Camila Pitanga retorna ao mundo das novelas com o mesmo brilho que a consagrou, mas agora com uma visão renovada sobre sua carreira, a maternidade e a vida pessoal. Após um longo hiato da TV, em que se dedicou a outros projetos, como o teatro e a série Aruanas, a atriz reaparece com uma vilã que conquistou o público e explodiu nas redes sociais. Em Beleza Fatal, Pitanga interpreta Lola Argento, uma mulher ambiciosa e cruel, que ao mesmo tempo desperta uma fascinante empatia, prova de que a complexidade humana é o que mais atrai o público em tempos de histórias cada vez mais profundas.
“Eu sou só gratidão por ter uma personagem tão complexa que as pessoas amam odiar”, comenta Camila, que admite que interpretar Lola foi um desafio enriquecedor. A personagem, que virou fenômeno entre os fãs, é uma mulher sem escrúpulos, mas com uma vulnerabilidade que a torna, paradoxalmente, adorável. “Ela tem um apetite de viver, uma maneira debochada, sem vergonha, sem pudor. E acho que aí o público tem chance de viver o escracho”, completa a atriz.
Lola é o retrato da obsessão pelo poder e pela estética, temas centrais da novela, e tem como cenário a clínica Lolaland, onde as mudanças estéticas de seus clientes, e suas próprias transformações, são parte essencial do enredo. A trama original da plataforma Max, com a direção de Maria de Medicis, foi sucesso imediato e fez Camila voltar com tudo, conquistando novamente os corações dos brasileiros.
A Vilã que todos amam odiar
Personagens como Lola sempre foram queridinhas do público brasileiro. As vilãs conquistam as telas e as redes sociais com sua dualidade, entre o ódio e o amor, e Lola segue a tradição de figuras como Nazaré Tedesco, Carminha e Odete Roitman. Camila analisa com precisão o fascínio por essas personagens: “Ela é perigosa, sim, mas como padece, a gente vê sua vulnerabilidade. No fundo, ela tem uma coisa parecida com todo mundo: quer viver bem”, reflete.
Apesar de sua trajetória, que inclui feitos questionáveis, Lola representa a perseverança, a luta por um lugar ao sol, algo que Camila identifica no brasileiro, sempre disposto a dar a volta por cima. Para a atriz, essa caracterização humana é o que torna a vilã tão cativante. “Ela sofre, cai, mas dá a volta por cima. O brasileiro não desiste nunca. A Lola é isso.”
Reapresentando Camila Pitanga
Ao longo de mais de 30 anos de carreira, Camila Pitanga deixou sua marca em papéis memoráveis, como Bebel, em Paraíso Tropical, mas foi com a personagem de Beleza Fatal que ela se reinventou para o público. Sua volta aos folhetins veio após quase dez anos de ausência, um período em que se dedicou a refletir sobre sua trajetória. A perda de Domingos Montagner durante as gravações de Velho Chico, em 2016, fez com que a atriz interrompesse temporariamente os trabalhos na TV, buscando se reposicionar. “Eu sou uma pessoa privilegiada de ter uma família muito amorosa, de ter amigos cúmplices. Fui ungida com amor a minha vida inteira”, afirma.
Durante esse tempo, a atriz também se envolveu em outros projetos de grande importância. Ela atuou como produtora executiva na Warner Bros. Discovery e se dedicou ainda mais à criação de sua filha, Antonia, que hoje tem 16 anos. “Eu aprendi a desacelerar e a valorizar mais a minha vida pessoal”, compartilha Camila, que agora encara a carreira com um ritmo mais tranquilo e com projetos que a desafiem de maneiras novas e emocionantes.
A Era Digital e o fandom de Lola
Camila Pitanga, com mais de 4 milhões de seguidores nas redes sociais, também compartilhou com o público o processo de adaptação ao mundo digital. “Eu resolvi entrar no mundo digital e entender essa troca. Não tive vergonha de admitir que não sabia de muita coisa”, conta a atriz. Ela admite que, apesar de sua imagem ser fundamental para a personagem Lola, não se pauta pela estética, acreditando que o vínculo com as pessoas é o que realmente a nutre.
A atriz também destaca a importância da representatividade nas novelas e outras formas de mídia. “Quando você tem três atrizes negras protagonizando novelas, isso é uma visão progressista de amor ao Brasil e ao seu povo”, ela afirma, citando suas colegas Duda Santos, Jéssica Ellen e Gabz como exemplos de representatividade. Camila considera que a diversidade e a inclusão são aspectos essenciais da dramaturgia atual, seja na TV aberta ou no streaming.
Maternidade e relações familiares
Além da carreira, Camila Pitanga também compartilha um lado mais íntimo de sua vida, principalmente em relação à sua filha, Antonia. Criada por seu pai, o veterano Antonio Pitanga, a atriz faz questão de destacar a importância da liberdade nas relações familiares. “A liberdade exige uma dimensão de limite, hierarquia”, reflete Camila, ao falar sobre a criação da filha e a relação com os pais.
Camila também se dedica a cuidar de sua mãe, Vera Manhães, que enfrenta desafios relacionados à saúde mental. Para ela, a maturidade e o amadurecimento emocional são aspectos fundamentais das relações familiares, e ela celebra o momento de afeto e troca com sua mãe. “Está sendo muito bom ser filha da dona Vera e mãe pronta da dona Vera”, diz Camila, que vê nesse ciclo de cuidados um novo entendimento do amor.
Camila Pitanga é a prova de que as etapas da vida são ciclos que se completam, e ela vive cada um deles com intensidade e sabedoria. De vilã a mãe, de atriz a produtora, a atriz segue trilhando seu caminho com leveza e profundidade, sem abrir mão do que realmente importa: o afeto, as relações verdadeiras e a liberdade de ser quem ela é.
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