A visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil em novembro pode ser marcada por uma “grande abertura de mercados” para produtos do agronegócio brasileiro. A negociação envolve mais de uma dezena de itens, e os acordos sobre alguns deles, como sorgo, uvas frescas, gergelim, miúdos bovinos, óleo e farelo de pescados, podem ser selados durante a visita.
Essa é a expectativa do secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e ministro substituto, Roberto Perosa. “As relações com a China estão no melhor momento possível. Devemos ter uma grande abertura de mercados para produtos brasileiros na China na visita do presidente Xi Jinping e no futuro. Algumas negociações ficarão prontas a tempo e outras seguirão após a visita”, disse.
Perosa recebeu o vice-ministro da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC, na sigla em inglês), Zhao Zenglian, nesta semana, em Brasília, para discutir avanços na pauta bilateral. Ao todo, o Brasil apresentou 18 itens, entre aberturas de mercado, atualização de protocolos e habilitação de plantas exportadoras.
A lista de pedidos brasileiros inclui a abertura de mercado para carne bovina com osso, miúdos bovinos, farelo de amendoim, DDG, farelo e óleo de pescados, uvas frescas, gergelim, sorgo, lima ácida e arroz. O Brasil também quer revisar os protocolos de exportação de carne de aves, para incluir miúdos no acordo, e de carne suína, para a inclusão de novos miúdos. Outra revisão em andamento é do protocolo para exportação de pescado extrativo.
Os lados debateram a possibilidade de certificação eletrônica para produtos cárneos enviados aos chineses e a habilitação de novos frigoríficos para exportação de carnes de aves, suína e bovina. Outro pedido foi para habilitar estabelecimentos para embarque de farinhas de aves e de suínos.
“Há negociações por novos habilitações, a China está aberta a novas habilitações desde que todos os frigoríficos estejam dentro do regramento do Ministério da Agricultura. Estamos aguardando esse novo momento diplomático de novas habilitações”, afirmou.
Ele ressaltou que é o lado chinês que determina o momento para dar o aval às plantas. “Recebemos total boa vontade do ministro chinês para novas habilitações, acredito que teremos novas sim, mas sem prazo definido. Estamos pressionando para que haja, mas há demanda, e isso é o principal”.
Habilitações neste ano
Neste ano, a China habilitou 39 estabelecimentos brasileiros e retirou a suspensão de outros quatro. Apenas uma planta, da BRF, continua com vendas bloqueadas para o país asiático desde 2017, após a Operação Carne Fraca.
Já as vendas de carne de aves do Rio Grande do Sul, suspensas desde a confirmação do caso da doença de Newcastle em Anta Gorda, em julho, deverão ser retomadas na segunda quinzena de outubro. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) preconiza o prazo de 90 dias sem novos focos para declarar a normalidade do status sanitário no país.
“A expectativa com todos os países que ainda não liberaram é que, respeitadas as regras da OMSA, a partir de 19 de outubro as exportações sejam retomadas. Temos plena convicção de que todos os países vão liberar após esse prazo ou antes”, completou. Além da China, o México mantém bloqueio ao Estado inteiro. Diversos clientes adotaram suspensões por raio do foco. Já a Argentina segue sem comprar carne de aves de todo o Brasil.
Durante a visita de Xi Jinping ao Brasil, por conta da reunião de líderes do G20, há expectativa ainda de atualização do protocolo sanitário para os casos do mal da vaca louca e de influenza aviária, para evitar que as exportações do país inteiro fiquem bloqueadas em caso de ocorrência das doenças.