Mato Grosso do Sul, 13 de maio de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

Brasil é convocado pela Ucrânia para intermediar encontro histórico com Putin

Chanceler ucraniano pede apoio do governo brasileiro para facilitar diálogo direto entre Zelensky e líder russo em tentativa inédita de cessar-fogo
Créditos - Getty Images/iStockphoto
Créditos - Getty Images/iStockphoto

Em meio a um dos momentos mais críticos da guerra no Leste Europeu, a Ucrânia voltou-se ao Brasil em busca de apoio diplomático para um feito inédito desde o início do conflito. O chanceler ucraniano, Andrii Sybiha, entrou em contato com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e solicitou que o governo brasileiro utilize sua influência internacional para tentar convencer o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a comparecer pessoalmente a um encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. A reunião está marcada para a próxima quinta-feira, dia 15, em Istambul, na Turquia.

A iniciativa partiu da própria Ucrânia, que vê no Brasil um interlocutor estratégico no esforço para abrir um canal de diálogo direto com o Kremlin. Segundo Sybiha, o presidente Zelensky está disposto a encontrar-se com Putin frente a frente e espera que a diplomacia brasileira possa facilitar essa aproximação. A proposta, segundo ele, “depende da coragem e da disposição política do presidente russo”, cuja presença ainda não foi confirmada oficialmente.

O telefonema entre Sybiha e Vieira ocorre poucos dias após Vladimir Putin ter sugerido, pela primeira vez em mais de três anos de guerra, a retomada de negociações diretas com Kiev. Zelensky, por sua vez, acolheu positivamente a proposta, mas reforçou que só participará da reunião se Putin estiver presente. Caso contrário, o encontro perde sua razão de ser, nas palavras do líder ucraniano, que acusou o presidente russo de evitar o confronto diplomático por medo das consequências políticas.

Do lado brasileiro, o Itamaraty confirmou o diálogo entre os chanceleres e reiterou que o Brasil continua comprometido com a defesa de soluções pacíficas, diplomáticas e negociadas para o conflito, posição assumida desde os primeiros dias da guerra. O ministro Mauro Vieira manifestou contentamento com a sinalização russa de retomada das tratativas e destacou a importância de um cessar-fogo imediato para viabilizar qualquer avanço no processo de paz.

A aproximação entre Brasil e Rússia ganhou novo impulso após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Moscou no início desta semana. Durante o encontro com Putin, Lula teria reforçado a proposta de um cessar-fogo prolongado e sugerido um novo modelo de mediação internacional que inclua países neutros e respeitados, como o próprio Brasil. A diplomacia brasileira, contudo, enfrenta obstáculos políticos decorrentes de atritos anteriores com o governo ucraniano.

Desde 2023, o presidente Lula vem tentando assumir o papel de mediador no conflito, mas sua relação com Zelensky tem sido marcada por desentendimentos públicos. O líder ucraniano chegou a afirmar que o Brasil não é mais um ator relevante nas negociações de paz e que teria perdido o momento de protagonismo diplomático. A tensão entre os dois líderes cresceu após Lula declarar que Zelensky deveria reconhecer a via diplomática como única solução possível para o impasse, em contraponto à estratégia militar adotada por Kiev.

A recusa de Lula em se encontrar com Zelensky durante uma escala do ucraniano no Brasil, em 2023, também contribuiu para o distanciamento. Na ocasião, Zelensky seguia para a posse do presidente argentino Javier Milei, e sua tentativa de reunião informal com o chefe de Estado brasileiro foi ignorada, aumentando ainda mais o mal-estar.

Apesar dos desacertos do passado, a atual conjuntura parece ter impulsionado uma reaproximação. A proposta de encontro na Turquia surgiu após líderes da União Europeia ameaçarem impor novas sanções econômicas à Rússia caso não houvesse uma trégua mínima de 30 dias. Diante da pressão internacional, Putin se disse disposto a dialogar com Kiev, embora o Kremlin tenha sinalizado que pode enviar representantes, e não o próprio presidente, ao encontro em Istambul.

Para a Ucrânia, a presença física de Putin é considerada essencial. Caso o líder russo aceite comparecer, será a primeira vez, desde 24 de fevereiro de 2022, que os dois presidentes estarão frente a frente em uma mesa de negociação. O encontro poderá marcar um divisor de águas na trajetória do conflito, abrindo espaço para um acordo inicial de cessar-fogo e, eventualmente, para uma resolução diplomática definitiva da guerra que já provocou milhares de mortes e deixou milhões de deslocados.

O Brasil, neste cenário, ressurge como possível articulador de uma nova frente de diálogo entre as nações beligerantes. A expectativa agora gira em torno da resposta oficial do Kremlin, aguardada para as próximas horas, e da capacidade do governo brasileiro de exercer influência concreta nos bastidores da diplomacia global.

#Ucrania #Rússia #Putin #Zelensky #Brasil #Lula #Paz #Diplomacia #GuerraNaUcrania #Itamaraty #Istambul #ConflitoInternacional

Suas preferências de cookies

Usamos cookies para otimizar nosso site e coletar estatísticas de uso.