Debora Bloch está prestes a encarar um dos maiores desafios de sua carreira: dar vida à temida e inesquecível Odete Roitman no remake de Vale tudo, novela que marcou gerações e se consolidou como um verdadeiro clássico da teledramaturgia brasileira. A vilã fará sua primeira aparição no capítulo do próximo dia 26 de abril, e a expectativa do público é grande.
A personagem, imortalizada por Beatriz Segall na versão original de 1988, é símbolo de arrogância, elitismo e cinismo, uma mulher rica, fria e calculista que não mede esforços para manipular todos ao seu redor e manter o poder nas mãos da elite. Odete desprezava os pobres, o Brasil e tudo que não fosse europeu ou de sua bolha social. Sua morte misteriosa nos capítulos finais virou um dos maiores “quem matou?” da televisão brasileira.
Nesta nova fase, coube a Debora Bloch a missão de reviver esse papel com sua própria identidade, sem fugir da essência da personagem que foi um marco. Em entrevista recente, Debora abriu o coração e revelou que o caminho até aqui foi cheio de idas e vindas, inclusive com momentos em que precisou se afastar da TV para se reencontrar como artista.
“Fiquei famosa e me deslumbrei um pouco”, admitiu com franqueza. “Apareciam muitos papéis de mocinha, de heroína, mas aquilo não me interessava. Eu queria fazer teatro, me dedicar a personagens mais desafiadores. Talvez fosse arrogância da juventude, mas eu precisava me entender naquele momento. E tive o exemplo do meu pai, que sempre seguiu firme, mesmo com as incertezas da carreira artística. Isso me deu chão.”
Debora recusou algumas propostas marcantes, como a protagonista Simone do remake de Selva de pedra, papel que acabou ficando com Fernanda Torres. Mais tarde, deixou passar a chance de viver Taís, a garota de programa de O dono do mundo, que catapultou Letícia Sabatella ao estrelato em 1991. Na época, Debora estava envolvida com a peça Fica comigo esta noite, em cartaz ao lado de Marco Nanini, Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães, todos seus colegas da icônica TV Pirata.
“Estávamos lotando teatros, e além de atuar, eu produzia o espetáculo. Era impossível deixar tudo aquilo para trás. Questionei muito essa decisão depois, mas foi o que precisei fazer naquele momento”, relembrou.
Agora, ela retorna à televisão com um papel de peso e que exigirá entrega total. Odete Roitman é mais do que uma vilã comum. Ela representa um pensamento elitista e excludente que, infelizmente, ainda encontra espaço na sociedade. A personagem divide a novela com outros grandes nomes, como a batalhadora Raquel, vivida originalmente por Regina Duarte, que representa a luta da mulher honesta e trabalhadora diante das injustiças sociais.
Do outro lado da trama, temos Maria de Fátima, filha ambiciosa de Raquel, interpretada por Gloria Pires, que faz de tudo para ascender socialmente, mesmo que isso signifique trair a própria mãe. Outro destaque é o personagem Ivan, interpretado por Antonio Fagundes, que vive o dilema de se manter honesto num meio cheio de corrupção. Marco Aurélio, vivido por Reginaldo Faria, é outro personagem emblemático, símbolo do empresariado corrupto e oportunista.
Vale tudo é uma novela que atravessa décadas com sua crítica social afiada. A pergunta central da história — “Vale a pena ser honesto no Brasil?” continua atual como nunca. Com a chegada de Debora Bloch ao elenco, trazendo sua versão da poderosa Odete Roitman, o público pode esperar cenas intensas, reviravoltas e aquele tempero que só os grandes dramas sabem oferecer.
A atriz, com sua experiência e maturidade artística, parece pronta para encarar o peso dessa herança e dar nova vida a uma das maiores vilãs da TV. E, com isso, marcar de vez seu nome entre as grandes intérpretes da teledramaturgia nacional.
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