Mato Grosso do Sul, 6 de maio de 2025
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Careca do INSS é apontado como peça-chave em fraude bilionária e já foi doador na campanha de Jair Bolsonaro 2022

Lobista investigado por esquema de descontos em aposentadorias acumulou fortuna, influenciou o INSS e manteve vínculos políticos com o ex-presidente
Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido nos bastidores  como o “Careca do INSS”
Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido nos bastidores como o “Careca do INSS”

Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido nos bastidores de Brasília como o “Careca do INSS”, virou um dos principais alvos das investigações da Polícia Federal que apuram um gigantesco esquema de fraudes em aposentadorias. Com trânsito livre nos corredores do Instituto Nacional do Seguro Social, ele é acusado de intermediar acordos fraudulentos que resultaram em bilhões de reais desviados de aposentados, através de descontos automáticos para entidades associativas sem o consentimento dos beneficiários.

Figura conhecida nos bastidores do poder, o lobista construiu sua influência com uma atuação direta entre entidades e diretores do INSS. E foi justamente esse trânsito privilegiado que o colocou no centro das investigações. Segundo a Polícia Federal, Antunes teria pago propina a nomes de peso dentro do INSS, como o ex-diretor de Benefícios André Fidelis, o ex-diretor de Integridade Alexandre Guimarães e o ex-procurador-geral do órgão, Virgílio Oliveira Filho.

Mas o envolvimento do “Careca do INSS” com o poder não para por aí. Ele também aparece como doador da campanha presidencial de Jair Bolsonaro em 2022. Na época, a candidatura do então presidente incentivava doações simbólicas via Pix, como forma de impulsionar o engajamento e vincular a tecnologia de pagamentos instantâneos à imagem de seu governo. A doação de Antunes, mesmo discreta, reforça as conexões do lobista com o núcleo político do ex-presidente, revelando um elo entre interesses privados e campanhas eleitorais.

O bastidor do escândalo

Antonio Carlos Camilo Antunes não é um desconhecido do setor. Ex-superintendente de marketing de uma das maiores empresas de planos de saúde do país, ele se reinventou como lobista em Brasília, criando a Prospect Consultoria, empresa responsável por mediar contratos com associações que operavam os descontos em folha dos aposentados.

Entre esses contratos, um em especial chamou atenção dos investigadores. Um acordo entre a Prospect e o Cebap (Centro Brasileiro de Apoio à Pessoa), entidade também sob investigação, previa o pagamento de uma comissão de 27,5% para o lobista sobre tudo o que fosse descontado dos benefícios dos aposentados. O resultado desse contrato foi um salto impressionante: em apenas dez meses, o faturamento do Cebap com os repasses subiu de R$ 574 mil para quase R$ 10 milhões por mês.

As cifras assustadoras não pararam por aí. As investigações mostraram que Antunes teria participado como sócio de uma empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal conhecido por dificultar o rastreamento de movimentações financeiras. Essa empresa teria investido cerca de R$ 11 milhões em imóveis de alto padrão localizados em Brasília e São Paulo, no auge do que os investigadores chamam de “farra do INSS”.

O peso da influência e os caminhos da propina

A força de Antunes dentro do INSS era tanta que ele passou a ser chamado de “careca do INSS” por funcionários e políticos que o viam circular com frequência dentro do órgão. Mais do que apenas um lobista, ele era considerado um operador de confiança entre as entidades e os setores estratégicos do instituto. Seu nome aparecia nas articulações que autorizavam novos contratos, aceleravam convênios e desbloqueavam pagamentos milionários.

As denúncias mostram que parte da propina teria sido paga em espécie, em endereços estratégicos, para evitar rastreamento bancário. Em troca, os diretores do INSS facilitavam as autorizações para que associações pudessem descontar valores diretamente do contracheque de aposentados e pensionistas, muitas vezes sem autorização formal, através de sistemas que deveriam ser usados apenas para serviços essenciais, como empréstimos consignados e convênios oficiais.

Enriquecimento e queda

O crescimento financeiro de Antunes foi rápido e surpreendente. Em pouco tempo, ele deixou a vida discreta de executivo e passou a frequentar ambientes de luxo, investir em imóveis e ampliar sua rede de contatos. Mas com a deflagração da operação “Sem Desconto”, seu império começou a ruir.

Hoje, o “careca do INSS” é investigado por corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e fraude contra a administração pública. A expectativa é que novas fases da operação revelem mais detalhes sobre a extensão do esquema e o envolvimento de outros agentes públicos e privados.

Enquanto isso, aposentados lesados seguem à espera de respostas e de ressarcimento. O escândalo expõe mais uma vez como estruturas públicas podem ser manipuladas por interesses privados, quando falta fiscalização e sobra conivência nos altos escalões do poder.

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