Mato Grosso do Sul, 12 de maio de 2025
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Cenário eleitoral em Rio Brilhante(MS) mostra que tudo pode acontecer

A informação não repercutiu nada bem na cidade. A pecha de “elitista” e “mau gestor” acabou pegando em Lucas, que, com o campeonato de beach tennis
Imagem - Facebook/Arquivo
Imagem - Facebook/Arquivo

O município de Rio Brilhante, na região de Dourados, tem menos de 40 mil pessoas. A pacata e próspera cidade recebe, entre 14 e 18 de agosto, uma etapa do circuito mundial de Beach Tennis. O torneio será da categoria BT 100, pagando um prêmio de US$ 10 mil (R$ 52 mil).

Para levar o evento esportivo para a cidade foram investidos R$ 420.000, conforme indica o termo de contribuição 61/2024, publicado no Diário Oficial em 25 de junho. O valor é um repasse à Federação sul-mato-grossense de Tênis. Nas redes sociais, o prefeito Lucas Foroni (MDB) comemorou a chegada do evento com a frase “o beach venceu”, jargão de Jorginho, personagem playboy do humorista Fausto Carvalho.

A percepção da população é que, em ano eleitoral, Lucas apenas está tentando agradar uma elite da cidade, adepta do beach tennis, e que existiriam diversas outras finalidades melhores para quase meio milhão de reais.

Um dos aspectos que mexem com a aparente vantagem de Lucas Foroni na busca pela reeleição à prefeitura este ano foi a divulgação, no final do mês passado, de um inquérito civil do Ministério Público Estadual (MPE) para apurar eventual dano ao erário, gerado pela aquisição de uma usina de asfalto e o espargidor de emulsão asfáltica, em 2021. Ocorre que o maquinário nunca foi utilizada pela prefeitura de Rio Brilhante e encontra-se em estado de decomposição.

A informação não caiu bem na cidade, remetendo ao processo que corre na 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que bloqueou bens de até R$ 444.892,65 do ex-prefeito da cidade, Sidney Foroni (MDB), pai de Lucas, do ex-secretário municipal de Finanças, Silvano dos Santos Livramento; e de uma autoelétrica e seu proprietário.

Enquanto Lucas tenta se desvincular do passado recente que associa o sobrenome da família à má gestão pública e investigação por mau uso do dinheiro do povo de Rio Brilhante, o veterano David Vincensi confirmou sua pré-candidatura a prefeito. O nome vem crescendo como a alternativa ao de Lucas que não é visto como alguém identificado com a agricultura familiar, por exemplo, um dos alicerces da economia local.

Jorginho, personagem playboy do humorista Fausto Carvalho (imagem – R7)

Filiado ao União Brasil, Vincensi tem história na cidade, sendo conhecido pela sua trajetória de empresário bem-sucedido, com amplo conhecimento de gestão. Ele tem dito aos apoiadores que está “mais animado que nunca” para mostrar o mesmo empenho na administração pública e fazer Rio Brilhante avançar “como nunca, desenvolvendo-se de verdade”.

Outro nome que surgiu na disputa foi o do ex-vereador Marlos Joris (PSOL), mais conhecido como “Marlão”. Em vídeo publicado nas redes sociais ele afirmou que teria condições de “abrir a caixa preta” da administração de Rio Brilhante, porém pesa contra ele o fato de ser ligado a um partido de extrema-esquerda, que historicamente conflita com o agro, e localmente não tem estrutura para levar uma campanha majoritária até o fim.

O telhado de vidro do Lucas Foroni faltando três meses para a eleição certamente será atingido pelos adversários. O contrato investigado pelo MPE (055/2021), assinado pela prefeitura comandada pelo emedebista com a empresa Margui Máquinas Eireli ao custo de total de R$ 900.000. Três anos depois, a investigação do órgão público levantou a possibilidade de possível ato de improbidade administrativa e lesão aos cofres do município.

Nesse meio tempo, a prefeitura foi assinando novos contratos com empreiteiras para asfaltar trechos da cidade, num montante que ultrapassa R$ 10 milhões. A informação não repercutiu nada bem na cidade. A pecha de “elitista” e “mau gestor” acabou pegando em Lucas, que, com o campeonato de beach tennis, acabou associando sua imagem mais uma vez com a de um playboy que pouco sabe sobre os reais problemas da cidade.

Segundo a denúncia, em junho de 2021, o Poder Executivo Municipal de Rio Brilhante/MS celebrou o Contrato de nº. 055/2021 com a empresa Margui Máquinas Eireli (cópia do contrato em anexo) para fins de aquisição de usina processadora de concreto asfáltico usinado a quente e espargidor rebocável, no valor total de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), mas a máquina nunca foi utilizada.

“Ocorre que a máquina adquirida nunca foi usada pelo Poder Público e encontra-se em lamentável estado de deterioração, conforme faz prova os documentos em anexo, em evidente ato de improbidade administrativa devido a efetiva lesão ao erário, perda patrimonial e dilapidação do bem público, nos termos da Lei nº. 8.429/92 c/c art. 163, III do Código Penal”, diz a denúncia. O morador pediu a apuração dos fatos e instauração de um inquérito civil, bem como quebra de sigilo bancário dos envolvidos.

Isso ficou mais evidente com a decisão recente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul para que o atual prefeito de Rio Brilhante pague reajuste para os servidores conforme o IGPM (Índice Geral de Preços Mercado). Em mais uma trapalhada administrativa, foi descumprida a Lei 1.047/97, que prevê o uso do índice. Segundo o documento, o município contrariou dispositivos legais ao aplicar dois índices distintos para seus servidores, fazendo com que eles entrassem na justiça para reparar o erro.

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