Mato Grosso do Sul, 25 de abril de 2025
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Campo quer mais dinheiro e menos burocracia para garantir comida na mesa dos brasileiros

CNA pede R$ 594 bilhões no novo Plano Safra, reforça necessidade de ampliar seguro rural e cobra agilidade na liberação dos recursos para não deixar produtor no prejuízo
Foto: AEN/Divulgação
Foto: AEN/Divulgação

O agro brasileiro bateu à porta do governo com um recado claro: é hora de colocar mais grana no campo e parar de empacar o crédito rural. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) enviou um documento oficial ao Ministério da Agricultura pedindo que o novo Plano Safra 2025/26, que começa em julho, tenha R$ 594 bilhões disponíveis para pequenos, médios e grandes produtores. A cifra representa um aumento de quase 25% em relação ao valor ofertado na safra atual, que foi de R$ 477 bilhões.

Além disso, a CNA quer que o orçamento para equalização dos juros aquele dinheiro que ajuda a baixar os custos dos financiamentos — suba dos atuais R$ 14 bilhões para R$ 25 bilhões. O foco, segundo a entidade, deve ser nos investimentos a longo prazo, como armazenagem, irrigação, inovação e produção sustentável.

A entidade ruralista também pediu atenção especial ao seguro rural. A proposta é multiplicar por quase quatro vezes os recursos do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), pulando de R$ 1,06 bilhão para R$ 4 bilhões. Tudo isso em um momento de forte aperto econômico, com juros altos, dólar oscilando, tensões internacionais e inflação pressionando o bolso do produtor e do consumidor.

Recurso tem que virar financiamento de verdade

De nada adianta anunciar bilhões em apoio ao campo se o dinheiro não chega na ponta. Esse foi outro alerta da CNA. A entidade criticou o baixo desempenho da liberação de recursos neste ciclo 2024/25. Em algumas linhas, como a do Prodecoop, apenas 31% do dinheiro prometido foi realmente aplicado. O Moderfrota, que financia a compra de tratores e colheitadeiras, só conseguiu liberar 57% do total.

Segundo a CNA, a culpa não é da falta de interesse do produtor, e sim da demora dos bancos em liberar os projetos. Há relatos de agricultores que esperam há meses pela aprovação dos pedidos. Em fevereiro deste ano, o orçamento para operações equalizadas chegou a acabar, forçando o governo a abrir crédito extraordinário de R$ 4,1 bilhões para não travar tudo.

Apoio ao pequeno, crédito em dólar e uso de fundos parados

No documento entregue ao governo, a CNA reforça que os pequenos e médios produtores precisam ser prioridade. Do total solicitado, R$ 103 bilhões seriam destinados ao Pronaf, que atende a agricultura familiar. A proposta é que haja mais apoio para investimento e menos burocracia, incluindo a redução de custos com cartórios e outras exigências.

Outra sugestão foi a criação de linhas de crédito rural em dólar, com condições especiais para mitigar os riscos do câmbio. A ideia é ajudar produtores que exportam ou compram insumos cotados na moeda americana, como fertilizantes.

A CNA também defende o uso de recursos parados em mais de 200 fundos públicos espalhados pelo país. Exemplos incluem o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), Fundo Social e fundos setoriais. Segundo a proposta, os recursos com mais de três anos sem uso poderiam ser redirecionados para financiar o agro, sempre com regras claras e fiscalização.

Seguro sim, mas sem obrigatoriedade por enquanto

Apesar de apoiar a ampliação do seguro rural, a CNA não quer que ele vire uma exigência para quem busca crédito com juros subsidiados. A entidade argumenta que o setor segurador no Brasil ainda está em desenvolvimento e que obrigar o seguro pode dificultar o acesso ao financiamento.

A entidade apoia o projeto de lei da senadora Tereza Cristina (PP-MS) que cria o Fundo Catástrofe, garantindo verba para socorrer o produtor em caso de grandes perdas, além de fortalecer o seguro rural com mais estabilidade.

Exigibilidades e LCAs também entraram na conta

Para garantir mais dinheiro circulando no campo, a CNA sugeriu elevar de 65% para 70% o percentual de exigibilidade da poupança rural, e de 50% para 85% nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). A ideia é usar esses recursos também em fundos de investimento do agro (Fiagros), diversificando a forma como o dinheiro chega até o produtor.

A entidade criticou as mudanças frequentes nas regras desses títulos e alertou que isso atrapalha a previsibilidade dos bancos na hora de planejar financiamentos. Mesmo com o crescimento do saldo de LCAs (chegando a R$ 540 bilhões), o ritmo está diminuindo, e a preocupação é que isso afete os investimentos a longo prazo.

Produzir mais com sustentabilidade e menos entraves

A CNA defende que produtores que adotem boas práticas ambientais tenham acesso a taxas de juros menores ou possam financiar valores maiores. No entanto, alerta que as exigências de comprovação não podem ser caras ou difíceis demais.

A entidade também reforçou que ainda há muito entrave regulatório e ambiental que vai além do necessário e que isso precisa ser revisto. Para o campo produzir mais e melhor, é preciso facilitar e não complicar.

No fim das contas, o recado da CNA ao governo é direto: com juros altos, instabilidade internacional e custos em alta, o campo precisa de mais apoio, mais crédito, menos burocracia e previsibilidade. O Plano Safra 2025/26 será decisivo para garantir que o alimento continue chegando à mesa dos brasileiros a preços acessíveis, sem sufocar o produtor.

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