Mais de mil pessoas morreram entre a última quinta-feira e no sábado (8) na Síria, em uma onda de violência que se tornou o primeiro grande confronto desde a queda do ex-presidente Bashar al-Assad, em dezembro do ano passado.
Os combates acontecem entre forças leais ao antigo governo de Assad e o novo governo sírio, que agora está sob o controle do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS). Além dos ataques diretos, relatos de execuções por vingança e saques aumentam ainda mais o caos e a crise humanitária na região.
Mortes e cenas de execução chocam o mundo
Segundo dados divulgados pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma organização com sede no Reino Unido, ao menos 745 civis, 125 integrantes das forças de segurança do governo e 148 combatentes pró-Assad perderam a vida durante os confrontos.
Testemunhas afirmam que muitas pessoas foram mortas em execuções a curta distância, ações que o OSDH classificou como “assassinatos por razões confessionais ou regionais”, acompanhadas de saques a casas e estabelecimentos comerciais.
A onda de violência começou na última quinta-feira, quando forças do governo tentaram prender um suspeito perto da cidade de Jableh, localizada no litoral sírio. O que parecia ser uma operação simples acabou se transformando em uma emboscada feita por militantes leais a Assad.
Em questão de horas, a situação fugiu do controle, resultando em ataques, retaliações e confrontos diretos. Milicianos sunitas, apoiadores do HTS, partiram para execuções em massa contra alauítas, minoria religiosa que formava a base do regime de Assad durante décadas.
Destruição, medo e fuga em massa da população
Moradores da região de Latakia relataram cenas de puro terror. Segundo a agência de notícias AP, homens armados dispararam contra civis nas ruas, invadiram casas e atearam fogo em propriedades.
Em Baniyas, uma das cidades mais atingidas, corpos ficaram espalhados pelas ruas ou abandonados em telhados e residências, sem que os sobreviventes conseguissem recolhê-los.
Ali Sheha, um morador de 57 anos, contou que fugiu da cidade com sua família após presenciar vizinhos sendo mortos, muitos dentro de suas próprias casas. Segundo ele, pelo menos 20 pessoas da sua vizinhança foram assassinadas.
Além da violência, a energia elétrica e o abastecimento de água foram cortados em várias regiões de Latakia, deixando milhares de pessoas desamparadas. Muitos moradores tentaram se abrigar nas montanhas ou buscaram refúgio na base aérea russa de Hmeimim, onde multidões pediram ajuda. Outros cruzaram a fronteira em direção ao Líbano na esperança de encontrar segurança.
Governo pede rendição enquanto situação permanece crítica
O presidente interino Ahmad al-Sharaah fez um pronunciamento na sexta-feira (7) pedindo para que os insurgentes alauítas entreguem suas armas antes que seja tarde demais. Ele reforçou que a intenção do novo governo é restabelecer a ordem e garantir que apenas o Estado tenha o monopólio do uso da força.
No domingo (9), falando em uma mesquita na capital Damasco, Sharaah anunciou a abertura de uma investigação para identificar os responsáveis pelas execuções e ataques e levá-los à justiça.
O governo culpa os remanescentes do regime de Assad pela escalada da violência, alegando que as ações são individuais e não representam um novo levante organizado.
A agência de notícias estatal SANA informou que o Ministério da Defesa ordenou o fechamento de estradas que levam à região costeira, na tentativa de conter os ataques e restaurar a estabilidade. Segundo a SANA, algumas áreas já foram retomadas pelo governo e as operações para desarmar insurgentes continuam em andamento.
Enquanto isso, a população continua vivendo momentos de pânico e incerteza, sem saber o que esperar dos próximos dias.
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