Policiais civis da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) de Naviraí, com apoio de equipes das Delegacias de Angélica e Ivinhema, cumpriram nesta quinta-feira (27/7), mandado de prisão preventiva expedido pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Naviraí.
Mariana de Araújo Correa, de 26 anos, voltou a ser presa nesta quinta-feira (27). Ela teve a prisão por omissão decretada após o fim do inquérito que apurou torturas e maus-tratos aos bebês que passavam o dia no “Cantinho da Tia Carol”. cuidadoras da creche clandestina que funcionava no bairro Sol Nascente, em Naviraí.
Ela já havia sido presa em flagrante no dia 10 de julho, quando foi vista ministrando medicamento a uma bebê do estabelecimento para que ela dormisse, sem prescrição médica e sem autorização dos pais.
Em um primeiro momento, não havia elementos de sua participação efetiva nas agressões, em tese, praticadas contra crianças pela proprietária da creche.
Desse modo a funcionária teve liberdade provisória concedida após o recolhimento de fiança.
Contudo, durante as investigações, que se estenderam por dez dias, foram obtidos novos elementos pela Polícia Civil, onde foi possível visualizar que a cuidadora além de estar presente nos momentos em que a proprietária praticou agressões físicas e verbais contra uma bebê, omitiu-se em face das torturas. Além disso, constatou-se que cuidadora também teria praticado agressão física contra a bebê.
Diante das provas de materialidade e indícios suficientes de autoria, a Autoridade Policial representou pela cassação da fiança e decretação de sua prisão preventiva.
A segregação cautelar teve parecer favorável da representante do Ministério Público e foi deferida pelo Poder Judiciário local, para fins de garantia da ordem pública e resguardar eventual aplicação da lei penal. A cuidadora encontra-se recolhida em cela apropriada e está à disposição da justiça.
Medicamento para dormir
Algumas mães apresentaram filmagens onde os filhos aparecem em estado de sonolência induzida. O laudo pericial de vistoria na creche constatou que o medicamento apreendido é contraindicado para menores de dois anos e é destinado ao controle de enjoos, vômitos e tonturas de diversas origens. A medicação foi flagrada sendo ministrado pela cuidadora, que afirmou ter dado 20 gotas a uma bebê de 11 meses.
O início de ação do remédio ocorre de 15 a 30 minutos após a administração e a duração da ação pode persistir de quatro a seis horas e causar sonolência. Em crianças pequenas pode causar excitação.
Ainda, segundo o laudo, pode causar efeitos indesejados, como sedação, visão turva, boca seca, retenção urinária, tontura, insônia e irritabilidade, sendo que em caso de dose excessiva do medicamento (superdose), podem ocorrer sonolência intensa, aumento dos batimentos cardíacos, batimentos irregulares, dificuldade para respirar, e espessamento no escarro, confusão, alucinações e convulsões, podendo chegar à insuficiência respiratória e coma.
Segundo apurado, o remédio era dado para as crianças, sob a alegação de que era para tratamento de gripe ou preveni-la em crianças que não estavam gripadas, porém, o real intuito era fazer as crianças dormirem durante o período em que ficavam no estabelecimento.
À polícia, os pais contaram que muitas vezes ao buscarem as crianças elas já estavam dormindo, permaneciam dormindo durante toda a noite e ainda tinham dificuldade de acordar durante a manhã, apresentavam sonolência na escola e também fora do horário normal, além de irritabilidade e agressividade.
A mãe de uma criança, de dois anos, relatou que recebeu um vídeo da proprietária do cantinho, com duração de quase um minuto, onde o filho nem piscou. A mãe chegou a desconfiar que o filho estava sendo medicado para dormir, mas sem conseguir ter certeza, deixou de levar o filho ao local.