O Rio de Janeiro será, mais uma vez, palco de um dos mais importantes encontros da diplomacia internacional. Nos dias 6 e 7 de julho, a cidade recebe a cúpula do Brics, bloco formado por economias emergentes do chamado Sul Global. O evento, realizado sob a presidência rotativa do Brasil, reúne chefes de Estado e autoridades de 11 países-membros e 10 países-parceiros, em uma agenda intensa que discute temas estratégicos como economia, clima, energia, inteligência artificial, saúde e governança internacional.
Criado oficialmente em 2006, o Brics teve origem no acrônimo formulado pelo economista britânico Jim O’Neill, em 2001, que previa o protagonismo de Brasil, Rússia, Índia e China no cenário econômico do século XXI. Em 2011, o grupo incorporou a África do Sul, ganhando o “S” final. Com o passar dos anos, o bloco se expandiu: atualmente, inclui também Indonésia, Irã, Etiópia, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos como países-membros, além de manter um grupo de parceiros estratégicos, como Cuba, Bolívia, Nigéria, Cazaquistão, Tailândia, Belarus, Malásia, Uganda, Vietnã e Uzbequistão.
Embora não seja um organismo internacional com estrutura fixa ou orçamento próprio, o Brics atua como uma plataforma de cooperação política, econômica e diplomática. Seu objetivo é promover uma ordem mundial mais justa, inclusiva e representativa, sobretudo em instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Entre os principais mecanismos do grupo estão o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), fundado em 2015, e o Arranjo Contingente de Reservas (ACR), que funciona como apoio financeiro mútuo em crises cambiais.
O encontro no Museu de Arte Moderna do Rio marca o ponto alto da presidência brasileira do Brics em 2025, e coroa um ciclo de mais de 200 reuniões técnicas, setoriais e diplomáticas realizadas desde o início do ano. Para o Brasil, essa presidência é estratégica: além de reforçar sua imagem como ator global independente e conciliador, o país busca projetar temas prioritários como a cooperação em saúde global, o combate à mudança climática, o fortalecimento do comércio entre países do Sul Global, e a criação de diretrizes éticas e multilaterais para o uso da inteligência artificial.
Atualmente, os países do Brics representam cerca de 39% do PIB global, 48,5% da população mundial e respondem por aproximadamente 23% do comércio internacional. Em 2024, mais de um terço das exportações brasileiras teve como destino os países do bloco. A dependência comercial e energética mútua tem impulsionado projetos conjuntos nas áreas de infraestrutura, ciência e tecnologia, agricultura, energia e conectividade digital.
A edição deste ano no Brasil também reflete o crescimento do Brics como alternativa às alianças tradicionais dominadas pelo Ocidente. Apesar de não atuar como uma organização formal, o Brics é considerado hoje um dos principais fóruns de articulação entre países em desenvolvimento, defendendo pautas de autodeterminação, equidade e multipolaridade.
A agenda oficial prevê, no domingo, sessões plenárias entre os líderes para debate sobre saúde, clima e financiamento ao desenvolvimento. Na segunda-feira, ocorrem reuniões bilaterais e a leitura da declaração conjunta. O documento deve enfatizar a defesa de uma nova ordem econômica global mais inclusiva e destacar o papel do bloco na promoção da paz, na segurança internacional e no desenvolvimento sustentável.
A realização da cúpula em solo brasileiro evidencia não apenas o prestígio do país entre as economias emergentes, mas também o seu compromisso com a busca de soluções cooperativas para os desafios planetários. Para os analistas, o evento é uma oportunidade de reafirmar o protagonismo do Brasil nas grandes mesas de decisão global, sem abdicar de sua tradição diplomática baseada na negociação, no multilateralismo e na autonomia.
Serviço
Cúpula do Brics 2025 – Rio de Janeiro
Data: 6 e 7 de julho de 2025
Local: Museu de Arte Moderna (MAM), Parque do Flamengo, Rio de Janeiro
Programação:
– 6 de julho: Sessões plenárias temáticas (saúde global, meio ambiente, comércio, IA)
– 7 de julho: Reuniões bilaterais, deliberação da declaração conjunta e encerramento
Próxima cúpula: Índia, 2026
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