Mato Grosso do Sul, 22 de abril de 2025
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Brasil vai leiloar blocos de petróleo em áreas estratégicas mesmo com impasses ambientais

Governo aposta na Margem Equatorial para garantir novas reservas enquanto disputa da Petrobras com órgãos ambientais continua
Leilão em 17/6 incluirá áreas em 5 bacias sedimentares, incluindo Potiguar e Foz do Amazonas
Leilão em 17/6 incluirá áreas em 5 bacias sedimentares, incluindo Potiguar e Foz do Amazonas

O Brasil se prepara para um novo e importante capítulo na corrida por petróleo. No dia 17 de junho, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizará um leilão que promete movimentar o setor energético. Estarão em jogo 173 blocos de exploração, incluindo áreas de alto potencial em terra firme e em alto-mar, espalhadas por cinco bacias sedimentares. O grande destaque vai para a chamada Margem Equatorial, onde estão as bacias da Foz do Amazonas e Potiguar duas regiões cobiçadas pela indústria do petróleo e cercadas por controvérsias ambientais.

A Margem Equatorial, situada entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, é vista como uma das maiores promessas para a reposição das reservas brasileiras, que podem começar a diminuir a partir da década de 2030. No entanto, o local tem gerado polêmica. A Petrobras tenta há anos iniciar a perfuração de um poço na bacia da Foz do Amazonas, mas teve a campanha suspensa em 2023 após entraves com o Ibama, que não autorizou os trabalhos por considerar que o projeto apresentava riscos socioambientais.

Mesmo diante desse impasse, o governo federal decidiu incluir novamente a região no leilão. Serão ofertados 47 blocos na Foz do Amazonas e outros tantos na bacia Potiguar. O Ministério de Minas e Energia defende que essas áreas têm potencial semelhante ao das jazidas já encontradas por gigantes como a ExxonMobil no Suriname e na Guiana, onde bilhões de barris foram descobertos nos últimos anos.

Mas a situação é delicada. A ausência de uma autorização definitiva para explorar a área da Foz do Amazonas gera incerteza entre investidores. Para Rivaldo Moreira Neto, diretor da consultoria A&M Infra, essa indefinição pode acabar desvalorizando os blocos ofertados, afastando empresas interessadas em apostar em regiões tão sensíveis.

Outro fator que pesa na balança é o prazo. As áreas da bacia Potiguar, por exemplo, podem ser retiradas de futuras rodadas caso não sejam arrematadas agora, já que uma autorização conjunta do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério de Minas e Energia está perto de vencer. Essa autorização é o que permite que blocos localizados em zonas consideradas delicadas do ponto de vista ambiental e social possam ser leiloados.

Além da Margem Equatorial, o leilão também incluirá áreas em outras bacias importantes. A ANP vai ofertar blocos na bacia de Pelotas, no sul do Brasil, que tem semelhanças geológicas com a costa da Namíbia, onde empresas europeias fizeram descobertas expressivas recentemente. Em 2023, a Petrobras e a Shell já garantiram dezenas de blocos por lá, que ainda aguardam exploração.

Outras regiões também estão no pacote: a bacia de Parecis, única em terra, e a bacia de Santos, famosa pelas grandes descobertas do pré-sal que colocaram o Brasil entre os principais produtores de petróleo do mundo nos anos 2000.

Segundo a ANP, ao menos 31 empresas estão habilitadas para participar do leilão, incluindo gigantes do setor como Petrobras, ExxonMobil, Shell, Chevron, Equinor e BP. A expectativa é que o evento atraia grande atenção do mercado, mesmo em meio aos desafios ambientais e regulatórios.

A estratégia do governo é clara: garantir a segurança energética do país nas próximas décadas, sem depender apenas das reservas já em produção. No entanto, essa pressa em explorar novas áreas esbarra na crescente pressão de ambientalistas, povos tradicionais e especialistas que alertam para os riscos de exploração em regiões como a Foz do Amazonas, considerada um dos ecossistemas mais ricos e frágeis do planeta.

O leilão de junho será, portanto, mais do que uma disputa por blocos de petróleo. Ele vai colocar à prova o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental, num momento em que o Brasil busca se afirmar como potência energética e, ao mesmo tempo, exemplo de responsabilidade ambiental no cenário internacional.

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