A desigualdade salarial entre homens e mulheres em Mato Grosso do Sul deu um pequeno passo para trás, no bom sentido. Segundo dados do 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios divulgado pelo Governo Federal, a diferença entre os salários caiu 1,79% desde a última pesquisa, feita em setembro de 2024. Ainda assim, a desigualdade permanece: enquanto os homens recebem em média R$ 3.909,03, as mulheres ganham R$ 2.919,14, o que representa uma defasagem de 25,32%.
Mesmo com a queda registrada no estado, os dados nacionais mostram que o país ainda engatinha nessa pauta. A média brasileira indica uma diferença de 20,87% entre salários de homens e mulheres, e o mais preocupante é que houve um pequeno aumento de 0,18% desde o último levantamento. Ou seja, a desigualdade não só persiste como voltou a crescer em algumas regiões.
Em Mato Grosso do Sul, o relatório também escancara outro problema: a desigualdade racial. As mulheres negras ganham, em média, R$ 2.551,45, enquanto as mulheres não negras recebem R$ 3.465,76. Uma diferença de 26,4% que mostra como os desafios se acumulam quando se cruzam gênero e cor da pele.
Apesar disso, o relatório também traz notícias que animam. A presença das mulheres negras no mercado de trabalho cresceu 18,2%. Hoje, já são 3,8 milhões de mulheres negras ocupando postos de trabalho em todo o Brasil. Além disso, diminuiu o número de empresas com menos de 10% de mulheres negras entre seus quadros: eram 21.680 em 2023, agora são 20.452.
Outro ponto positivo apontado é o crescimento no número de empresas onde a diferença salarial entre homens e mulheres é inferior a 5%, sinal de que algumas organizações estão começando a fazer a lição de casa quando se trata de igualdade.
Mesmo com mais mulheres trabalhando, os rendimentos ainda não acompanham esse avanço. Entre 2015 e 2024, o total da massa salarial das mulheres subiu apenas de 35,7% para 37,4%. Como explica Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, isso acontece porque as mulheres continuam ganhando menos mesmo com a participação maior no mercado.
O relatório também mostra que, quanto mais alto o cargo, maior a desigualdade. Mulheres que ocupam funções de diretoria e gerência recebem só 73,2% do salário dos homens. Em cargos de nível superior, elas ganham 68,5% do valor pago aos colegas homens. Já em funções administrativas, a diferença é um pouco menor: 79,8%.
No ranking das unidades da federação, Pernambuco aparece como o estado com menor diferença salarial entre os gêneros (9,14%), seguido por Acre, Distrito Federal, Piauí, Ceará e Alagoas. Na outra ponta, Paraná, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio de Janeiro lideram os estados com maior desigualdade, todos com diferença acima de 27%.
Durante o lançamento do 3º relatório, o Governo Federal também apresentou o Guia para Negociação Coletiva da Lei de Igualdade Salarial e o Movimento pela Igualdade no Trabalho. O objetivo é orientar empresas e sindicatos sobre como implementar políticas que realmente promovam equilíbrio nos salários.
A carta aberta “Eu apoio o Movimento pela Igualdade no Trabalho” também foi divulgada, convocando empresas, sindicatos e cidadãos a se engajarem na luta contra a desigualdade. Organizações de diversos setores, como o bancário e o industrial, já aderiram ao movimento.
Tudo isso está ancorado na Lei nº 14.611/2023, que trata da igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres. A lei determina que empresas com mais de 100 funcionários adotem práticas de transparência salarial, canais de denúncia e programas de inclusão.
Além disso, no dia 8 de abril, o Governo Federal instituiu, por meio de uma portaria conjunta publicada no Diário Oficial da União, o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens, que terá ações até 2027. O plano envolve 11 ministérios e busca garantir que as mulheres não apenas entrem, mas também permaneçam no mercado de trabalho e tenham chances reais de subir na carreira.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas Mato Grosso do Sul dá sinais de que a mudança é possível. O importante é que esse passo para frente não seja o último, e que igualdade deixe de ser meta para se tornar realidade no bolso e na vida de todas as mulheres.
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