisso com a agenda pública de longo prazo.
Mais do que um exercício de futurologia, o fórum realizado em Campo Grande refletiu um sentimento coletivo: o de que planejar é um ato de responsabilidade com as próximas gerações. E que o Brasil do futuro precisa começar a ser pensado agora, com a voz e o olhar de todos os seus cidadãos.
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