Um infectologista foi vítima de agressão por defender o lockdown, uma das medidas mais rígidas de circulação contra a propagação do novo coronavírus, no estado do Paraná. Em uma rede social, José Eduardo Panini contou ter levado chutes e socos depois de alertar para a importância da medida para conter o número de mortes.
No post, publicado nessa segunda-feira (01), o médico diz que a agressão aconteceu no último dia 26. Ele estaria contando os riscos de infecção pelo vírus em caso se não haver isolamento, quando dois conhecidos o teriam espancado. Um segurou o infectologista e o outro desferiu os golpes.
“Ao alertar os riscos a pessoas conhecidas, a resposta que me foi dada foram chutes e socos, enquanto um me segurava o outro me agredia. Enfim, pessoas assim que ajudaram a situação chegar onde está”, escreveu o médico em sua conta do Instagram. Junto ao relato, Panini publicou uma foto onde é possível ver claramente seu rosto machucado.
Mesmo após as agressões, o médico ressaltou a importante do isolamento social para conter a pandemia que vem dizimando o país nos últimos dias. Há mais de um mês o Brasil registra uma média móvel de óbitos por Covid-19 acima dos mil óbitos, de acordo com o consórcio de imprensa que compila os números da pandemia junto às secretarias de Saúde.
“Baseado nos números não há mais nada a fazer, senão as coisas só piorarão”, projetou o médico que trabalha no sistema público de saúde de Toledo (PR). Panini ainda garantiu que não desanimará e desejou força aos seus companheiros de saúde.
Prefeitura de Toledo repudia
Em nota, a prefeitura de Toledo repudiou as ações contra o médico, que é servidor público do município. As agressões, no entanto, aconteceram fora do ambiente de trabalho de Panini.
“Entendemos que toda a agressão é injustificável e inaceitável”, diz trecho da nota, que ressalta também que a gestão municipal está à disposição do médico para “todo o suporte que for necessário”.
O Centro Acadêmico de Medicina de Toledo, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) também se solidarizou com o infectologista agredido.
“Estamos extremamente indignados com a situação, visto que o trabalho do Dr. José Eduardo e dos demais médicos é de orientar a melhor forma para enfrentarmos a pandemia, baseados em evidências científicas e boletins epidemiológicos”.