Na madrugada desta terça-feira, 3 de junho, dois homens morreram e outros dois foram presos após confronto com a Polícia Militar, na zona rural de Três Lagoas, região leste de Mato Grosso do Sul. A ação ocorreu depois do flagrante de furto e abate de gado, prática conhecida como abigeato, em uma fazenda localizada no distrito de Arapuá, área de reconhecida atividade agropecuária.
Maurício Salviano Girão, de 38 anos, e Anonielson Guadalupe Cedreira, de 39, perderam a vida após troca de tiros com equipes da Polícia Militar. Outros dois envolvidos, identificados como Diego Santos Freita, de 34 anos, e Denis de Lima, de 37, foram detidos em flagrante durante a ação policial.
Segundo o registro das autoridades, o crime teve início na noite de segunda-feira, 2 de junho. O grupo invadiu uma propriedade rural, abateu ilegalmente animais bovinos e tentou realizar o transporte da carne furtada por meio de veículos distintos. A quadrilha foi surpreendida durante patrulhamento de rotina realizado pela Polícia Militar Rural na MS-320, importante rodovia de acesso às áreas agropecuárias da região.
A primeira abordagem ocorreu por volta da meia-noite, quando uma caminhonete Ford Pampa levantou suspeita e foi parada pela equipe policial. Em seu interior, estavam Diego e Denis, que transportavam uma grande quantidade de carne bovina, além de objetos utilizados no abate clandestino, como machado, facas, chaira e duas espingardas — uma delas de fabricação artesanal.
Ao serem questionados, os dois suspeitos acabaram confessando a prática criminosa e revelaram a identidade dos demais envolvidos, levando a polícia a intensificar as buscas com apoio da Força Tática. Durante as diligências, Maurício e Anonielson foram localizados circulando em uma motocicleta pela região. Ao perceberem a aproximação da viatura, tentaram fugir. Houve perseguição e troca de tiros. Ambos foram atingidos e, apesar de socorridos e encaminhados ao hospital municipal de Três Lagoas, não resistiram aos ferimentos.
As investigações iniciais confirmaram o furto e abate ilegal de ao menos um animal, cujos restos foram localizados por um funcionário da fazenda durante inspeção feita logo após o comunicado da polícia. O caso foi registrado e encaminhado à Delegacia de Polícia Civil, que apura a possibilidade de envolvimento da quadrilha em outras ações semelhantes na região.

O crime de abigeato, previsto no artigo 155 do Código Penal, é considerado furto qualificado e envolve o subtração de animais de criação, especialmente em áreas rurais. Embora tradicionalmente associado ao gado bovino, o abigeato também pode abranger outros animais, como ovinos e suínos. Com penas que podem variar de dois a cinco anos de reclusão, o delito representa grave prejuízo para os produtores rurais e, em muitos casos, integra redes de comercialização clandestina de carne, sem qualquer tipo de controle sanitário ou tributário.
Nos últimos anos, autoridades estaduais têm reforçado a atuação da Polícia Militar Ambiental e da Polícia Militar Rural em ações preventivas e repressivas, diante do crescimento dos crimes de furto de gado em municípios do interior. A ação rápida e coordenada das forças de segurança em Três Lagoas demonstra o esforço conjunto no combate a este tipo de crime, que não apenas compromete a produção agropecuária, mas também coloca em risco a saúde pública e a segurança das comunidades rurais.
A prática do abigeato vem se modernizando com o uso de armas de fogo, ferramentas de corte e transporte clandestino em veículos comuns, dificultando a identificação dos autores. Além do prejuízo financeiro, muitos produtores enfrentam o medo e a sensação de vulnerabilidade diante da violência com que algumas dessas ações são executadas.
Com a prisão dos dois suspeitos e a apreensão de provas materiais, espera-se que as investigações avancem para a identificação de possíveis receptadores e redes ilegais de comercialização da carne furtada. A Polícia Civil também irá periciar os equipamentos apreendidos e identificar se outras propriedades foram vítimas da mesma quadrilha.
As autoridades reforçam a importância do registro de ocorrências por parte dos produtores, da instalação de câmeras de segurança e do uso de tecnologias de monitoramento para dificultar a ação de criminosos nas áreas rurais. A repressão eficaz ao abigeato depende não apenas da ação policial, mas também da mobilização da sociedade civil e de políticas públicas que assegurem a proteção ao patrimônio e à integridade das comunidades do campo.
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