A ex-modelo e empresária Cristina Mortágua, que marcou uma geração nos anos 1990 com sua beleza estonteante e presença marcante em capas de revistas e programas de televisão, voltou ao centro das atenções de forma dramática e comovente. Aos 54 anos, Cristina recorreu às redes sociais para fazer um apelo urgente por ajuda financeira e emocional, após relatar que foi expulsa de casa pela própria mãe, com quem dividia o lar no Rio de Janeiro.
Em postagens feitas no último domingo, a ex-musa da televisão brasileira relatou estar em situação de extrema fragilidade, sem forças para carregar as próprias malas, com o pé ferido e sem dinheiro sequer para arcar com transporte. “Fui expulsa de casa e não estou me aguentando em pé. Por acaso alguém tem R$ 110 mais R$ 40, pelo amor de Deus, para eu poder descansar e ir embora amanhã cedo?”, escreveu Cristina, num dos relatos mais crus de sua trajetória recente.
Um passado de glamour e a queda no anonimato
Nascida em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, Cristina Mortágua tornou-se conhecida nacionalmente nos anos 1990 após vencer o concurso Garota do Fantástico. A projeção foi rápida e logo ela figurava entre os principais nomes da televisão e das publicações voltadas ao público masculino, como a revista Playboy, da qual foi capa em duas edições.
Dona de uma beleza impactante, personalidade forte e carisma, Cristina tornou-se símbolo sexual da década, participando de programas de auditório e eventos de grande visibilidade, como o carnaval carioca, no qual desfilou por escolas tradicionais como a Beija-Flor de Nilópolis.
Entretanto, o estrelato durou menos do que o esperado. Após alguns anos sob os holofotes, Cristina afastou-se da mídia, envolta por polêmicas e problemas familiares. Em meados dos anos 2000, protagonizou disputas judiciais e episódios de desentendimentos públicos, incluindo questões relacionadas à pensão alimentícia e conflitos com a própria mãe e o filho, o cineasta Alexandre Mortágua, fruto de um breve relacionamento com o ex-jogador de futebol Edmundo.
Relação conturbada e a luta contra os próprios fantasmas
O pedido de ajuda mais recente evidencia não apenas dificuldades financeiras, mas também uma grave crise emocional. Cristina afirma estar em tratamento psiquiátrico pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e relata uma convivência difícil com a mãe, a quem acusa de comportamento abusivo. “Sou vítima de mãe narcisista”, declarou. Em outro trecho, afirmou: “Preciso sair daqui, senão, vou enlouquecer ou dar cabo da minha vida”.
A convivência conflituosa entre mãe e filha não é novidade em suas declarações públicas. Ao longo dos últimos anos, Cristina mencionou em entrevistas e postagens a relação tóxica e a sensação de abandono. O episódio mais recente, contudo, indica um agravamento do quadro, num contexto em que a ex-modelo se encontra fragilizada física, emocional e socialmente.
O drama de Cristina Mortágua também escancara a vulnerabilidade enfrentada por celebridades que, após o apogeu da fama, encontram dificuldades para retomar a vida longe dos holofotes. Muitas vezes sem apoio institucional, sem estrutura familiar e com histórico de relações abusivas, enfrentam transtornos mentais, isolamento e dificuldades econômicas, longe dos tempos em que eram referência nacional.
Entre o passado e o presente: o Brasil que aplaude e esquece
A história de Cristina Mortágua é um retrato pungente da efemeridade da fama e da falta de redes de apoio para mulheres que fizeram parte do imaginário coletivo brasileiro. Seu nome, que já ocupou páginas de revistas de circulação nacional e alegrou o público em desfiles e programas de entretenimento, hoje aparece associado a súplicas públicas, fragilidade emocional e ausência de acolhimento familiar.
Ainda assim, Cristina tenta se manter ativa nas redes sociais, mesmo com publicações esporádicas, tentando reconstruir algum tipo de conexão com o público que um dia a consagrou. Nos seus relatos, há sempre um apelo por empatia e por compreensão: “Estou precisando de um lugar para morar que não seja aluguel, fora do Rio. Estou com problemas psiquiátricos e preciso ficar longe da minha mãe”, escreveu.
O drama vivido por Cristina é mais do que um caso isolado. Ele se conecta a uma questão social ampla que envolve saúde mental, abandono, relações familiares conflituosas, envelhecimento e a desproteção de figuras públicas que não conseguiram reverter o prestígio de outrora em segurança a longo prazo.
A ex-modelo, que por tanto tempo simbolizou a força e a beleza feminina, agora luta para se reerguer e ser ouvida, não apenas como celebridade, mas como mulher, como mãe, como filha e como ser humano em sofrimento.
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