O Brasil está indo na direção oposta da meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para erradicação da tuberculose. Um estudo recente do Instituto Gonzalo Muniz, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Bahia, revela que as políticas públicas atuais não serão suficientes para conter a doença e, pior, indicam uma tendência de aumento nos casos.
Com base em dados registrados entre 2018 e 2023, os cientistas projetam que a incidência da tuberculose no Brasil pode subir dos atuais 39,8 casos por 100 mil habitantes para 42,1 até 2030. Esses números estão longe das metas da OMS, que preveem uma redução de 80% na incidência da doença até 2030, comparado com os índices de 2015.
Os desafios na luta contra a tuberculose
Os pesquisadores reconhecem que as políticas públicas atuais têm seu valor, mas destacam desafios fundamentais que precisam ser superados para reverter esse cenário:
- Acesso limitado à saúde: Muitas regiões do país ainda têm dificuldades para oferecer diagnóstico e tratamento adequado.
- Baixa adesão ao tratamento: Pacientes muitas vezes abandonam a medicação antes do tempo necessário, o que favorece a disseminação da doença e o surgimento de cepas resistentes.
- Impactos da pandemia de Covid-19: A crise sanitária desviou recursos e atenção dos programas de controle da tuberculose, agravando o problema.
- Falta de investimentos: O financiamento para pesquisas e ações inovadoras contra a tuberculose diminuiu na última década.
- Grupos vulneráveis desassistidos: Pessoas em situação de rua, população carcerária e comunidades indígenas são as mais afetadas, exigindo estratégias específicas.
O que pode ser feito?
Segundo os especialistas, algumas ações poderiam reverter essa tendência negativa:
- Aumentar a cobertura da terapia diretamente observada (DOT), garantindo que os pacientes completem o tratamento.
- Ampliar o tratamento preventivo (TPT) para evitar novos casos entre pessoas expostas ao bacilo da tuberculose.
- Melhorar a triagem e o atendimento nas prisões, onde a doença se espalha com mais facilidade.
- Fortalecer o controle da coinfecção com HIV e diabetes, aumentando testes e início rápido do tratamento.
- Desenvolver campanhas de conscientização para reduzir o estigma associado à doença e incentivar a busca pelo diagnóstico precoce.
- Aprimorar a distribuição de medicamentos e o suporte aos pacientes, para evitar a interrupção dos tratamentos.
Com essas intervenções, seria possível reduzir a incidência da tuberculose para 18,5 casos por 100 mil habitantes até 2030. Embora ainda distante da meta da OMS, já seria um avanço significativo.
A luta contra a tuberculose no Brasil exige um esforço coletivo e mais investimento. Caso contrário, o país continuará na contramão da história, perdendo vidas para uma doença que já deveria estar sob controle.
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