Mato Grosso do Sul, 10 de julho de 2025
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Caos logístico nos portos brasileiros trava exportação de café e causa prejuízo milionário

Exportadores enfrentam dificuldades no embarque do grão e já acumulam perdas de R$ 57,7 milhões em oito meses. Atrasos e mudanças nas escalas dos navios prejudicam escoamento da safra e afetam toda a cadeia produtiva

Os exportadores brasileiros de café enfrentaram mais um mês de prejuízo devido a problemas logísticos nos portos do país. Em janeiro de 2025, as dificuldades de embarque resultaram em perdas de R$ 6,1 milhões, impactando diretamente a comercialização do grão no mercado internacional. O cenário se repete há meses e, desde junho de 2024, os prejuízos acumulados já chegam a R$ 57,7 milhões, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Apesar de a entressafra reduzir um pouco os impactos, as dificuldades no transporte marítimo continuam afetando a saída do café. No primeiro mês do ano, 672,1 mil sacas de 60 quilos – um total de 2.037 contêineres – deixaram de ser exportadas devido a atrasos e mudanças frequentes nas escalas dos navios. Os dados foram levantados pelo Cecafé a partir do monitoramento de 23 empresas associadas, responsáveis por 65% dos embarques totais do país.

“O café que estava parado nos portos até dezembro vem sendo escoado aos poucos, mas nossos associados ainda relatam muitos desafios logísticos. Os atrasos e as alterações de escala permanecem frequentes, impactando os embarques e aumentando os custos operacionais”, afirmou o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.

Prejuízos bilionários e impacto na economia

O problema logístico não afeta apenas as tradings, mas também compromete toda a cadeia produtiva do café. Com o preço médio da saca de café verde exportado a US$ 336,33 e o dólar cotado a R$ 6,0212 em janeiro, o país deixou de receber cerca de R$ 1,36 bilhão devido aos embarques não realizados. Isso representa um menor repasse de receita para os produtores e um impacto significativo na balança comercial.

Além da perda direta, os exportadores enfrentam custos extras com armazenagem prolongada, multas de detenção de contêineres (detentions), pré-stacking e antecipação de gates nos portos. Esses gastos adicionais elevam ainda mais os prejuízos e reduzem a competitividade do café brasileiro no mercado global.

O colapso nos portos brasileiros

Os gargalos logísticos nos portos do Brasil não são novidade, mas o problema se agravou nos últimos meses. Falta de infraestrutura, atrasos na liberação de cargas e a escassez de contêineres são fatores que dificultam o escoamento da produção agrícola, e o café tem sido uma das commodities mais afetadas.

O Porto de Santos, responsável por 75,3% das exportações do grão no primeiro mês do ano, vive um cenário crítico. Segundo o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 77% dos navios que operam no terminal enfrentam atrasos ou mudanças de rota. Em janeiro, algumas embarcações chegaram a esperar 40 dias para partir, comprometendo cronogramas e contratos internacionais.

Além de Santos, outros portos estratégicos para o agronegócio, como Paranaguá (PR) e Itaguaí (RJ), também registram dificuldades na movimentação de cargas. Filas gigantescas de caminhões e navios congestionam os terminais, gerando transtornos para produtores, exportadores e importadores.

O impacto vai além do café. Soja, milho e carnes também sofrem com a morosidade nos embarques, o que pode prejudicar a credibilidade do Brasil como fornecedor global de produtos agrícolas. Empresas internacionais já demonstram preocupação com a instabilidade logística do país, o que pode levar a uma preferência por fornecedores de outros países.

Causas do atraso e possíveis soluções

Os problemas nos portos brasileiros são resultado de uma combinação de fatores, incluindo falta de investimentos em infraestrutura, burocracia excessiva e aumento da demanda por exportações. Especialistas apontam que, sem modernização e ampliação da capacidade portuária, os atrasos continuarão prejudicando a economia nacional.

Entre as soluções propostas pelo setor, destacam-se:

  • Aceleração de obras de ampliação portuária: projetos de modernização de terminais e construção de novos píeres precisam sair do papel com urgência.
  • Maior eficiência na liberação de cargas: a redução da burocracia na Receita Federal e nos órgãos reguladores ajudaria a diminuir os tempos de espera nos portos.
  • Melhoria na infraestrutura logística: investimentos em ferrovias e hidrovias poderiam aliviar a sobrecarga dos portos e reduzir a dependência do transporte rodoviário.
  • Revisão de contratos com companhias marítimas: negociações mais flexíveis com empresas de navegação podem minimizar os impactos das constantes mudanças nas escalas dos navios.

Enquanto medidas estruturais não são adotadas, os exportadores de café seguem enfrentando incertezas e prejuízos crescentes. Se o Brasil não resolver seus entraves logísticos, pode perder espaço no mercado internacional, comprometendo não apenas o agronegócio, mas toda a economia do país.

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