Com a recuperação das safras de milho, soja e trigo dos Estados Unidos cada vez mais evidente para os investidores, os preços dos grãos fecharam julho com forte baixa na bolsa de Chicago. Entre os grãos, o milho registrou a maior queda, de 8,66%, e fechou o mês com preço médio de US$ 4,0676 o bushel, segundo dados do Valor Data.
O clima beneficiou o desenvolvimento das lavouras do cereal nos EUA nos últimos meses. Chuvas e temperaturas dentro da média alimentaram a expectativa de uma colheita robusta na temporada 2024/25. Tanto é que o Departamento de Agricultura do país (USDA) elevou de 377,46 milhões de toneladas para 383,56 milhões sua previsão para a colheita deste ciclo. Na safra anterior, a produção foi de 389,69 milhões de toneladas.
“O que de fato pesou para a queda nos preços foi o clima favorável às lavouras dos EUA, e o reforço que isso trouxe ao cenário de oferta maior do que a demanda”, destaca Daniele Siqueira, analista da AgRural.
O trigo teve a segunda maior baixa entre os grãos em Chicago em julho. Os contratos de segunda posição encerraram com retração de 8,51%, para um preço médio de US$ 5,6565 o bushel.
O recuo também reflete o andamento da safra americana de trigo. A colheita de inverno no país está na reta final e, por ora, não houve percalços, o que leva o mercado a crer que os americanos deverão colher mesmo as 54,66 milhões de toneladas projetadas pelo USDA em julho.
No caso da soja, além das perspectivas positivas para a colheita americana, questões geopolíticas também pressionaram. Os contratos futuros cederam 6,94% em julho, para uma média de US$ 10,8144 o bushel.
Em meados do mês, o atentado contra o candidato republicano à presidência dos EUA Donald Trump gerou, num primeiro momento, a ideia de que suas chances de reeleição tinham crescido. E isso poderia recrudescer a guerra comercial entre americanos e chineses, afetando as exportações americanas de soja.
Para Siqueira, no entanto, esse evento teve um efeito secundário, e foi o desenvolvimento das lavouras que levou as cotações de soja, no dia 30 de julho, ao menor patamar desde setembro de 2020.
Bolsa de Nova York
Entre as commodities negociadas na bolsa de Nova York, o destaque foi o cacau, que recuou 15,05% em julho, para US$ 7.493 por tonelada após ter alcançado níveis recorde no primeiro semestre. A queda foi motivada pelas projeções de recuperação na oferta da safra 2024/25, que se inicia em outubro, no oeste da África. Mesmo com o recuo, no ano, o cacau ainda tem valorização de 77,78%.
Segundo Ale Delara, sócio da Pine Agronegócios, as chuvas estão dentro do esperado para áreas produtoras de cacau do oeste africano, que responde por cerca de 70% da produção mundial. Além disso, diz, as indicações de grandes indústrias do segmento de chocolates de que há redução no consumo também pressionou o cacau.
Nesse contexto, Delara não acredita que os preços voltem a patamares recorde, de quase US$ 12 mil a tonelada alcançados em abril deste ano. “Há meses, elas estão em um range entre US$ 8 mil e
US$ 7 mil a tonelada com a concepção de que a oferta pode crescer, mas o déficit ainda deve existir para o próximo ano [2024/25], na casa das 250 mil toneladas”, diz.
Em junho, a Organização Internacional do Cacau (ICCO) estimou um déficit de 439 mil toneladas de cacau para o ciclo 2023/24.
Também houve queda dos valores do algodão na bolsa nova-iorquina, que fecharam julho com valor médio de 70,35 centavos de dólar por libra-peso, ou uma baixa de 4,26% no mês.
Pelo lado das altas, o destaque em Nova York foi o café arábica, que avançou 3,87% e fechou, na média, em US$ 2,3607 a libra-peso, considerando os contratos de segunda posição. Mais uma vez, os preços recorde do robusta na bolsa de Londres e as preocupações com o clima mais seco em áreas produtoras do Brasil levaram o arábica a se valorizar.
O açúcar também subiu em julho 2,10%, para 19,65 centavos de dólar por libra-peso. No mercado de suco de laranja concentrado e congelado, a alta foi de 1,05%, para US$ 4,2090 por libra-peso.