Em um embate ainda sem fim entre Brasil e Paraguai sobre a tarifa de serviços cobrada para cobrir as despesas da Usina de Itaipu, as consequências podem cair no colo dos brasileiros. O preço das contas de energia pode subir 1,4%, caso o Paraguai vença a disputa.
Atualmente, o país vizinho pretende aumentar a tarifa de US$ 16,71 kW/mês para US$ 20,75, um reajuste de 24%, enquanto o Brasil pretende reduzir a taxa, atingindo US$ 14,77. A medida reduziria os custos das contas em 0,7%.
Para o Paraguai, a medida passa por questões políticas. O país pretende aumentar a arrecadação que recebe com a usina para financiar obras prometidas pela campanha presidencial de Santiago Peña.
O Brasil entende que é possível reduzir o Cuse (Custo Unitário dos Serviços de Eletricidade), nome da taxa cobrada, pois o custo de operação de Itaipu permaneceu inalterado e a dívida obtida durante a construção da obra foi paga.
Peña visitou o Brasil em janeiro para discutir o assunto. À época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “disse ao companheiro Peña que nós vamos rediscutir a questão das tarifas da Itaipu. Nós temos divergência na tarifa, mas estamos dispostos a encontrar uma solução conjuntamente e, nos próximos dias, vamos voltar a fazer uma reunião”.
O cabo de guerra entre as nações chegou ao ponto de o Paraguai se recusar a assinar um documento que propunha fazer com que a usina funcionasse enquanto os países buscavam um ponto-pacífico, bloqueando o caixa de Itaipu.
Brasil compra do Paraguai parte da geração de energia de Itaipu
Em 1973, os dois países assinaram um acordo afirmando que a energia produzida seria dividida meio a meio entre os participantes. Entretanto, o Paraguai utiliza apenas 17% dos 50% disponíveis, vendendo o restante para o Brasil.
Em 2023, 50 anos depois, a dívida obtida pela construção de Itaipu terminou de ser paga e abriu espaço para que o Paraguai negociasse o valor da tarifa de serviços.
O Cuse é pago pelas populações das duas nações e cobre despesas como administração, operação e manutenção da usina.
Atualmente, ela fornece energia para 88% do Paraguai e 9% do Brasil.