Mato Grosso do Sul, 8 de julho de 2025
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Deputado federal do Ceará é alvo de operação da Polícia Federal que investiga fraude milionária em licitações públicas

Investigações miram suposto esquema criminoso de desvio de verbas em municípios cearenses, com bloqueio de mais de R$ 54 milhões e suspeitas envolvendo o parlamentar Júnior Mano
Deputado Júnior Mano (PSB - CE) (Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)
Deputado Júnior Mano (PSB - CE) (Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)

Na manhã desta terça-feira, 8 de julho, a Polícia Federal deflagrou uma operação de grande alcance para desarticular uma organização criminosa suspeita de fraudes em processos licitatórios e desvios de recursos públicos em diversos municípios do estado do Ceará. Com apoio técnico da Controladoria-Geral da União (CGU), a ação mobilizou agentes em seis cidades brasileiras e alcançou um dos nomes mais votados da bancada cearense na Câmara dos Deputados: o deputado federal Antônio Luiz Rodrigues Mano Júnior, conhecido como Júnior Mano.

As diligências ocorreram simultaneamente em Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé, Baixio e Brasília, onde foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal. A investigação aponta que o núcleo suspeito articulava o direcionamento de verbas públicas a municípios cearenses em troca de vantagens financeiras ilícitas, por meio de influência direta sobre processos licitatórios e contratos administrativos. Empresas ligadas ao grupo estariam sendo utilizadas para manipular concorrências e superfaturar serviços com respaldo político.

De acordo com nota oficial da Polícia Federal, os crimes investigados incluem organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com finalidades eleitorais. A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas, com o intuito de impedir movimentações suspeitas e resguardar recursos para possível reparação dos danos ao erário público.

As acusações se concentram em práticas que teriam ocorrido nos bastidores da destinação de emendas parlamentares e no controle indireto de licitações em prefeituras do interior do estado. O nome de Júnior Mano surgiu entre os principais alvos da operação após a apuração de conexões políticas com prefeitos beneficiados pelo suposto esquema, além da atuação de empresas contratadas com recursos federais cuja origem coincide com emendas vinculadas ao seu mandato.

Em resposta às denúncias, o deputado Júnior Mano divulgou nota pública negando qualquer envolvimento com irregularidades. Segundo o comunicado, ele “não exerce funções executivas ou administrativas nas prefeituras mencionadas, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos”. Ainda segundo a nota, o parlamentar afirma estar “à disposição para colaborar com as investigações e confiante na elucidação dos fatos”.

Júnior Mano foi eleito deputado federal pelo Ceará nas eleições de 2022, quando obteve 216.531 votos, sendo o segundo mais votado do estado, atrás apenas de André Fernandes. Inicialmente filiado ao Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado foi expulso da sigla em 2024, após romper com a linha partidária e manifestar apoio ao candidato petista Evandro Leitão na corrida pela prefeitura de Fortaleza. Na ocasião, Mano teria reunido mais de 40 prefeitos cearenses em um evento de apoio a Leitão, antagonizando diretamente André Fernandes, seu então correligionário.

A quebra com o PL e a aproximação com quadros do Partido dos Trabalhadores marcaram uma guinada política que provocou atritos e afastamentos no cenário cearense, sobretudo entre as lideranças conservadoras. Nos bastidores, a movimentação foi interpretada como uma tentativa de manter influência regional através da articulação com prefeitos aliados e o reforço a projetos locais, muitos deles financiados com recursos de emendas parlamentares.

Agora, o parlamentar se vê no centro de uma investigação federal que poderá comprometer sua carreira política. A Polícia Federal não descarta novos desdobramentos da operação e segue em busca de documentos, registros financeiros e trocas de mensagens que possam esclarecer o alcance da organização criminosa e o grau de participação dos envolvidos.

O caso reacende debates sobre a fiscalização na aplicação de emendas parlamentares e a urgência de mecanismos mais rigorosos de controle sobre licitações e contratos firmados em municípios de pequeno e médio porte. Especialistas apontam que o modelo atual, embora constitucional, ainda carece de maior transparência e acompanhamento, sobretudo em contextos de vulnerabilidade institucional.

Enquanto as investigações seguem em sigilo, o cenário político do Ceará observa com apreensão os desdobramentos. Nos corredores de Brasília, a movimentação já provoca reflexos, e os desdobramentos poderão impactar não apenas a imagem do deputado Júnior Mano, mas também comprometer alianças e articulações que envolvem dezenas de administrações municipais.

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