Durante o encerramento da 21ª edição do Acampamento Terra Livre, em Brasília, um momento especial tomou conta do evento: um grupo de crianças indígenas entregou um manifesto cobrando providências urgentes contra a destruição do meio ambiente. A carta, que comoveu quem estava presente, foi entregue às ministras Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas, e Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
O texto do manifesto foi construído por crianças de diferentes etnias e regiões do Brasil, com apoio de adultos no espaço Cafi Parentinho, dedicado ao público infantil no acampamento. O evento, que acontece todos os anos, reuniu de 6 mil a 8 mil indígenas de 135 etnias, vindos de várias partes do país. A mobilização começou no dia 7 e chegou ao fim nesta quinta-feira, 11 de abril, com o compromisso renovado de continuar lutando pelos direitos e territórios dos povos originários.
A carta, lida em voz alta pelas pequenas Yará Santos da Costa, de 9 anos, do povo sateré-mawé de Manaus, e Luana Katariru, de 8, da etnia manchineri, não economizou nas palavras. As crianças denunciaram o desmatamento das florestas, a poluição dos rios e a destruição de tudo aquilo que elas conhecem, amam e respeitam. E fizeram um apelo direto aos adultos que comandam o país.
“Sempre falam que somos o futuro, mas somos o presente e o agora”, afirmaram. “Os ancestrais nos ensinaram a ouvir a natureza e agora pedimos que os outros adultos nos ouçam. Estamos ouvindo o som do mundo de vocês desmoronando. E vocês? Conseguem ouvir?”
Com palavras que tocaram até os mais céticos, o grupo cobrou políticas efetivas de proteção ambiental, respeito aos povos indígenas e compromisso com a preservação da vida. Eles pedem água limpa, sem poluição e sem petróleo nos rios. Exigem a preservação das florestas e de todas as formas de vida. E lembram que, se o planeta continuar sendo destruído, não haverá futuro para ninguém, muito menos para as crianças.
A ministra Marina Silva, emocionada, disse que o recado das crianças veio com uma força difícil de ignorar. Segundo ela, o mundo já tem as soluções técnicas para conter o aquecimento global, o que falta é vontade política e união. “As crianças nos lembram do essencial, da simplicidade com que a verdade chega. É hora de ouvir os pequenos e mudar de rumo”, declarou.
Já Sonia Guajajara reafirmou o papel dos povos indígenas como defensores da vida. Disse que é urgente proteger quem protege a floresta e garantir que as próximas gerações possam viver num mundo mais justo e equilibrado.
O manifesto das crianças virou símbolo do encerramento do Acampamento Terra Livre, marcando uma nova etapa na luta pelos direitos ambientais e dos povos originários. Elas mostraram que não é preciso ser adulto para falar sério, nem ter cargo para cobrar o que é certo. O planeta está pedindo socorro, e as vozes que ecoaram em Brasília deixaram claro: quem não ouvir agora, pode não ter mais tempo depois.
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