Brasília virou palco de uma conversa séria e urgente entre gigantes da economia mundial. Representantes dos 11 países que hoje formam o Brics se reuniram nesta quinta-feira, 17 de abril, no Palácio do Itamaraty, para discutir caminhos mais justos e sustentáveis para alimentar o planeta. Na pauta, segurança alimentar, agricultura familiar, preservação ambiental, desenvolvimento rural e apoio aos mais vulneráveis.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, não economizou nas palavras. Para ele, os países do Brics têm uma missão que vai muito além da economia: eles têm nas mãos boa parte do futuro da alimentação do mundo. Não é pouca coisa. Juntos, os membros do bloco reúnem 30% das terras agrícolas do planeta, são responsáveis por 70% da produção aquícola global e ainda abrigam mais da metade das propriedades agrícolas familiares existentes.
Fávaro reforçou que a força do grupo está na união e na confiança mútua. Disse que é hora de produzir mais, sim, mas com responsabilidade, respeitando o meio ambiente e sem deixar ninguém para trás. “O futuro da agricultura está diretamente ligado à capacidade de nossos países de inovar com equidade, produzir com responsabilidade e cooperar com confiança”, afirmou.
Durante o encontro, os ministros firmaram uma nova Declaração Ministerial de Agricultura do Brics, com compromissos concretos. Entre eles, o apoio à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e o reconhecimento da importância dos povos indígenas, comunidades locais e agricultura familiar na construção de um sistema alimentar mais justo e equilibrado.
Uma das novidades foi o lançamento da Parceria dos Brics para a Restauração de Terras, uma iniciativa que pretende recuperar áreas degradadas por meio de reflorestamento, agricultura sustentável e mais investimentos em pesquisa. O plano ainda busca atrair apoio financeiro de bancos de desenvolvimento e do setor privado para transformar promessas em ações reais.
Outro ponto importante foi o fortalecimento da pesca e da aquicultura com práticas sustentáveis, valorização de pescadores artesanais e inclusão social. Os países também querem mais participação de mulheres e jovens no campo, garantindo acesso a crédito, capacitação e incentivo à permanência no meio rural.
A tecnologia e a inovação também foram destaque. O grupo defendeu práticas agroecológicas, uso de bioinsumos, conservação da água e da biodiversidade. A Plataforma de Pesquisa Agrícola dos Brics (BARP) será reforçada para ajudar os países a enfrentar os desafios climáticos e aumentar a produtividade de forma equilibrada.
Os ministros discutiram ainda formas de tornar o comércio agrícola entre os países mais simples e justo. Falaram sobre certificações eletrônicas fitossanitárias, normas internacionais, incentivo à criação de uma Bolsa de Grãos dos Brics e novos mecanismos de financiamento para importação de alimentos.
Para organizar tudo isso no papel, começou a negociação do novo Plano de Ação para Cooperação Agrícola do Brics, que vai valer de 2025 até 2028. A ideia é que o plano reúna todas essas decisões e transforme o discurso em prática.
No fim da reunião, Fávaro convidou os países para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será em novembro, em Belém. Ele afirmou que o evento será uma chance histórica de aproximar as agendas do clima, da agricultura e do desenvolvimento sustentável.
Durante a semana, o ministro também teve encontros com autoridades do Irã e da Índia. Com o Irã, foi discutida a criação de um comitê agrícola bilateral para facilitar acordos e comércio. O Brasil quer vender mais frutas, pescados e carne de frango, e o Irã busca melhorar a logística com uma empresa de navegação no Brasil. Também foi falado sobre a exportação de caviar iraniano, que está perto de ser liberada.
Já com a Índia, o diálogo foi focado em pesquisa agropecuária, genética bovina e trocas comerciais. Os indianos querem vender romãs para o Brasil, e nós queremos vender feijão guandu, erva-mate, noz-pecã e carne de frango. Além disso, a parceria histórica na criação de gado zebu foi reforçada como um símbolo da união entre os dois países.
O encontro do Brics em Brasília deixou claro que, para combater a fome e cuidar do planeta, é preciso união, respeito à diversidade, incentivo à ciência e, principalmente, vontade política de transformar o discurso em ação.
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