A manhã da última sexta-feira marcou o início de uma jornada transformadora dentro da Câmara Municipal de Campo Grande. O Plenarinho da Casa de Leis ficou mais cheio do que o habitual, mas não para uma votação ou audiência pública. Era o começo das aulas do Curso Básico de Libras, oferecido de forma gratuita e com turmas presenciais, voltado para servidores e também aberto à comunidade. O sucesso foi imediato. Em menos de dois dias, as 120 vagas divididas em quatro turmas foram preenchidas, e uma lista de espera já se formou para as possíveis desistências.
A iniciativa, que já está na terceira edição, surgiu para ampliar o acesso à Língua Brasileira de Sinais e tornar a Câmara um ambiente mais acolhedor para todos, especialmente para a comunidade surda. Mas a ação foi além: mobilizou histórias de empatia, dedicação e vontade de fazer a diferença.
Foi o caso de Daise Daiane da Costa, funcionária do setor de vendas da empresa Sertão, que decidiu se inscrever no curso ao receber a missão de treinar um novo colega de trabalho, o Kevin, que é surdo. “O meu gerente me pediu para ensinar ele a operação da loja, mas aí eu pensei: como vou fazer isso se ele não escuta e eu não sei Libras? Quando vi o curso, achei que era a oportunidade ideal. Me inspirei no Kevin e me joguei nessa”, contou Daise, animada com a chance de melhorar a convivência no ambiente profissional.
Dentro da própria Câmara, o curso também ganhou força entre os servidores. Paulo Cardoso, que trabalha no gabinete do vereador Marquinhos Trad, reforça a importância dessa qualificação. “É muito bom ter esse curso aqui dentro. A gente, como assessor, precisa estar pronto para atender todas as pessoas. Quando a comunidade surda chega, ela também precisa ser ouvida, trazer demandas, contribuir com ideias. Isso é democracia de verdade”, afirmou.
As aulas acontecem às segundas e sextas-feiras, nos turnos da manhã e da tarde, e seguem até dezembro deste ano. As responsáveis pelas aulas são as servidoras Helga Pereira e Janaína Miron Saraiva, intérpretes de Libras da própria Câmara. Para elas, essa edição representa um marco, não apenas pelo número recorde de participantes, mas pela energia de transformação que o curso carrega.
“Ficamos surpresas com a quantidade de inscritos. Isso mostra o quanto as pessoas estão dispostas a aprender, a se capacitar e tornar Campo Grande mais acessível. A Câmara está de portas abertas não só para os servidores, mas para toda a cidade”, explicou Helga.
Janaína, por sua vez, destaca que o curso é uma forma prática de promover acessibilidade de verdade. “Muita gente ainda acha que Libras é só para quem trabalha com pessoas surdas. Mas não é. A língua de sinais é parte da vida em sociedade. Quando mais gente aprende, mais barreiras a gente quebra”, disse, comemorando a participação cada vez mais diversa entre os alunos.
O presidente da Câmara, vereador Epaminondas Neto, o Papy, ressaltou que a proposta faz parte de uma visão de futuro que pretende tornar o poder legislativo municipal mais inclusivo. “A ideia é simples, mas poderosa: abrir as portas da Câmara para todos. Quando a gente fala de inclusão, falamos de dignidade. E isso passa por acolher, ouvir e se comunicar de forma justa com todos os cidadãos”, destacou.
Já o diretor da Escola do Legislativo, Rodrigo Terra, explicou que a estrutura do curso precisou ser ampliada diante da enorme procura. Inicialmente seriam apenas duas turmas, mas o número dobrou. “Ficamos felizes por atender tanta gente. É uma formação que qualifica os servidores e também fortalece o vínculo da Câmara com a comunidade. Todo mundo ganha com isso”, concluiu.
Ao final, o que se vê é um movimento que vai além das paredes da Câmara. O curso de Libras é, mais do que nunca, uma ponte entre mundos que precisam se entender. Um gesto simples, mas essencial, de respeito e inclusão que começa na linguagem e se espalha no cotidiano da cidade.
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