Mato Grosso do Sul, 13 de junho de 2025
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Cresce a preocupação com avanço da coqueluche e SES reforça vacinação de gestantes e crianças em Mato Grosso do Sul

Diante do aumento de casos no Brasil e na América Latina, autoridades de saúde intensificam campanhas e medidas preventivas para conter doença que ameaça principalmente os recém-nascidos

A ameaça silenciosa da coqueluche voltou a mobilizar autoridades de saúde pública em todo o país. Em Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) redobrou os esforços de conscientização e imunização diante da escalada de casos confirmados da doença, que já provocou a morte de um bebê recém-nascido no estado em 2025. O alerta é nacional e segue também as recomendações da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que apontou aumento significativo da doença em diversos países da América Latina.

A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma doença infecciosa respiratória altamente contagiosa, causada pela bactéria Bordetella pertussis. Sua gravidade se intensifica principalmente em bebês com menos de um ano, cuja imunidade ainda está em desenvolvimento. Os sintomas iniciais podem ser confundidos com um resfriado comum, mas evoluem rapidamente para crises intensas de tosse seca, seguidas de vômitos, dificuldade respiratória e, em casos graves, comprometimento pulmonar, neurológico e risco de morte.

Em Mato Grosso do Sul, até a 22ª Semana Epidemiológica de 2025, encerrada em 31 de maio, foram confirmados 40 casos de coqueluche. Um desses casos resultou em óbito: um bebê de apenas um mês de vida, cuja mãe não havia sido vacinada com a dTpa durante a gestação. O número representa um crescimento expressivo em relação a 2024, quando foram registrados 24 casos, sem nenhuma morte. Atualmente, sete outros casos estão sob investigação no estado.

No Brasil, os dados também acendem um sinal de alerta. Em 2024, foram contabilizados 7.486 casos da doença e 29 mortes, sendo 95% delas em crianças menores de um ano. Destes óbitos, 82% ocorreram em filhos de mulheres que não receberam a vacina dTpa, recomendada durante a gestação.

Diante desse cenário, a SES intensificou a campanha de vacinação, especialmente voltada às gestantes, que devem receber a dose da dTpa a partir da 20ª semana de cada gestação. A imunização da mãe protege diretamente o bebê nos primeiros meses de vida, período em que ele ainda não completou o esquema vacinal. O calendário do Sistema Único de Saúde (SUS) determina que as crianças devem receber a vacina Pentavalente aos 2, 4 e 6 meses, com reforços da DTP aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

A gerente de Doenças Agudas e Exantemáticas da SES, Jakeline Miranda Fonseca, reforça que a vacinação é a principal estratégia para evitar complicações graves. “A coqueluche é uma doença que pode evoluir rapidamente, especialmente em recém-nascidos. A vacina é segura, eficaz e gratuita. É essencial que as gestantes se imunizem para proteger seus filhos desde o nascimento”, afirma.

Os índices de vacinação em Mato Grosso do Sul são considerados elevados: 99,82% de cobertura para a Pentavalente, 99,85% para a DTP e 92,40% para a dTpa adulto. Mesmo assim, a SES tem promovido capacitações técnicas aos coordenadores municipais de vigilância epidemiológica e imunização, além de desenvolver estratégias para ampliar a cobertura e acelerar a identificação precoce de casos suspeitos.

O alerta emitido pela Opas é categórico. Houve aumento expressivo de casos em países como Colômbia, Equador, México e Paraguai, com registros de surtos locais e pressão sobre os sistemas de saúde. A recomendação é pela vigilância ativa, rápido início do tratamento com antibióticos nos casos suspeitos e isolamento dos pacientes, a fim de evitar a propagação do agente infeccioso, especialmente em comunidades com baixa cobertura vacinal.

A SES também recomenda a quimioprofilaxia uso preventivo de antibióticos — em contatos próximos dos casos confirmados, além de acompanhamento clínico por até 42 dias, período correspondente à incubação da bactéria. A ampla divulgação de informações nas unidades de saúde e à população geral também faz parte das ações adotadas pelo governo estadual.

A coqueluche não é uma doença do passado. Embora existam vacinas eficazes, sua reemergência demonstra a importância contínua da imunização e da vigilância. O custo de uma única vida perdida, como no caso do bebê que faleceu no estado, revela o impacto profundo da negligência vacinal.

A Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul, com base em dados epidemiológicos e nas recomendações internacionais, reforça que a prevenção é o único caminho seguro. A vacinação, a informação e o comprometimento das famílias e profissionais da saúde são os pilares para evitar que a coqueluche volte a causar tragédias evitáveis em pleno século XXI.

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