A delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), trouxe à tona novos detalhes sobre os bastidores da tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022. Na última semana, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tornou públicos os vídeos dessa delação, onde Cid confirma a atuação de setores do agronegócio e de políticos em Mato Grosso do Sul para pressionar por uma ação golpista. Um dos nomes mencionados na delação é Aparecido Andrade Portela, o Tenente Portela, suplente da senadora Tereza Cristina e pai da vereadora Ana Portela (PL), que estaria diretamente envolvido no financiamento de manifestações em apoio a um golpe.
A pressão de Portela e o “churrasco” que era o golpe
Em um dos momentos mais reveladores da delação, Mauro Cid detalhou uma conversa em que foi questionado por Alexandre de Moraes sobre uma mensagem recebida de Tenente Portela. A mensagem, enviada em 26 de dezembro de 2022, perguntava: “Se vai ser feito mesmo o churrasco”. Cid explicou que o termo “churrasco” era uma metáfora para o golpe em andamento, sendo o apoio do agronegócio e de aliados políticos em dinheiro e recursos para manter os acampamentos de manifestantes que exigiam a ação das Forças Armadas em favor da intervenção.
Quando o ministro questionou sobre o conteúdo da mensagem e o contexto, Cid confirmou que “carne” significava, de fato, dinheiro, e que o grupo estava esperando uma ação das Forças Armadas para que o golpe se concretizasse. A resposta de Cid à cobrança de Portela, afirmando “vai sim, ponto de honra”, indicava que ele acreditava que o movimento ainda tinha chance de ser realizado, já que Bolsonaro teria mantido uma “chama acesa” de esperança no golpismo.
O envolvimento de Portela e a investigação da Polícia Federal
De acordo com as investigações, Aparecido Portela atuou como intermediário entre o governo de Jair Bolsonaro e os financiadores das manifestações antidemocráticas em Mato Grosso do Sul. Sua atuação foi fundamental para manter o movimento em apoio à ideia de um golpe, coordenando recursos e infraestrutura para os acampamentos que se formaram na região.
Embora Tenente Portela tenha sido indiciado pela Polícia Federal, ele não foi denunciado pela Procuradoria Geral da República, assim como outras figuras do PL, incluindo o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto. No entanto, o fatiamento da acusação por núcleos de atuação ainda pode resultar em novas denúncias contra o suplente de Tereza Cristina, uma vez que a investigação segue em andamento.
A defesa de Portela, por sua vez, afirmou que o político não compactua com qualquer tipo de prática ilícita ou antidemocrática e se mostrou disposto a colaborar com as investigações para esclarecer os fatos. Seu advogado também afirmou que solicitou acesso à íntegra do inquérito e que o suplente de Tereza Cristina permaneceu em silêncio em seus depoimentos à Polícia Federal.
As implicações e o futuro das investigações
O conteúdo da delação de Mauro Cid não apenas fortalece as investigações sobre a tentativa de golpe após as eleições de 2022, como também expõe como setores ligados ao agronegócio e políticos locais podem ter contribuído para ações antidemocráticas e golpistas. A continuação do inquérito pode resultar em novas denúncias e, possivelmente, em mais desdobramentos envolvendo figuras do PL e outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As investigações também revelam a tensão política e social que envolveu as semanas seguintes à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, com a radicalização de manifestantes e a pressão por uma ação das Forças Armadas para reverter o resultado das urnas. A revelação dos nomes envolvidos e das táticas usadas para financiar e sustentar esses movimentos pode mudar o rumo de futuras ações judiciais, ampliando o alcance das investigações.
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