O que começou como mais uma denúncia de perturbação e ato obsceno em um bairro tranquilo de Novo Horizonte do Sul terminou em violência, sangue e morte. Na tarde de quinta-feira, 10 de abril, Edson Quirino, de 39 anos, foi baleado e morreu após investir contra policiais militares armado com um machado. O caso aconteceu em um cenário de tensão crescente entre moradores e o homem, que já acumulava um histórico de conflitos e ocorrências policiais na pequena cidade, localizada a cerca de 337 quilômetros de Campo Grande.
A vizinhança já estava em alerta. Em fevereiro deste ano, uma moradora procurou a polícia e denunciou Edson por se masturbar na frente dela. O caso chegou até o Ministério Público, que pediu o arquivamento por falta de provas mais robustas. Mesmo assim, o comportamento do homem continuava gerando medo na vizinhança, que convivia com ameaças, gritos e atitudes consideradas agressivas.
Na quinta-feira, por volta das 17h, mais uma denúncia chegou à Polícia Militar: novamente Edson teria sido flagrado cometendo um ato obsceno. Desta vez, a mesma vizinha relatou que ele se expôs e se masturbou diante dela. Uma viatura foi enviada ao local. Ao se deparar com os policiais, Edson não se rendeu. Correu para dentro de casa, e em poucos segundos retornou segurando um machado nas mãos.
O momento foi tenso. Os policiais tentaram diálogo, mas Edson partiu para cima da equipe. Com a integridade da guarnição em risco, um dos PMs atirou. O homem foi atingido, recebeu socorro, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo relatos da população local, Edson era uma figura conhecida na cidade, marcada por episódios de desequilíbrio emocional e comportamento violento. Desde 2013, acumulava passagens por ameaça, lesão corporal e desentendimentos com moradores do bairro. O último registro havia sido feito menos de um mês antes de sua morte, no dia 15 de março. Na ocasião, vizinhos denunciaram que ele ameaçou uma moradora com uma enxada após uma discussão causada pela fumaça de uma queimada no quintal.
Apesar do histórico de problemas, a falta de acompanhamento psicológico, medidas efetivas de contenção e uma rede de apoio social fragilizada contribuíram para que a situação escalasse até o desfecho fatal. Moradores afirmam que temiam Edson, mas que ele também parecia abandonado e sem rumo.
O episódio expõe uma ferida antiga que assola muitos municípios pequenos do interior: a ausência de políticas públicas eficientes para lidar com casos de saúde mental, reincidência de crimes de menor potencial ofensivo e conflitos comunitários que acabam crescendo até explodirem em tragédia. Faltam profissionais, faltam recursos e, principalmente, falta acompanhamento contínuo de casos como o de Edson, que poderiam ter sido evitados se houvesse o devido suporte.
A Polícia Militar de Novo Horizonte do Sul abriu um procedimento interno para apurar a conduta dos policiais envolvidos na ocorrência, mas até o momento tudo indica que se tratou de legítima defesa. O caso está sendo acompanhado pela Polícia Civil.
Enquanto isso, a comunidade tenta retomar a rotina. Assustada, mas sem surpresas. Porque, segundo os moradores, todos sabiam que algo grave poderia acontecer a qualquer momento.
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