Mato Grosso do Sul, 26 de junho de 2025
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Com pressão internacional, preço da soja recua no Brasil e reflete cenário global incerto

Queda em Chicago e panorama geopolítico ofuscam safra recorde no país e provocam desvalorização do grão nas principais regiões produtoras
Imagem - Geonova/Divulgação
Imagem - Geonova/Divulgação

O mercado da soja vive um momento de instabilidade no Brasil, refletindo diretamente os efeitos das oscilações do cenário internacional e de um panorama geopolítico cada vez mais influente na formação dos preços da commodity. Apesar de uma safra nacional recorde estimada em 172 milhões de toneladas, o preço da saca de 60 quilos da oleaginosa fechou a quarta-feira, 25 de junho, em queda na maioria das principais praças do país.

O movimento de baixa acompanha a forte retração registrada na bolsa de Chicago, onde os contratos para agosto encerraram o dia com recuo expressivo de 1,98%, cotados a US$ 10,2950 por bushel. Mesmo diante de uma leve piora na qualidade das lavouras norte-americanas, o mercado global considera o quadro climático ainda favorável nos Estados Unidos, o que sustenta a percepção de que não haverá ruptura na oferta, pressionando para baixo os preços internacionais e, por consequência, os valores praticados internamente no Brasil.

No Paraná, estado de referência na produção nacional, o Departamento de Economia Rural (Deral) apontou a cotação média estadual da saca em R$ 117,56, o que representa uma retração de 0,17% no comparativo diário. A região tem acompanhado com atenção os desdobramentos do mercado global e os impactos diretos sobre a rentabilidade dos produtores.

A pressão internacional também se refletiu com força em outras importantes praças do agronegócio brasileiro. Em Dourados, no Mato Grosso do Sul, a saca foi cotada a R$ 117. No Triângulo Mineiro, o preço foi o mesmo. Em Rio Verde (GO) e Balsas (MA), a saca ficou em R$ 118, enquanto em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, o valor foi de R$ 119, de acordo com levantamento da Scot Consultoria.

Nos portos, onde a precificação costuma ser mais valorizada por conta dos contratos de exportação, a soja também sofreu impacto. Em Santos (SP), a cotação da saca fechou a R$ 134,50, enquanto em Rio Grande (RS) o valor ficou em R$ 134, ambos apresentando leve recuo em relação à última semana.

Analistas apontam que, mais do que os fundamentos clássicos de oferta e demanda, os rumos da soja têm sido ditados por fatores externos, como o conflito comercial entre potências globais, os efeitos da guerra na Ucrânia sobre o comércio de grãos e o comportamento das taxas de juros nos Estados Unidos, que afetam diretamente o apetite por commodities em mercados emergentes.

Além disso, há um efeito psicológico entre produtores e investidores, que adotam posturas mais cautelosas diante da volatilidade dos preços. Em algumas regiões, agricultores têm optado por postergar vendas à espera de uma possível recuperação do mercado, o que, por outro lado, pode criar gargalos na comercialização futura e ampliar a pressão logística durante o pico da próxima safra.

Embora a colheita nacional recorde seja um fator positivo para a balança comercial brasileira, os preços em queda acendem o alerta em relação à margem de lucro dos produtores, especialmente os de menor escala, que enfrentam custos crescentes com fertilizantes, frete e insumos importados.

Em regiões tradicionalmente produtoras como o oeste da Bahia, sul de Goiás e o Triângulo Mineiro, o impacto da queda tem provocado revisões no planejamento financeiro das cooperativas e famílias do campo. Muitos produtores relatam dificuldades em renegociar dívidas ou em fechar novos contratos com preços mínimos que garantam viabilidade econômica.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul já sinalizou preocupação com a tendência de retração no poder de compra dos produtores rurais, o que pode impactar também as vendas do comércio regional e a geração de empregos indiretos ligados à cadeia do agronegócio.

Diante desse cenário, o setor acompanha com atenção os próximos passos do mercado internacional e aguarda definições mais claras da política monetária americana e dos desdobramentos geopolíticos que possam influenciar diretamente o comércio global de grãos. No curto prazo, a tendência é de continuidade na volatilidade dos preços, com os produtores brasileiros enfrentando mais um ciclo de incertezas, mesmo em meio a uma colheita farta.

O planejamento financeiro dos agricultores, especialmente nas pequenas e médias propriedades, passa por reformulações. Muitos apostam em medidas de contenção de custos, renegociação de insumos e até diversificação de culturas para mitigar os riscos causados pela queda abrupta da cotação da soja.

Já no campo diplomático e comercial, o Brasil pode ter de intensificar seus laços com países importadores da Ásia e buscar novos acordos que favoreçam a exportação do grão em contextos menos voláteis. O aumento da competitividade internacional e a valorização de produtos com certificação ambiental também entram no radar como estratégias de médio e longo prazo para estabilizar o mercado.

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