Mato Grosso do Sul, 27 de junho de 2025
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Brasileiras têm menos filhos e adiam maternidade, revela censo demográfico de 2022

Mudanças demográficas apontam para transformação profunda no perfil reprodutivo do país e indicam desafios para o futuro populacional
Taxa de fecundidade cai para 1,55 filho por mulher no Brasil
Taxa de fecundidade cai para 1,55 filho por mulher no Brasil

A dinâmica demográfica brasileira está em plena transformação, conforme revelam os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um dos aspectos mais significativos é a queda contínua da taxa de fecundidade das brasileiras, que chegou a 1,55 filho por mulher em idade reprodutiva, entre 15 e 49 anos, o menor índice já registrado no país. Paralelamente, observa-se um adiamento da maternidade, com aumento da idade média das mulheres ao terem seus filhos.

A taxa de fecundidade, que expressa a média de filhos por mulher, vem decrescendo no Brasil desde os anos 1960, quando superava os seis filhos por mulher. Em 1960, a média era de 6,28, caindo para 1,55 em 2022. Esse movimento acompanha mudanças estruturais nas condições sociais, econômicas e culturais do país, como a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho, o aumento da escolaridade e o acesso ampliado aos métodos contraceptivos.

Segundo a pesquisadora do IBGE Marla Barroso, “a componente de fecundidade é fundamental para compreender a evolução demográfica de uma população. O ritmo de crescimento, a mudança na pirâmide etária e o envelhecimento populacional estão diretamente ligados ao número de nascimentos”. A especialista ressalta que a redução da fecundidade teve início na década de 1960 nas regiões mais desenvolvidas e entre as mulheres com maior nível educacional, especialmente nas áreas urbanas, para depois se expandir para o restante do país.

Diferenças regionais e estaduais

O fenômeno da queda da fecundidade apresenta nuances regionais. Na Região Sudeste, o índice foi de 6,34 filhos por mulher em 1960 e chegou a 1,41 em 2022, o menor do país. O Sul e o Centro-Oeste acompanham essa tendência, com taxas de 1,50 e 1,64, respectivamente, já abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher, ou seja, o número necessário para manter o tamanho da população estável.

No Norte e no Nordeste, regiões que tradicionalmente apresentaram maior fecundidade, a queda também é expressiva, embora as taxas permaneçam um pouco acima da média nacional. O Norte, por exemplo, apresentou 1,89 filho por mulher em 2022, enquanto o Nordeste registrou 1,60. Entre os estados, destaca-se Roraima, único com taxa acima da reposição, de 2,19, seguido por Amazonas e Acre.

Maternidade tardia e maior número de mulheres sem filhos

Além da redução da quantidade de filhos, o Censo 2022 destaca a tendência crescente das mulheres em adiar a maternidade. A idade média da fecundidade passou de 26,3 anos em 2000 para 28,1 anos em 2022. Regiões mais desenvolvidas, como Sudeste e Sul, exibem as maiores médias, próximas a 28,7 anos, enquanto o Norte apresenta a menor idade, 27 anos.

Outro dado relevante é o aumento do percentual de mulheres que chegam ao fim da idade reprodutiva sem filhos. Em 2022, 16,1% das brasileiras entre 50 e 59 anos nunca tiveram filhos, contra 10% em 2000. O fenômeno é mais acentuado nas regiões Sudeste e Norte, com índices que chegam a 18% e 13,9%, respectivamente.

Influência da religião, raça e escolaridade

O Censo também aponta diferenças na taxa de fecundidade conforme a religião, raça e nível de escolaridade das mulheres. As evangélicas apresentam a maior taxa, com 1,74 filho por mulher, enquanto as adeptas do espiritismo e das religiões afro-brasileiras registram índices inferiores à média nacional. Em termos raciais, mulheres indígenas mantêm a taxa acima da reposição, com 2,8 filhos por mulher, ao passo que brancas e asiáticas apresentam taxas mais baixas, em torno de 1,4 e 1,2, respectivamente.

A escolaridade mostra relação direta com a fecundidade: mulheres com ensino superior têm em média 1,19 filho, enquanto aquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto apresentam uma média superior, de 2,01 filhos. A gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Izabel Marri, explica que o maior nível educacional proporciona maior acesso à informação e métodos contraceptivos, o que influencia diretamente as escolhas reprodutivas.

Desafios para o futuro demográfico

O cenário atual coloca o Brasil diante de importantes desafios. A persistente queda da fecundidade, combinada com o aumento da idade média da maternidade e o crescimento da parcela de mulheres sem filhos, sinaliza uma mudança no perfil populacional, com envelhecimento acelerado e possível redução do contingente jovem. Esse fenômeno impacta a estrutura econômica e social do país, exigindo políticas públicas que atendam às demandas de uma população que se transforma rapidamente.

O acompanhamento rigoroso dessas tendências é fundamental para que o Brasil possa planejar estratégias eficazes nas áreas de saúde, educação, previdência e mercado de trabalho, garantindo o bem-estar das futuras gerações.

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