Vinte aeronaves militares chinesas entraram na zona de identificação de defesa aérea de Taiwan nesta sexta-feira, 26, na maior incursão já relatada pelo Ministério da Defesa da ilha, marcando um agravamento nas tensões em todo o Estreito de Taiwan. A ilha autônoma é considerada uma província rebelde por Pequim.
Segundo o ministério, a Força Aérea taiwanesa usou mísseis para “monitorar” a incursão na parte sudoeste de sua zona de identificação, que começa na metade da distância entre os dois países, sobre o estreito de Taiwan. O gabinete também informou que seus aviões alertaram, via rádio, sobre a presença de aeronaves chinesas.
Foi a maior incursão da Força Aérea da China desde que o Ministério da Defesa de Taiwan começou a divulgar voos militares chineses quase diários sobre as águas entre a parte sul de Taiwan e a Ilha de Pratas, no Mar da China Meridional, no ano passado.
Uma pessoa familiarizada com o planejamento de segurança de Taiwan afirmou à agência Reuters que os militares chineses estavam conduzindo exercícios que simulariam uma operação contra navios de guerra dos Estados Unidos que navegam pelo Canal Bashi.
A China, que reivindica Taiwan como seu próprio território, intensificou as atividades militares perto da ilha nos últimos meses, uma medida que, segundo Taiwan, põe em risco a estabilidade regional. Pequim considera Taiwan parte da China e ameaça regularmente recorrer à força em caso de proclamação formal de independência de Taipé ou de intervenção estrangeira, especialmente americana.
A presença de tantos aviões de combate chineses na missão de sexta-feira Taiwan disse que era composta por quatro bombardeiros H-6K com capacidade nuclear e 10 caças J-16, entre outros foi incomum e ocorreu quando a Força Aérea da ilha suspendeu todo o treinamento das missões após a queda de dois aviões de caça nesta semana. A maior ação do tipo, no ano passado, contou com 18 aviões.
Não houve nenhum comentário imediato do Ministério da Defesa da China. Pequim rotineiramente diz que tais exercícios não são incomuns e visam mostrar sua determinação em defender sua soberania.
No início desta sexta-feira, Taiwan e os EUA assinaram seu primeiro acordo sob a Presidência de Joe Biden, estabelecendo um grupo de trabalho da Guarda Costeira para coordenar políticas, depois que a China aprovou uma lei que permite que sua própria guarda atire em navios estrangeiros.
Os EUA, como a maioria dos países, não têm laços diplomáticos formais com Taiwan, mas são obrigados por lei a ajudar o país a se defender e são o principal fornecedor de armas da ilha.
Desde o final da guerra civil chinesa, em 1949, que levou os comunistas ao poder, Pequim defende que Taiwan não é um país soberano, e sim uma província da República Popular da China. Essa visão é apoiada formalmente pelas Nações Unidas. Apenas 14 dos 193 países da ONU ainda reconhecem a soberania taiwanesa. Os Estados Unidos não fazem parte desse grupo.
A China aumentou a pressão militar e diplomática sobre Taiwan desde a eleição em 2016 da presidente Tsai Ing-wen, que rejeita a visão de Pequim de que a ilha é parte de “uma só China”.