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Mato Grosso do Sul, 6 de outubro de 2024
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Desde que Bolsonaro decretou o ‘finalzinho da pandemia’, em dezembro, o Brasil já registrou mais de 73 mil mortes por Covid-19

Era dia 10 de dezembro quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou em um evento em Porto Alegre (RS) que o Brasil estava vivendo o “finalzinho da pandemia”. Hoje, 79 dias depois, a situação do país é tragica, como afirmou nesta sexta-feira (26) um diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse período, mais de 73 mil mortes por Covid-19 foram confirmadas no país, que passou dos 250 mil óbitos nesta semana.

A média móvel diária de mortes está acima dos mil desde 21 de janeiro. Segundo o boletim das 20h desta sexta-feira do consórcio de veículos de imprensa formado por EXTRA, O Globo, G1, Folha de S. Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, o Brasil chegou a 252.988 óbitos por Covid-19 e a 10.457.794 casos da doença. Naquele 10 de dezembro de 2020, o total de vidas perdidas confirmadas em decorrência da infecção pelo novo coronavírus era de 179.801, exatos 73.187 a menos. Quanto aos diagnóstico positivos, eram 6.783.477 há 79 dias, ontem havia 10.457.794, uma diferença de 3.674.317.

Na entrevista em que falou sobre a situação da pandemia no Brasil, ontem, o diretor-executivo de emergências da OMS, Mike Ryan, afirmou que o país enfrenta uma quarta onda de contágio.

Infelizmente, é uma tragédia que o Brasil esteja enfrentando isso de novo, e é difícil. Essa deve ser a quarta onda que o país volta a enfrentar, eu acho  disse Ryan, que elogiou a ação dos estados para tentar conter a alta transmissão do novo coronavírus, mas afirmou que é urgente o Brasil controlar o contágio em nível comunitário. A alta circulação do Sars-CoV-2 no país, alertou ele, já se dá há um tempo muito prolongado: Não houve um ponto do país que não tenha sido afetado de forma grave pela pandemia.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também divulgou um alerta: o Sistema Único de Saúde (SUS) vive o pior cenário de internações pela doença já observado no país. Segundo o último Boletim do Observatório Covid-19, divulgado nesta sexta-feira, com base em dados apurados no dia 22 de fevereiro, 17 capitais apresentaram taxas de ocupação de leitos de UTI para pacientes adultos infectados pelo novo coronavírus de ao menos 80%. O estudo ainda aponta que 12 estados e o Distrito Federal estão na zona de alerta crítica, com ocupação igual a 80% ou mais nas UTIs, 13 estão na zona de alerta intermediária, entre 60% e 80% (caso do Rio de Janeiro e de São Paulo), e somente o Mato Grosso está fora da zona de alerta, com menos de 60% de utilização.

Enquanto estados aumentam as medidas restritivas na tentativa de tentar conter a disseminação do novo coronavírus e evitar o colapso dos seus sistemas de saúde, o presidente voltou a contrariar as recomendações de especialistas em Saúde de manter o distanciamento social. Um dia depois do recorde de registro de mortes em 24 horas por Covid-19 no país 1.582 óbitos foram contabilizados na quinta-feira, Bolsonaro, sem usar máscara, provocou aglomerações em dois eventos no Ceará, ontem. Ao visitar obras na BR-222, em Fortaleza, ele atacou governadores que adotam medidas para restringir a circulação de pessoas, como fechar o comércio não essencial, e afirmou que esses gestores deveriam pagar o auxílio emergencial.

O auxílio emergencial vem por mais alguns meses. E daqui para frente, o governador que fechar seu estado, o governador que destrói emprego, ele é que deve bancar o auxílio emergencial. Não pode continuar fazendo política e jogar no colo do presidente da República essa responsabilidade disse Bolsonaro, que distribuiu apertos de mãos e abraços, além de posar para várias fotos com apoiadores.

Em Tianguá, onde assinou ordens de serviço de obras federais, o presidente declarou que “o povo não consegue mais ficar dentro de casa”, e sugeriu a seus opositores que vão “para o meio do povo” :

A satisfação de estar no meio de vocês não tem preço. Aos políticos que me criticam, sugiro que façam o que eu faço. Tenho um prazer muito grande de estar no meio de vocês. O que eu mais ouvi por aqui é: “Presidente, eu quero trabalhar”. O povo não consegue mais ficar dentro de casa. O povo quer trabalhar. Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão do que seu povo quer.

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