Mato Grosso do Sul, 17 de março de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

Calor extremo vai se estender para além do carnaval e ‘fornalha’ pode persistir até o outono

Especialistas alertam que altas temperaturas, associadas a alta pressão atmosférica, devem continuar afetando o Brasil, trazendo mais calor e seca ao longo de março, até a chegada do outono

O que muitos já estavam temendo se confirma: o calor extremo que está assolando o Brasil neste verão vai se estender para além do carnaval e deve perdurar até o outono. Segundo alertam especialistas, as altas temperaturas, associadas a uma alta pressão atmosférica persistente, não têm data para ceder. Em algumas regiões, como o Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o calor deve continuar forte e a seca, que já prejudica o país, vai dar mais dor de cabeça. Para os cientistas, o problema está se tornando cada vez mais grave e as condições podem persistir por semanas.

A alta pressão atmosférica, que é responsável por bloquear a formação de chuvas, tem se intensificado. Com isso, o clima quente e seco se instalou, principalmente nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde as temperaturas já ultrapassaram a média das máximas de verão. “Mesmo que temporais isolados possam ocorrer, a tendência é que o calor continue. A previsão é de que, sem uma frente fria significativa, o clima vai seguir dessa forma até a chegada do outono, no dia 20 de março”, alerta o climatologista José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Além da onda de calor, o clima também está sendo marcado pela seca. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, enfrentou um mês de fevereiro com recordes de baixíssima chuva, registrando apenas 11 mm até o dia 24, o que representa apenas 7% do que seria normal para o período. Essa falta de chuva tem gerado um grande impacto nas reservas de água, principalmente nas regiões mais afetadas pela seca prolongada.

Ondas de calor mais intensas e duradouras

De acordo com os estudos realizados por Regina Rodrigues, professora de oceanografia e clima da Universidade Federal de Santa Catarina, as ondas de calor, que anteriormente duravam de 5 a 7 dias, agora se estendem por 15 a 20 dias. Esse aumento na duração das ondas de calor é um reflexo das mudanças climáticas. “O sistema de alta pressão, que costumava se formar no Oceano Atlântico, agora está se deslocando para o continente. Isso impede a formação de nuvens, bloqueando as chuvas e deixando as regiões mais afetadas pelo calor intenso”, explica Rodrigues.

Além disso, o fenômeno é intensificado pela chamada Oscilação de Madden-Julian (MJO), que se fortalece em períodos de La Niña fraco, gerando grandes ondas de ar que afetam a América do Sul. Quando isso acontece, o anticiclone se desloca para o continente e acaba aquecendo ainda mais as regiões do Brasil. E quando o ar esquenta, ele fica seco, o que agrava ainda mais a situação.

Foto: Alexandre Cassiano

O impacto para o clima e o cotidiano

As consequências disso são sentidas diretamente pelas pessoas, principalmente com o aumento dos incêndios e riscos de fogo. “Sem chuva, o risco de fogo é altíssimo. E as chuvas que ocorrem são rápidas e intensas, não trazendo alívio de fato”, destaca Marengo. Além disso, o calor no litoral também tem gerado desconforto, com temperaturas acima de 35°C no Rio de Janeiro, e sem a brisa refrescante que normalmente vem das águas mais frias do oceano.

Com a chegada do outono, as esperanças ficam voltadas para uma possível mudança nas condições climáticas, mas os especialistas destacam que a solução para o calor extremo está na redução das emissões de gases de efeito estufa, já que as mudanças climáticas são um dos principais motores dessa intensificação de ondas de calor. A falta de chuva, em plena estação chuvosa, pode comprometer ainda mais a disponibilidade de água no Brasil, afetando diretamente o abastecimento das grandes cidades.

Desafios à frente

Em um cenário já afetado por secas severas, a chegada de ondas de calor mais frequentes e intensas representa um desafio não apenas para o meio ambiente, mas para a vida cotidiana das pessoas. A persistência da alta pressão atmosférica, com seu calor inclemente, exigirá esforços mais coordenados para garantir a segurança hídrica e a adaptação a um clima cada vez mais imprevisível.

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